Virada - Capítulo 92

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Já passava das nove quando a campainha do apartamento de Micael tocou em pleno sábado. Ele sorriu achando que Sophia tinha mudado de ideia e tivesse decidido ficar com ele. 

Enrolado na toalha após sair do banho correndo para atender a porta, seu sorriso se fechou quando viu que a mulher que estava parada á sua porta era Duda e não Sophia. A mulher com o black impecável e roupa casual o olhou de cima a baixo demorando-se nos detalhes do corpo musculoso de Micael. 

O cabelo bagunçado estava um charme com algumas gotas que desciam pela sua cabeça e escorriam pelo seu pescoço. Ele desfez a careta de decepção que se formou após abrir a porta e forçou um sorriso á sua amiga. 

- Oi Duda, que surpresa. - Conseguiu dizer e a mulher abriu um sorriso. 

- Exatamente isso que eu quis fazer, uma surpresa. - Ela tinha um sorriso caloroso. - Trouxe uma pizza, como antigamente. - Levantou a caixa que só agora Micael tinha percebido que existia. - Estou precisando tanto conversar com um amigo. - Ele ficou um pouco desnorteado antes de sair do caminho e permitir que a mulher entrasse em apartamento. 

- Fica a vontade aqui, eu vou me vestir. - Apontou para o sofá e deu passos apressados para o quarto, precisava se vestir. 

Ele sabia que aquilo causaria uma briga imensa com Sophia quando ela descobrisse, e não sabia como, mas ela sempre descobria as coisas, então tentou se adiantar e ligar para avisar, mas não teve sucesso, ela não atendeu. Tentou mais algumas vezes antes de ir para a sala, já devidamente vestido. 

- Duda, eu não sei se é uma boa ideia você estar aqui num sábado á noite. - Ele disse decidido a não arrumar mais confusão com sua namorada. - Eu sei que a Sophia vai arrumar uma mega briga comigo quando descobrir isso. 

- Micael, nós somos amigos há anos. - Arregalou os olhos e se pôs de pé. - Isso é ridículo. 

- Eu sei, mas eu prometi a Sophia. 

- Olha, você não pode abandonar os seus amigos por causa de namorada. - Colocou as mãos na cintura, brava. - Não estamos fazendo nada,  essa mulher tem que confiar em você. 

- Eu sei que tem, mas ela tá gravida e faz muito mal para o bebê ela ficar se irritando. - Ele deu de ombros se aproximando da mulher. - Eu não quero fazer ela parar no hospital de novo como já fiz. 

- Ela que é ciumenta demais. - Rolou os olhos. - Não é você que tem que mudar, ela tem que se preocupar com a vida do bebê dela também. 

- Duda, eu não quero discutir a minha relação com a Sophia. - Suspirou olhando a caixa da pizza sobre a mesinha de centro. - Eu te amo, você sabe disso, mas a Sophia vai ser a minha mulher, é da minha familia que estamos falando. 

- Micael, eu preciso de você. - Seus olhos se encheram de lagrima e partiram o coração de Micael, ele não suportava ver mulher chorando. - A Vanessa brigou comigo, eu não tenho mais nenhuma amiga nessa droga de cidade, eu estou sozinha. 

- A Vanessa brigou com você? - Fez uma careta. - Vocês nunca brigam. 

- Pois é, mas a sua namorada tá afastando não só você de mim. - Seu tom continha muita raiva e Micael engoliu em seco. 

- Ei, calma. - Se deu por vencido e sentou no sofá. - O que aconteceu? - Pegou um pedaço de pizza. Só comendo pizza para fazer a briga de amanhã valer um pouco a pena. 

- Sophia foi falar pra Vanessa que eu estou interessada em você e ela acreditou. - Balançou a cabeça sem acreditar naquilo. - Micael, ela me deu um soco na cara. 

- Ela o quê? - Engasgou. - A Vanessa te bateu? 

- Pois é. - Suspirou. - E agora não quer falar comigo. Eu é que não deveria falar com ela, mas mesmo assim eu tentei fazer as pazes. 

- Rapaz, então quer dizer que a Vanessa é boa de briga? - Soltou uma risada e a menina a acompanhou. - Imagina se ela soubesse que foi você que me contou a historia da traição. 

- Ei, nem fala isso! - Arregalou os olhos. - Ela termina de me matar. 

- Não vou contar. - Deu de ombros. - Vamos ver um filme, para de chorar. - Secou as lagrimas da amiga. - Depois eu te levo em casa. 

- Vamos. - Sorriu. - Obrigada, Micael. - O abraçou e ele ficou meio sem reação antes de abraça-la de volta. 

- Bom, escolhe ai. - Jogou o controle pra ela e se levantou. - Vou buscar um refri pra gente ali em baixo. 

- Você vai sair? - Ficou de pé também. - E me deixar aqui sozinha? 

- Não se preocupe, é aqui na esquina. Comer pizza seca não da né? - Pegou a carteira e a chave e saiu porta a fora. 

Eduarda foi em todos os cômodos, deitou na cama de Micael, mexeu no armário para cheirar suas roupas, aproveitou cada segundo de liberdade antes da campainha tocar. Ela viu Micael pegando as chaves, então não poderia ser ele, deveria ser Sophia. 

Ela sorriu com a possibilidade e foi até o olho magico constatando que era a loira do outro lado da porta. Eduarda não pensou duas vezes antes de tirar a blusa e jogar no chão da sala e abrir a porta de sutiã. 

Os olhos de Sophia a varreram e ela demorou um tempo até ter qualquer reação, isso deu tempo de Duda correr para vestir a camisa. Sophia andou até a sala e viu a caixa da pizza, as almofadas do sofá espalhadas. Não pensou duas vezes e foi correndo até o quarto, onde encontrou a cama bagunçada. Aquilo só podia ser um pesadelo. 

- Cadê o Micael? - Sua voz estava sufocada, ela prendia as lagrimas, aquilo não estava acontecendo. 

- Calma Sophia, não é nada do que você está pensando. - Ela soltou com um sorriso mal disfarçado. 

- Eu quero saber onde está o Micael. - Repetiu em tom de afirmação. - Responde, vagabunda! - Estourou com aquela cínica. 

- Ele saiu há pouco tempo, foi comprar... - Mas antes que terminasse, Sophia ergueu uma mão para que ela se calasse, não queria saber o que ele tinha ido comprar. 

Sophia voltou pra sala com passos largos e respirando fundo. Estava a ponto de quebrar aquele apartamento inteiro quando Micael passou pela porta com uma coca de dois litros. Quando ele viu sua namorada ali, sabia que tudo tinha dado merda. 

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora