- Eu não acredito nisso! - Micael disse com olhos arregalados e Sophia fechou um pouco o sorriso.
- Eu pensei que você fosse ficar um pouquinho mais empolgado por mim. - Desabafou após cruzar os braços.
- Eu estou feliz por você sim. - Apertou a ponte do nariz.
- Então qual é o problema?
- O problema é que você é péssima chefe. - Deu de ombros e Sophia abriu a boca em protesto, mas não disse nada. - Sophia, você quando está com raiva de mim desconta aqui no trabalho, imagina sendo chefe de tudo?
- Eu não sou assim. - Se defendeu como se fosse uma criança mimada.
- É assim sim. - Rebateu. - Você não sabe escutar as pessoas, tudo tem que ser a sua maneira. Você acha realmente que está preparada pra assumir a presidência desse lugar? Osvaldo está colocando o amor dele por você acima de tudo.
- Micael, eu não acredito que você pensa isso de mim.
- Ué, mas é verdade. - Deu de ombros. - Você é muito inteligente, você é esforçada, mas o seu lado que lida com pessoas é péssimo. Já parou pra pensar que você vai lidar com gente que você não gosta? Que quando as pessoas falarem algo que você não gostar, você vai ter que responder como uma adulta e não brigar e gritar como você faz comigo?
- Eu vou aprender tudo isso! - Praticamente gritou ao marido que apenas rolou os olhos como quem dizia "está vendo aí?" - O Osvaldo disse que quer se aposentar depois que casar. Ele vai me ensinar tudo o que eu preciso saber e o que eu precisar de ajuda é só ligar pra ele, você podia acreditar no meu potencial.
- Meu amor, eu acredito que você é mais do que capaz! - Segurou em seus braços. - Você não ouviu o que eu falei?
- Eu não quero é ouvir mais nada. - Se livrou dos braços do Micael que suspirou com mais aquela birra.
- Casal, vamos parar de brigar, por gentileza! - Natália se intrometeu e os dois olharam pra ela. - É um motivo de alegria, eu fico aqui, Soph promovida. Vocês não precisam brigar.
- Ninguém aqui está brigando. - Sophia respondeu antes de deixar os dois sozinhos na sala. Micael deu um soco na mesa.
- Não é possivel que eu esteja errado de novo. - Fez uma careta e Natália segurou o riso. - Isso não é engraçado não. - Ele falou sério, mas logo estava prendendo o riso também.
- Eu não acho que você esteja errado. - Ela ficou séria. - Mas eu acho que você foi um pouco duro ao dizer as coisas dessa forma.
- Natália, eu falo essas coisas pra Sophia desde que estamos juntos. - Ele deu de ombros. - Teve uma vez que ela se irritou comigo porque eu estava de ressaca, sendo que foi ela que me liberou pra beber. Ela incentivou. Ai de manhã brigou comigo, estávamos em cima da hora, ela disse que me queria aqui de terno e sem atraso. Eu estava na casa dela e sem carro. Você percebe que ela não consegue separar os assuntos pessoais dos profissionais?
- Eu percebo isso, mas a forma como você falou... - Ela hesitou. - Você é marido dela, ela esperava uma reação mais positiva.
- Exatamente, eu sou marido, eu tenho que falar as verdades pra ela melhorar. Eu já tentei falar de tantos jeitos fofos, mas não entra na cabeça dela. Igual sobre a Júlia, parece que a menina nem existe. Já falei mil vezes, mas entra num ouvido e sai no outro.
- Bom, eu não posso me meter nos assuntos de vocês, mas continuo achando que você poderia ter pegado mais leve. Ela vai ter aulas com o Osvaldo.
- Aulas. - Debochou. - Uma pessoa com vinte e oito anos não vai mudar os hábitos do nada não. - Olhou a planilha não terminada em seu computador. - E quer saber, vamos trabalhar que agora a Sophia não trabalha mais no nosso setor.
Sophia não voltou mais a sala de Micael e Natália até a hora de ir embora. Ela tinha puxado uma cadeira e ficado com Osvaldo já naquele dia mesmo. Na hora de ir para casa, o silencio no carro era irritante demais, mas nenhum puxou assunto. Passaram na casa de Branca para buscar as meninas e Júlia tagarela sem parar sobre seu dia na escola.
- Mamãe, hoje a tia Jhenny não me ajudou com o dever de casa, você pode me ajudar? - Júlia pediu empolgada, mas Sophia como ainda estava irritada pela briga de mais cedo, apenas balançou a cabeça e subiu para o quarto com Cléo. Micael observou a menina murchar completamente.
- Não liga pra sua mãe não. - Disse ao carregar a menina para o sofá. - Ela está irritada desde cedo.
- Mas eu não fiz nada. - Júlia chorava. - Ou eu fiz?
- Não, ela está irritada comigo. - Deu um risinho. - Vamos fazer assim, o papai vai tomar banho, você vai tomar banho e depois que eu conversar com a sua mãe, eu vou lá no seu quarto te ajudar com o dever.
- Obrigada, papai. - Lhe deu um beijo na bochecha e subiu para o quarto. Ele ficou um tempo no sofá se preparando para encontrar Sophia no quarto. Quando subiu, a mulher estava sentada na cama, amamentando Cléo com um sorriso no rosto.
- Será que você pode me explicar que palhaçada foi aquela? - Disse com raiva.
- Será que você pode falar baixo para não assustar a minha filha? - Rebateu sem tirar os olhos da bebê.
- Sophia, você tem duas filhas. - Abaixou o tom de voz. - Quando que você vai começar a dar atenção a sua filha mais velha?
- Eu dou atenção a Júlia. - Encarou o marido.
- Ah, você dá? - Riu. - A menina te pediu pra ajudar com o dever de casa e você não foi capaz de dizer nenhuma palavra.
- Você ajuda ela, ué. - Disse de forma simples.
- Mas ela quer a companhia da mãe. - Fez uma pausa. - Sabe, eu não entendo você.
- Como assim? - Franziu a testa.
- Você não queria se separar por causa dela e quando separou só pensava nela e no bem estar dela. Em seguida você passou a brigar com ela por tudo, depois daquela armação com o Thiago. Ai você engravidou e ficou um amorzinho com ela, deixou ela escolher o nome da Cléo e tudo. A menina nasceu e você esqueceu que ela existe.
- Que exagero. - Rolou os olhos. - A Cléo é um bebê, precisa de atenção.
- Você mal me deixa ficar com a Cléo. Fica agarrada nela o tempo todo.
- Ela precisa de mim.
- E você precisa se tratar, porque normal isso tudo não é.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Virada [EM REVISÃO]
RomanceQue o mundo dá voltas, todo mundo sabe. Mas você vai esperar que isso aconteça justo com você? Que todo o mal que foi feito com brincadeiras estupidas no ensino médio fosse atrapalhar a sua vida anos depois? Que fosse se apaixonar pela maior vitim...