Virada - Capítulo 96

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Micael saiu do quarto e foi para a sala de espera, ele não iria embora dali antes de ter certeza que Sophia e seu filho estava bem. Para sua surpresa, encontrou com Eduarda que tinha parado para beber água antes de ir embora. Ela o viu sentado encarando o celular e foi se sentar perto dele.

- Ela te expulsou do quarto também é? - Falou num notável tom de brincadeira. - Acontece nas melhores famílias.

- Eu não quero falar sobre isso. - Respondeu sem nem encarar a mulher sentada ao seu lado, estava focado num joguinho em seu smartphone.

- Vai ficar aqui?

- E aonde mais eu iria, Duda? - Ele bloqueou a tela do celular e a encarou. - Eu só vou sair daqui quando eu tiver certeza de que a Sophia e a minha filha estão bem.

- Ei, não precisa ficar irritado. - Ergueu as mãos em defensiva. - Eu só perguntei porque ela não quer você aqui né.

- Você não precisa me lembrar disso. - Voltou a focar na tela do celular.

- Qual foi, Micael? - Ficou de pé na frente dele e puxou o celular. - Por que está me tratando dessa forma? Mais cedo me chamou pra ir á sua casa e agora tá todo frio e distante.

- Eu não te chamei pra ir na minha casa pra gente comer uma pizza não, Duda. - Soltou um longo suspiro. - Eu te chamei pra perguntar por que caralho você estava sem blusa no meu apartamento quando a Sophia chegou!

- Eu posso explicar isso. - Ela rapidinho abaixou o tom e se sentou pensando em algo que dizer. - Quando você saiu eu senti o ferrinho do meu sutiã me incomodando, tirei a blusa pra ajeitar.

- Ah, claro. - Bufou. - Ai resolveu atender a campainha de sutiã.

- Eu achei que fosse você. - Fez cara de sonsa.

- E por que motivo você acha que eu ficaria a vontade com você de sutiã na minha sala? - Cruzou os braços, seu olhar era muito sério, o mais sério do que ela já tinha visto nele.

- Ah, Micael, nós somos amigos. - Deu de ombros. - Eu achei que você não se importaria. Ai eu abri a porta e dei de cara com a Sophia. Tomei um susto tão grande que corri pra vestir a camisa.

- E a cama bagunçada, o que você foi fazer no meu quarto? - Ergueu uma sobrancelha esperando ela vacilar na resposta.

- Eu fui procurar algo que me ajudasse a consertar a bosta do sutiã. Ai eu sentei na cama, também fui na cozinha e não consegui nada. Quando cheguei em casa até joguei aquele sutiã fora.

- Você sentou? - Suspirou, sabendo que parecia muito mais que alguém tinha rolado na cama do que apenas sentado. - Tudo bem.

- Será que agora da para acabar o interrogatório? - Fingiu raiva. - Eu não fiz nada de proposito, como que eu ia adivinhar que era a Sophia?

- Olhando pelo olho mágico?! - Debochou.

- Eu não acredito que você está acreditando naquela maluca e não em mim, Micael, nós somos amigos há anos.

- Eduarda, fala a verdade. - Olhou nos olhos dela. - A Sophia é maluca? A Vanessa é maluca? - A mulher ficou sem responder por instantes então ele continuou. - Elas não tem razão?

- Que razão? - Franziu a testa. - Sophia inventou que eu gosto de você e encheu a cabeça da Vanessa com isso.

- É? - Ergueu uma sobrancelha. - Sabe que eu olhando tudo o que você faz, os conselhos que dá, eu tenho a impressão que você quer que eu fique solteiro.

- Claro que não! - Colocou a mão no peito. - Eu tento te ajudar, você ia casar com a Vanessa e ela ia te chifrar a vida toda. Ai agora a Sophia pretende te deixar numa jaula preso sem amigos.

- A Sophia não é assim.

- A Sophia é assim, sim. - Cruzou os braços. - Quantos amigas você tem mesmo?

- O que você tem que entender é o seguinte, eu nunca tive amigas. Eu tinha peguetes. Chegar pra Sophia e falar "essa aqui é só minha amiga" e esperar que ela acredite fácil é um pouco demais.

- Está dizendo que sou sua unica amiga?

- Bom, tem a Lua e a Mel, mas elas nunca gostaram muito de mim por conta de umas coisas do passado. - Deu de ombros. - A questão é que a Sophia não é nenhuma louca.

- Eu acho que é.

- Olha, Duda. - Respirou fundo. - Me desculpa, mas você não tem que achar nada! É a minha relação.

- Ué, eu achei que você tivesse terminado com ela!

- E eu terminei, mas ela me ama e eu a amo. Isso não acaba da noite para o dia. - Ela revirou os olhos. - Sophia vai continuar se estressando cada vez mais e parando mais vezes no hospital, eu não quero arriscar o meu bebê.

- Eu estava parada embaixo de uma sobra hoje, ela simplesmente voou em cima de mim. - Virou a bochecha para mostrar bem o arranhão. - Eu não preciso fazer nada, ela vai fazer isso toda vez que me ver.

- Claro, ela pegou você sem camisa no meu apartamento ás dez horas da noite, eu não tiro a razão dela ué.

- Quem é que te entende, Micael? - Ficou de pé novamente. - Se você não tira a razão dela por que é que terminou?

- Porque ela não confiou em mim. - Ficou de pé. - Isso é muito complicado. Quando você tiver a sua relação, com alguém que você goste, você vai entender o quão complicado é.

- Micael... - Ela pensou em se declarar naquele momento, mas sabia que ele não a aceitaria, então resolveu avançar o sinal e o pegar desprevenido, lascou um beijo em Micael que até sem reação ele ficou.

- Que merda está acontecendo aqui? - A voz conhecida de Lua fez com que a mulher que agarrava Micael se afastasse e saísse correndo. Ele estava parado, pensando naquela loucura, quando olhou nos olhos de Lua e Mel, percebeu que elas estavam andando em direção ao quarto de Sophia e correu para alcança-las a tempo. 

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora