Sophia não conseguiu esconder a felicidade pelos dias que vieram. Ela já se preparava para voltar ao trabalho, seu mês de férias havia passado voando. Ainda não tinha desenrolado o namoro com Micael, mas ela estava super feliz do jeito que estavam. Sua filha já estava acostumando com a casa da avó, mas toda vez que ia passar o final de semana com Thiago, não queria ir embora, e isso sempre era um problema.
- Vamos, Júlia. - Ela dizia pra filha que comia cuscuz no café da manhã. - Não quero que nos atrasemos.
- Estou indo, mamãe. - A jovem menina deu uma golada em seu suco e saiu da mesa indo dar a mão a mãe. - Tchau vovó e titia! - A menina disse com a voz fofa.
- Tchau, minha gata. - Branca andou até ela lhe dando um beijo na testa como fazia toda manhã. - Hoje quem vai buscar você é a tia Jhenny. Tá bom? - A menina encarou a mãe.
- Por que você não vai mamãe? - Fez uma carinha triste, já tinha acostumado com sua mãe a buscando.
- Porque as férias da mamãe acabaram e agora eu tenho que voltar a trabalhar, filha. - A menina formou um bico imenso e arrancou um suspiro de Sophia. - Eu não vou trabalhar tanto quanto antes, pode ficar tranquila. Terei tempo para brincar com você.
- Tá bem. - Foi andando para a porta da frente e Sophia se despediu da familia e a seguiu. Prendeu o cinto em sua filha e entrou no carro. - Eu estou com saudades do meu papai.
- Filha, hoje é segunda feira, você estava com ele ontem. - A menina assentiu.
- Eu tenho saudade é de todos nós juntos. - Armou cara chorosa e Sophia não respondeu, aquele assunto era bastante delicado. - Eu era mais feliz.
- Filha, você precisa se acostumar com a nossa realidade. - Tirou o carro da garagem. - Morar com o seu pai, não vai mais acontecer. - A menina não respondeu mais, Sophia ficava olhando pra ela pelo espelho retrovisor interno o tempo todo até chegar na creche. - Meu amor, eu quero que você fique bem. - A menina assentiu. - Mamãe te ama. - Deu um beijo na filha. - Eu também te amo, mamãe. - Júlia caminhou pra dentro da creche e o coração de Sophia apertou. Ela suspirou algumas vezes antes de voltar para o carro e ir para a empresa.
Ela tinha se preparado psicologicamente para encontrar Thiago depois de tanto tempo sem vê-lo, mas nem mesmo toda preparação a deixaria tranquila naquele primeiro dia. Saber que Micael vai estar lá a deixava um pouco aliviada.
Sophia validou seu crachá na entrada novamente e subiu. Cumprimentou algumas pessoas que conhecia e foi direto para sua sala, o ambiente familiar a deixava mais tranquila. Micael não estava ali e ela estranhou.
Sentou em sua cadeira e olhou os papéis em cima, precisava se colocar a par de tudo que tinha acontecido em suas férias. Começou a ler e logo a porta da sala se abriu em um rompante fazendo-a se assustar.
- Puta que pariu, Micael! - Exclamou com a mão no peito, tinha tomado um susto daqueles. - Precisava disso tudo? - Fez cara de brava, Micael não se importou, estava rindo com um copinho de café na mão.
- Tomou susto é, linda? - Se aproximou e colocou o café na mesa dela. - Me desculpe. - Prendeu o riso.
- Tá nem um pouco arrependido. - Deu um tapinha em seu ombro. - Posso saber porque o senhor não estava trabalhando quando eu cheguei?
- Ah, pronto. - Cruzou os braços. - Já vai chegar me dando os esporro.
- Eu sou sua chefe ainda, meu amor. - Eles se encararam e depois acabaram caindo na risada.
- Chefe gata demais. - Se aproximou e a abraçou. - Já estava com saudade dessa chefe.
- Para de dar em cima de mim. - Ela se afastou rindo. - Aqui não é lugar.
- Tudo bem, tudo bem. - Levantou as mãos e foi para sua mesa. - Eu fui pegar um café pra você. - Apontou para o copo que estava sobre a mesa dela.
- Gentil demais. - Pegou o copo e bebericou seu café. - Um amor.
- Eu sei, sou um fofo. - Ela caiu na gargalhada.
- É tão bom voltar a trabalhar, no fundo eu já não aguentava mais ficar em casa.
- E eu não aguentava mais ficar longe de você! - Sorriu sem graça.
- Já disse pra não dar em cima de mim aqui. - Ele assentiu.
- É que eu não aguento, você é maravilhosa demais. - Antes que ela reclamasse de novo ele completou. - Antes de começarmos a trabalhar, eu encontrei o Osvaldo na maquina de café e ele pediu que você fosse até a sala dele quando chegasse.
- Ai não! - Botou uma mão na cara. - Eu não quero andar pela empresa e encontrar o Thiago por ai. - Ela falou com a voz engraçada e despertou risos de Micael.
- Ele ouviu Osvaldo dizendo que você voltava hoje, minha linda. Certeza que vai aparecer pra falar com você.
- Eu mereço. - Abaixou a cabeça na mesa. - Quanto antes melhor.
- Exatamente, ai podemos trabalhar em paz. - Ela se levantou e saiu da sala, andou super rápido porque não queria dar de cara com seu ex-marido. Adiantou? Não!
- Sophia? - Ouviu a voz lhe chamar quando estava quase chegando. Tinha certeza que ele estava vigiando a sala do pai para ver a hora que Sophia passaria por lá.
- Thiago. - Sua voz não tinha a minima emoção. Ela se virou e o encarou.
- Vejo que melhorou, que bom. - Com vergonha desviou o olhar.
- Melhorei por fora, porque por dentro continua bem aberta a ferida que você me causou. - Disparou fazendo com que Thiago se encolhesse. - Não quero conversar com você.
- Sophia, não é possivel que não consiga me aturar por cinco minutos. - Ele deu um passo para se aproximar. - Eu sei que fui um idiota, mas nós ainda somos casados, nós temos uma filha. O minimo que podemos fazer é nos dar bem, por ela.
- "Nós ainda somos casados" - Repetiu em tom de deboche. - Podemos resolver esse problema quando você me der o divorcio.
- Nem morto. - Respondeu rápido e um pouco alto, arrancando um suspiro de Soph. - Você não pode me pedir isso. Tem só um mês que tudo aconteceu. As coisas ainda podem se resolver. Pensa na Júlia.
- Você pensou na Júlia enquanto apertava meu pescoço? - Encarou o ex. - Eu acho que não. Então colabora e me da o divorcio. - Depois dessa frase, ela deixou Thiago sozinho e entrou na sala de Osvaldo.
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Virada [EM REVISÃO]
RomanceQue o mundo dá voltas, todo mundo sabe. Mas você vai esperar que isso aconteça justo com você? Que todo o mal que foi feito com brincadeiras estupidas no ensino médio fosse atrapalhar a sua vida anos depois? Que fosse se apaixonar pela maior vitim...