- Ah, finalmente se entenderam. - Chay chegou perto e jogou uma bolinha de guardanapo neles que ainda estavam no maior amasso. - Já não era sem tempo.
- Da um tempo, Chay. - Micael disse abraçado com Sophia. Ela não o largaria por nada no mundo. - Nós somos um pouco complicados, só isso.
- É sim, só um pouco. - Debochou. - Agora é pra valer?
- Claro que é. - Sophia o olhou sorrindo.
- Pelo menos agora ela não precisa ir bater na Lê. - Chay falou arrancando risos de todos á mesa e deixando Sophia sem graça.
- Então quer dizer que você ia bater na Lê? - Achou graça da situação e recebeu uma careta.
- Primeiro que o nome dela não é Lê. - Falou o nome com total desprezo. - E segundo que você tava dando risinhos com ela.
- Ela me perguntou se eu estava solteiro, ai eu ri. - Deu de ombros e tomou um beliscão. - Ai, que agressão é essa?
- Se essa menina te beijasse, eu ia lá bater em vocês dois. - Cruzou os braços e fez os amigos rirem. - E eu estou falando sério.
- Então se prepara, porque eu disse a ela pra me chamar pra dançar depois.
- Essa menina que vá atrás do papa. - Bufou. - Que abusada.
- Ela é uma amiga. - Deu de ombros. - Não vejo nada demais, tá parecendo o Thiago. - Ele brincou e recebeu outro beliscão. - Viu só aprendeu direitinho com ele.
- Ela não é sua amiga, é sua ex namorada que pelo visto está doida pra te beijar. - Bebeu um pouco de refrigerante. - Nem vem com essa de amiga não.
- Ciumenta, linda. - Deu um selinho nela e ouviu uma voz conhecida ali perto.
- Mica, você namora a nerd até hoje? - Eles viram Aline parada ali perto da mesa com uma cara de nojo. - Que aposta péssima foi essa hein. - Ela riu.
- Aline, poderia ser menos desagradável. - Ele foi gentil, mas a mulher destilava veneno por onde quer que fosse.
- Desculpe, oi querida. - Sophia ficou de pé, mesmo de salto, era mais baixa e menos corpuda que Aline.
- Será que você pode sair daqui, lanchinho de todo mundo? - A mulher ergueu uma sobrancelha e deu um passo pra frente.
- A anã nerd da virgindade apostada tá querendo me encarar mesmo? - Micael ficou em pé entre as duas. - Pelo menos eu perdi a virgindade com um cara que gostava de mim e não com um idiota que apostou com os amigos.
- Aline, sai daqui, sai. - Disse calmo. - Não quero confusão e a Sophia está muito alterada hoje. - A morena riu.
- Deve estar lembrando de todas as humilhações aqui neste colégio. - Riu e saiu desfilando pra longe da mesa.
- Eu vou matar essa garota. - Saiu correndo atrás, mas Micael a pegou antes que conseguisse arrumar confusão. - Me deixa em paz, quem ela pensa que é pra fazer isso comigo! - Falava alto, mas graças ao som, só quem tava perto ouvia. - Eu quero bater nela.
- Sophia, o que está acontecendo com você?! - Lua perguntou. - Eu sei que antes era ciúme, agora a menina foi uma idiota, mas você não é de violência.
- Você não ouviu o que ela me disse? - Suspirou. - Eu quero ir embora desse lugar, eu não sei pra que eu voltei aqui.
- A festa está só no começo, Sophia. - Mel falou calma.
- Não importa, esse lugar só me traz más lembranças. - Se desvencilhou dos braços de Micael e foi andando para a entrada. Cada sentimento ruim que já sentiu naquele lugar tinha voltado depois das palavras cruéis daquela mulher.
Os dias de sofrimento, os dias de humilhação quando todos descobriram sobre o feito de Micael, tudo que ela tinha conseguido varrer pra debaixo do tapete com o passar dos anos, estava ali de novo, a atormentando.
Precisava de um pouco de ar, nunca correu tanto na vida. As lágrimas em seu rosto demonstravam parte do sofrimento que ela carregou consigo toda a vida. Se encostou em uma arvore, ainda na escola e sentou no chão gramado. Era um lindo jardim, ainda mais bonito do que na época em que estudava ali.
Depois de um tempo soluçando sem que ninguém pudesse atrapalhar, as poucas pessoas que estavam ali não a conheciam, não se importavam com ela e isso era bom naquele momento. Sophia sentiu uma pontada estranha na barriga e não sabia o que poderia ser.
Ficou de pé com alguma dificuldade, doía demais. Agora era uma boa hora pra alguém ajudar, foi andando curvada e devagar até onde pôde antes de sentar no chão de novo. Não estava aguentando.
Até que apareceu a ajuda que ela menos imaginava: Letícia. A ex namorada de Micael se aproximou quando a viu sentada no chão. - Ei, está se sentindo bem? - Até que para uma megera, sua voz era simpática.
- Não. Estou sentindo umas pontadas bem fortes na minha barriga, não consigo andar até lá dentro. - Desabafou para a única pessoa que podia ajudar no momento.
- Eu vou chamar o Micael pra te ajudar. - Sophia assentiu e viu a mulher sair correndo, desesperada. Não demorou para que não só Micael, mas todos seus amigos estivessem ali.
- Meu amor, o que está acontecendo com você? - Disse enquanto a pegava no colo. - Vou te levar para um hospital. - Falou antes que a mulher pudesse responder.
Micael entrou em seu carro e seus amigos foram em seus respectivos carros para o hospital, menos a Lua, que estava levando o carro de Sophia. Sophia foi o caminho todo com a mão na barriga, a impressão que tinha era que estava sofrendo um aborto ou sei lá o que. A sensação era horrível.
Após chegar na emergência, Micael e os amigos estavam impacientes na sala de espera. - Que merda que aconteceu com a Sophia do nada? - Micael andava de um lado para o outro.
- Será que foram aqueles salgadinhos da festa? - Chay falou de um canto.
- Só sei que esse medico tem que aparecer logo. - E como passe de magica, lá estava o medico se aproximando deles.
- Quem acompanha Sophia Abrahão? - Disse após olhar o nome na prancheta e Micael se aproximou. - Ela está bem.
- Mas o que aconteceu? - Era o que mais queria entender. - Sophia quase sofreu um aborto, ela teve até um pouco de sangramento, mas nada que possa atrapalhar a conclusão da gestação. - Micael tinha os olhos arregalados, não conseguia falar nada. - Ela deve ter tido uma descarga emocional muito grande para afetar o bebê dessa maneira.
- Podemos vê-la? - Lua perguntou já que da boca de Micael não saia nada.
- Ela está sedada, mas podem ficar no quarto com ela. Deve acordar em algumas horas. - Lua assentiu. - Está no quarto trezentos e quatorze. Se me dão licença. - Eles acenaram com a cabeça e o medico se foi.
- Reage, Micael. - Arthur falou estalando os dedos na frente de Micael.
- Vocês ouviram a mesma coisa que eu? - Sorriu quando finalmente saiu do transe. - Eu vou ser pai. - E estava pronto pra fazer um escândalo naqueles hospital...
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Virada [EM REVISÃO]
RomansaQue o mundo dá voltas, todo mundo sabe. Mas você vai esperar que isso aconteça justo com você? Que todo o mal que foi feito com brincadeiras estupidas no ensino médio fosse atrapalhar a sua vida anos depois? Que fosse se apaixonar pela maior vitim...