- Eu não posso fazer isso com a minha filha, mãe. - Sophia se sentia extremamente culpada por ter se tornado ausente enquanto a menina crescia. - Eu com essa minha mania de trabalho, nunca cuidei da Júlia como o Thiago cuidava. Eu não posso fazer isso com ela.
- Sophia, a Júlia tem só quatro anos. - Branca falava baixo agora. - Vai ser muito pior se esse cara conseguir fazer alguma coisa com você e ser preso, porque ai a Júlia vai crescer sem pai e sem mãe.
- Cruzes. - Ela disse assustada. - Nada vai me acontecer, o Thiago já me deixou em paz.
- O Thiago nunca vai te deixar em paz. - Jhenny sussurrou. - Essa é a verdade, você pode querer ficar com o Micael, mas ele vai estar sempre ali, atormentando.
- Nossa, vocês estão exagerando demais. - Sophia se pôs de pé. - Thiago vai encontrar alguém.
- Quero saber quem é a maluca que vai aceitar tudo que você aceitava. - Branca riu. - Acho que só você mesmo, garota.
- Ele vai ter que mudar e amadurecer. - Respirou fundo pela boca. - Realmente ninguém vai aturar ele. - Seu telefone tocou e ela sorriu e atendeu sem nem olhar o nome no visor. - Alô! - Sua voz extremamente empolgada ao achar que era Micael.
- Oi, Sophia. - Ela fechou a cara quase que imediatamente. - Como está a Júlia?
- Está ótima. - Foi seca. Imaginava Thiago sozinho naquele apartamento enorme. - Está comendo.
- Será que eu posso falar com ela? - Ele tinha a voz baixa e monótona, Sophia imaginou que estivesse chorando.
- Olha, eu acho melhor não. - Olhou a mãe e a irmã que estavam fazendo careta. - A Júlia precisa se acostumar com as coisas ainda.
- Sophia, eu não vou ficar distante pra menina achar que eu abandonei ela. Eu vou continuar ligando, eu vou visitar. Ela é minha filha, você querendo ou não. - Aumentou o tom de voz, mas não chegou a gritar. - Eu não tive a chance de me despedir da menina.
- Thiago... - Ela ia começar a falar, mas ele foi mais rápido.
- Thiago nada, eu não quero saber o que você anda fazendo da sua vida, se está ficando ou namorando com aquele cara, mas a Júlia é minha Sophia.
- A Júlia não é um objeto. - Rebateu.
- Exatamente, ela não é um objeto. - Suspirou. - Você não pode aparecer na escola dela e pegar a menina assim. Você sempre foi ausente pra ela, ai resolve pegar a menina pra você como se os sentimentos dela não significassem nada.
- É claro que significam. - No fundo, se sentia culpada. - Mas você é perigoso e eu não vou deixar minha filha sozinha com você.
- Ah, tá. Porque eu vou fazer mal a pessoa que eu mais amo na minha vida, certeza. - Ele bufou.
- Eu nunca acreditei que você fosse me fazer mal e você quase me matou. - Sua voz agora era triste. - Eu sempre confiei em você mesmo sabendo que você era esquentadinho eu nunca acreditei que você tentaria me matar, Thiago.
- Você me traiu, Sophia. - Sua voz era de nojo. - Você vinha me enganando por mais de dois meses. - Parou de falar e respirou fundo. - Eu sei que nada nunca vai justificar e que você nunca vai me perdoar, mas a Júlia não merece sofrer com isso.
- É a única pessoa que não tem que sofrer com isso. - Pelo menos em uma coisa eles concordavam.
- Então, chame aquele idiota que fica andando atrás de você como guarda costas se isso te deixa mais segura, mas eu quero me despedir da minha filha. - Sophia já estava quase que convencida. - Nem vem com desculpas, eu sei que meu pai liberou ele do trabalho hoje. Quando eu sair daqui da empresa, eu passo ai pra falar com ela. - Desligou o telefone antes de Sophia responder. Ela ficou parada olhando o celular.
- O que foi essa conversa ridícula? - Branca estava sem paciência pra Sophia molenga. - Lavando roupa suja?
- Ele vai vir aqui... - Ela não queria aquilo, mas sua filha precisava conversar com ele. - Quer falar com a Júlia.
- Sophia, eu não acho uma boa ideia. - Branca alertou. - E se for uma armação?
- Mãe, ele mandou até eu chamar o Micael se for pra me sentir segura. - Deu de ombros. - Ele está sofrendo a separação tanto quanto a Júlia.
- Ainda mandou chamar o Micael? Juntar todo mundo que ele odeia? - Ela colocou a mão no queixo. - Isso só me parece mais armação ainda.
- Claro que não, você acha o que? Que ele vai vir armado e matar todo mundo? - Branca arregalou os olhos, era exatamente o que achava. - Ai meu Deus mãe. Vou pedir aos seguranças do condomínio pra revistar ele então?
- Eu só acho perigoso. - Ela deu de ombros. - Você devia chamar a policia enquanto ainda há tempo.
- Deixa de drama. - Ela foi andando para a cozinha. - Vai dar tudo certo. Nem vou chamar o Micael.
- Ah, pronto. - Rolou os olhos. - Três mulheres, uma criança e um psicopata agressivo. Certeza de que vai ficar tudo bem. - Debochou e Sophia nem se deu ao trabalho de responder, foi falar com a filha.
- Filha. - A menina encarou a mãe com seus lindos olhos azuis. - Seu pai vai passar aqui pra falar com você hoje, depois do trabalho. - Sophia observou o rosto da menina se iluminar. Ele era um doido, mas sabia ser um bom pai.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Virada [EM REVISÃO]
RomanceQue o mundo dá voltas, todo mundo sabe. Mas você vai esperar que isso aconteça justo com você? Que todo o mal que foi feito com brincadeiras estupidas no ensino médio fosse atrapalhar a sua vida anos depois? Que fosse se apaixonar pela maior vitim...