Virada - Capítulo 78

291 19 11
                                    

- Mais um dia maravilhoso de muita papelada pra ler e planilha pra fazer. - Sophia rolou os olhos após dizer aquela frase num tom bem humorado. Estava dentro do elevador com Micael que soltou uma leve risada devido ao comentário da namorada. 

- Mal posso esperar. - Foi apenas o que respondeu, não estava tão bem humorado assim. Caminharam para a sala de mãos dadas, cumprimentaram as pessoas que já haviam chegado e finalmente se sentaram. - Não sei nem por onde começar, pra ser sincero parece que a gente trabalha, trabalha, trabalha e sempre tem um monte de coisa pra fazer. 

- Ainda bem né, se não tivesse um de nós dois ia ser demitido. - Sorriu. - E me desculpe dizer, mas não ia ser eu. 

- Ela joga na minha cara o fato de ser queridinha do chefe. - Debochou. Antes que pudessem falar mais alguma coisa ouviram o toque do celular de Micael ecoar pela mesa. Ele sorriu ao ver o nome de Duda no visor, reluzindo. - Ei, Duda. - Ele não olhou para Sophia, mas sentia que ela estava fazendo uma careta para aquela ligação. 

- Ei, Mica! - A amizade dos dois se tornara bem forte no tempo em que ele tivera sido companheiro de Vanessa. - Estamos marcando uma resenha aqui em casa hoje, fiquei encarregada de fazer com que você venha. 

Micael soltou um suspiro tão pesado que sua amiga até bufou ao outro lado da linha. Ele sabia que ir a uma resenha na casa de seus amigos era cem porcento de certeza de estresse, visto que sua ex, Vanessa, também morava no mesmo apartamento. Procurou em sua cabeça algo que pudesse usar como desculpa para não ir. 

- Nem adianta suspirar. - Duda interrompeu seus pensamentos. - Sei que você e a vanessa não se dão bem, mas uma hora vocês vão ter que superar tudo que aconteceu. 

- Não se dar bem é um jeito super meigo de falar né. - Rolou os olhos mesmo que a mulher não pudesse ver. 

- Micael, você tem que vir. - Implorou. - Traga sua namorada. Vai ser legal. - Micael olhou para Sophia que a todo momento tentava entender sua conversa ao telefone. - Se você disser que não, eu vou ter que pedir a Vanessa pra chamar a Sophia e ai você não vai ter escolha. 

- Meu Deus do céu, Eduarda! - Falou o nome dela menina de forma grosseira, mas em seguida soltou um sorriso de leve. - Você ganhou, vou falar com a Sophia e em seguida eu te mando uma mensagem. 

- Oba, oba, oba! - Ele sabia que ela devia estar dando pulinhos pela sala. - Até mais, pode vir direto dai do seu trabalho, vamos estar te esperando. 

- Ainda não confirmei. - Ela não deixou que o tom de voz dele abalasse sua euforia. 

- Eu sei que vai! - Mandou um beijo estalado pelo telefone e desligou sem dar chance a Micael reclamar mais uma vez. Ele ficou encarando o celular até que Sophia falou e o tirou do transe. 

- O que você vai falar comigo? - Ergueu uma sobrancelha, estava curiosa, mas tentava esconder ao máximo. 

- Vai rolar uma resenha na casa do pessoal mais tarde. - Deu de ombros como se não fosse nada importante. - Mas não se preocupe, eu vou mandar mensagem pra ela daqui a pouco dizendo que não vamos. 

- Mas por que não vamos? 

- Você está afim de ir? - Foi a vez dele erguer a sobrancelha. - Pensei que você tinha ciume dela. 

- Não tenho ciume de ninguém. - Ela disfarçou e pela primeira vez no dia Micael deu uma gargalhada. 

- Claro que tem, se tem uma coisa que você tem, é ciume. - Continuou a gargalhar. - Principalmente dela, desde que  me viu tomando sorvete com ela. 

- Você está exagerando. - Encarou os papéis a sua frente. - Não sou tão ruim assim. Talvez só um pouco. 

- Sabe o que eu acho engraçado. - Ele apoiou o cotovelo na mesa e sua cabeça sobre a mão. - Você tem ciume da Duda que sempre foi minha amiga, mas não tem ciume da vagabunda. 

- É claro. - Admitiu não muito feliz. - Você não suporta a Vanessa, duvido que vai querer ficar com ela de novo. Diferente da Eduarda que é só amor. - Fechou a cara pra Micael com essa ultima frase. 

-  Para de ser boba que eu só tenho olhos para você! - Sorriu. - E bom, eu não quero ir a resenha por causa da sua amiguinha. 

- Micael, se todo mundo lá é seu amigo, qual o problema? - Sacudiu a cabeça, sabia exatamente qual era o problema, então reformulou a frase antes que ele respondesse. - Você vai abandonar seus amigos por causa dela? Se você gosta deles, até mesmo da Eduarda. Não se afaste por causa dela. 

- Eles já eram amigos dela antes deu aparecer né. Não posso exigir que ela não esteja nos rolês. 

- Pois então finja que a presença dela não altera nada. - Deu de ombros. - Você vai ter que superar isso. Vai te fazer bem. 

- Eu não consigo fingir, eu a vejo e já da vontade de xingar imediatamente. - Sophia riu. 

- No dia que encontramos eles na rua você fingiu que ela não estava ali. 

- Por o que? Dez minutos? - Ergueu uma sobrancelha. - Fazer isso na casa dela, em uma resenha vai ser impossível. Primeiro porque a gente sempre fazia isso, era um costume. Estranho fazer agora depois de tudo o que aconteceu. 

- Então façamos um trato. - Ele a encarou apreensivo. - Nós vamos, ficamos dez minutos, se você não se sentir bem, eu invento uma dorzinha e a gente vai embora. Fechado? - Ele sorriu. 

- Fechado! - Ele riu. - Você é uma pilantra. - Eles estavam rindo quando Osvaldo entrou na sala com uma cara de poucos amigos. - O que aconteceu? 

- Que bom que estão felizes. - Se referiu as risadas pouco antes de entrar e interromper. - Porque a noticia que eu tenho vai mudar o humor de vocês rapidinho. 

- O que aconteceu? - Sophia ficou de pé, uma das mãos na barriga. 

- Thiago fugiu da clinica mais cedo. - E o silencio reinou na pequena sala. 

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora