Virada - Capítulo 16

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As provas do segundo bimestre foram bem tranquilas para Sophia e seus amigos. Depois do começo do ano conturbado que tiveram, finalmente estavam de ferias. Sophia estava muito feliz com essas duas semanas em casa, longe de todos, até mesmo de seus amigos, que viviam trazendo historias de Micael e Letícia. Ela finalmente tinha paz. Exceto por Antônia em sua casa, quase todos os dias agora confirmando a reta final da festa da Jhenny. 

- Sophia atende a porta pra mim? - Já passava das seis da tarde e Branca já tinha chegado do trabalho. Soph correu até lá, comia uma maçã, abriu a porta e deu de cara com Antônia e um monte de sacolas. Quando ia fechando a porta atrás dela, Micael apareceu, também cheio de sacolas. 

- Sophia, meu amor. - Deu um beijo na bochecha da loira. - Desculpa aparecer assim do nada. - Antônia tinha um sorriso tão simpático que Sophia não conseguia fazer careta para a mulher. - Eu precisei da ajuda do Micael hoje, são muitas sacolas. 

- Tudo bem, Antônia. - Disse sem graça. - Vou chamar a minha mãe. Fica a vontade. - Apontou para o sofá e se afastou indo para a porta do banheiro, onde a mãe estava. - Mãe, Antônia está aqui. 

- Faz companhia pra ela enquanto eu tomo banho, filha. - Arregalou os olhos sem que a mãe pudesse ver. 

- Sem chance, mãe. - Respondeu rápido. - Ela trouxe Micael junto, não ficarei perto dele. 

- Sophia, não seja mal educada. - Sophia rolou os olhos e se afastou. Não discutia com sua mãe. - Ela já vem, está no banheiro. - Sentou-se no outro sofá. 

- Que ótimo, olha, nós trouxemos as lembrancinhas. - Enfiou a mão em uma das sacolas e tirou um par de sandálias personalizadas. Estava lindo demais. 

- Meu Deus, está maravilhoso. - Sophia sorriu olhando os chinelos com o tema da bela e a fera. - Lindo demais. - Seus olhos brilhavam. - Eu ficaria com todos. 

- Ai, que bom que gostou. - Sorria. - E a Jhenny onde está? 

- Ela está tirando um cochilo, daqui a pouco acorda pra fazer bagunça. - Branca finalmente apareceu e foi cumprimentar a amiga e o filho. 

- Ei, me desculpem a demora, eu estava no banho. - Ela viu o par na mão de Sophia. - Que coisa maravilhosa. Adorei, está lindo demais. Antônia, tudo que você tem feito pela minha menina, não me canso de agradecer. 

- Ah, para Branca. - Disse sem graça. - Eu realmente gosto de vocês. Ver a Jhenny tão novinha, já passando por tanta coisa e ainda sorrindo, esperançosa. É tão bom sabe. - Durante toda conversa Micael encarava Sophia, ela estava tão sem graça que pediu licença e foi para o quintal, precisava de um pouco de ar. 

- Desculpa por ela. - Branca disse sem graça, mas Antônia só balançou a cabeça. 

- Não tem problema. - Antônia não tirou o sorriso do rosto e Micael suspirou, incomodado. 

- Vou lá falar com ela. - As duas olharam pra cara dele e o rapaz ainda deu de ombros. - Algum dia ela vai ter que me desculpar por aquilo. 

- Não acho possível. - Branca deu de ombros e Micael a olhou interessado. - Sophia é muito sentimental.

- Eu sei de toda historia de estragar a primeira vez e tal, mas eu não completei aquela idiotice, eu desisti. A Sophia era especial pra mim, ela que não conseguiu enxergar isso. - Respondeu e Branca sorriu. 

- Bom, ela odeia mentiras, você se aproximou dela baseado em uma. - Ele suspirou. - Eu na verdade não esperava que ela se entregasse a alguém tão cedo, ela sempre foi tão focada. Sempre me contava as historias de como não ia namorar nem ficar com ninguém até conseguir seus objetivos, eu nem acreditei quando ela me disse que veio de um encontro. - Branca riu e Micael a acompanhou. - Enfim, eu sei que já se passaram meses, mas ela ainda tá magoada. 

- Eu vou falar com ela mais uma vez. - Deu de ombros. - Sua filha já gritou comigo tantas e tantas vezes, que mais uma não seria diferente. - Branca assentiu e ele colocou as mãos no bolso indo para o lado de fora. Procurou Sophia e a encontrou sentada em um banco que tinha perto de umas plantas. Se aproximou devagar. 

- O que está fazendo aqui fora? - Perguntou rude e Micael se encolheu. 

- Vim falar com você. - Disse hesitante. - Ver se está bem. 

- Micael, eu estou ótima, não preciso da sua preocupação. 

- Para de ser grossa menina. - Disse rápido. - Eu sei que você me odeia e não aguenta ficar perto de mim, mas... 

- Não tem mais. - A menina ficou de pé e o encarou. -  Você me usou e fim. Eu não vou dar margem pra fazer de novo. Não quero. 

- Sophia do céu, eu não quero te usar. - Eles já estavam se alterando e suas mães conseguiam ouvir do lado de dentro. As duas estavam desconfortáveis. - Eu tenho a minha namorada. Eu só quero que você suporte ficar no mesmo ambiente que eu, agora que nossas mães são amigas. 

- Ah, é. - Estrava pronta pra jogar todo seu veneno. - Você tem namorada. 

- O que tem ela? 

- Não sei, estava me perguntando se você fez alguma aposta antes de ficar com ela também. - Debochou e Micael suspirou. 

- Ei, não fala como se eu fizesse isso com todo mundo! - Disse bravo. - Tem meninas que ficam comigo sabendo muito bem o que eu sou. 

- Não faz com todo mundo? Nossa, foi exclusividade minha? Que honra. - Deu umas piscadelas e Micael precisou respirar fundo para controlar a voz. - E outra, o que você é? Infantil? Idiota? Machista? Mauricinho? Otário? Galinha? Sem vergonha? Me diz ai, eu realmente estou na duvida. - Debochou de novo, mas ele não respondeu, apenas se aproximou e calou a boca daquela menina com um beijo daqueles. 

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora