Virada [EM REVISÃO]

Virada - Capítulo 136

Sophia entrou em desespero quando acordou pela manhã e percebeu que estava sozinha na casa. Thiago havia saído e levado Cléo, começou a chorar desesperada, aquilo não podia terminar daquela forma. Tentou abrir a porta da frente, mas não tinha nada suficiente forte para que ela conseguisse quebrar o imenso cadeado que a mantinha presa ali. Só restava esperar. 

Sentou na mesa da cozinha orando e pedindo a Deus para que o doente não fizesse nada a sua filha. Já não tinha mais lagrimas pra chorar quando ouviu a porta se mexer, ela levantou tão rápido e voou pra cima de Thiago com tanta agressividade que ele deixou a sacola de papel com algumas compras cair no chão. 

- O que você fez com a minha filha, seu imbecil? - Sophia gritava e chorava tentando achar um modo de machucar aquele filho da puta. - Ela é só uma criança, ela não tem nem doze anos. Ela não merece isso. 

- Sua filha? - Ele a segurou forte para que parasse de estapeá-lo - Que eu saiba a única filha que você tem não estava aqui. 

- Vamos parar com esse joguinho estupido, você não é tão doido assim Thiago, você sabe muito bem que aquela menina é minha filha com o Micael. Eu cansei disso, cansei de deixar você encostar em mim, cansei de fingir. Eu amo o Micael, você é só um passado nojento que não me deixa em paz. Agora me diz de uma vez por todas: ONDE ESTÁ A MINHA FILHA?! - Thiago não respondeu, ele deu um tapa tão forte em Sophia que ela chegou a cair. 

- Eu achei que a gente estava se dando bem aqui no nosso mundinho. Achei que você estava começando a se acostumar com nossa vida de casados de novo. - Ele sorriu e se agachou perto de Sophia, fazendo carinho em seu rosto que tinha acabado de bater. - Eu fui até o mercado, trouxe umas coisas que você gosta de comer, trouxe frutas, ia te fazer um café da manhã surpresa. Mas você não merece nenhuma consideração. Como você tem coragem de dizer na minha cara que ama outra pessoa?

- Porque eu já cansei disso. - Rangeu os dentes. - Você me sequestrou e até agora eu não sei nem como, não consigo me lembrar. Você trouxe a minha filha, você me estuprou com a Cléo do lado praticamente ouvindo tudo. Como que ela vai crescer tendo passado por tudo isso. Eu odeio você Thiago. Eu tenho nojo de você. 

- Você não tem nojo de mim, vamos ter um filho. - Ele sorriu. - É a nossa chance de recomeçar. 

- Que filho coisa nenhuma, eu não suportaria saber que tem um filho seu dentro de mim. Eu vomitei ontem porque eu não suporto que você me toque. É uma tortura. Se quiser me matar, aproveita que a hora é essa! - Espumando de raiva ele puxou Sophia pelo braço e a levou para o quarto. 

- Você quer saber o que eu fiz com aquela pirralha ridícula? - Apertou suas bochechas e sentou em cima do seu quadril. - Eu tirei ela daqui no meio da noite e levei ela pra dar um passeio. 

- Seu filho da puta. - Se debateu embaixo dele, ele achava graça. - Eu vou matar você, Thiago. Com as minhas mãos, igual você tentou fazer comigo. 

- Não viaja, eu amo você. - Ele suavizou a expressão. - Apesar de tudo que você me disse, nós podemos voltar a ficar juntos. 

- Fala sério, você me sequestrou, você me chantageou, você abusou da minha filha. Deixa de ser ridículo. E você tem esposa, por que essa obsessão comigo, Thiago? Que porra eu fiz pra você? 

- Você já reparou como a Fabiana é linda que nem você? - Saiu de cima de Sophia e a soltou. - Ela é sua gêmea. 

- Pronto, perdeu o ultimo parafuso que tinha. - Ficou de pé e se afastou dele. - De onde você tirou isso? 

- Sua mãe contou pro meu pai, ele acabou me contando isso, mas foi antes de você decidir que amava outro homem! - Alterou a voz. - Nós ainda estávamos casados, nós eramos felizes, eu, você e  a nossa bebê. Eu sinto tanta falta daquele tempo. - Sophia rolou os olhos. - Eu sei que eu fiz tudo errado, mas eu fiquei louco de ciumes daquele cara. 

- Continua falando da Fabiana. - Ela pediu, mas já era tarde demais, ele já estava descontrolado de novo, a prendendo contra parede. 

- Se você não quer ficar comigo, você não vai ficar com ninguém, meu amor. - Apertou cada vez mais. - Eu te amo tanto, me desculpa. - Colou sua testa na dela e em seguida lhe deu um beijo. - Me desculpa. 

Thiago não sabe ao certo quanto tempo levou pra Sophia apagar completamente. Deixou ela no chão e se sentou na cama. O que faria agora sem ela?

Não teve tempo pra pensar em nada, ouviu passos e instantes depois, alguns policiais invadiram a pequena cabana que eles estavam há pouco mais de uma semana. Ficou de pé e ergueu as mãos, assustado. Não tirava os olhos de Sophia no chão, o que vinha a seguir? 

O som de gotas incessantes pingando era tudo o que se ouvia naquele quarto. No sofá, Micael dormia desconfortavelmente por algumas horas, aquilo com certeza lhe causaria uma dor nas costas insuportável. 

Branca entrou no quarto fazendo um barulhão, felizmente a loira deitada permaneceu de olhos fechados, ao contrario de Micael que levantou no susto e logo em seguida olhou Branca de cara feia. 

- Isso é jeito de entrar no quarto, Branca? - Coçou os olhos depois de um bocejo. - A Sophia tem que descansar. 

- Eu precisava ver a minha filha. - Ela se aproximou e mexeu no cabelo da filha. - Não ia aguentar esperar mais. 

- Tudo bem, mas podia ter sido sútil. - Ele olhou a esposa. - Sophia deve ter passado por muita coisa, ela precisa dormir. 

- Eu sei que ela precisa, mas eu precisava vir. - Encarou Micael. 

- Vocês estão mesmo brigando em um quarto de hospital? - Sophia disse com a voz baixa, quase inaudível. 

- Meu amor, como se sente? - Perguntou segurando a mão da loira que agora tinha seus olhos azuis abertos.  

- Minha garganta dói. - Sua voz falhou. - Dói muito.  

- Vai melhorar, minha filha. - Branca fez mais carinho em sua cabeça. - Vou chamar o médico. - Saiu do quarto quase que correndo. 

- O que aconteceu? - Disse com a sua voz baixa e rouca, e Micael soltou um longo suspiro sem saber por onde começar a contar aquela história.