Virada - Capítulo 69

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- Eu não acredito! - A voz feminina conhecida fez com que Micael se virasse para trás. Ele estava no boulevard olímpico, que fica na Praça Mauá. - Micael Borges observando o mar num domingo desses.

- Duda? - Colocou a mão sobre os olhos para conseguir enxergar melhor sobre o sol. - É sério que está aqui?

- Sou só uma miragem. - Ela brincou, mas logo se sentou ao seu lado e o cumprimentou com dois beijinhos. - Como está?

- Estou bem e você? - Ela sorriu.

- Estou ótima, eu me mudei pra cá pro rio tem uns meses, tô trabalhando aqui perto. - Não tirava o sorriso no rosto. - Não vim sozinho, quase a galera toda veio junto.

- Tá de brincadeira? - Arregalou os olhos. - Vocês são loucos?

- Surgiu uma oportunidade de emprego, ai um foi ajudando o outro e agora estamos aqui, morando quase numa republica! - Eles riram. - Eu, Lucas, Felipe e a Vanessa.

- Uau, que sorte a sua que a Vanessa veio. - Falou sem entusiasmo nenhum. - Deve estar super legal hein.

- Deixa de ser debochado, apesar do que ela fez, ela é legal e você sabe. - Ele riu debochando. - Micael!

- Tá bom, desculpa! - Deu de ombros. - Mas depois daquela última briga eu quero essa mulher longe de mim. Se vocês trabalham todos juntos, cadê o resto do pessoal?

- E sai de casa na frente, tava morrendo de vontade de tomar um sorvete. - Ele riu do jeito que ela falou.

- Você saiu mais cedo só pra tomar um sorvetinho? - Ficou de pé. - Então vamos procurar uma sorveteria ué, estamos perdendo tempo aqui.

- Vamos sim! - Se levantou e eles foram caminhando colocando o papo em dia. - Esse seu sorvete é horroroso. - Ela reclamou olhando o sorvete de passas que Micael tinha escolhido.

- Sai fora, passas é vida! - Mandou língua pra ela. - Esse seu ai que é sem graça.

- O meu tem pedaços de abacaxi, melhor impossível.

- Tiooo - Júlia apareceu ali abraçando as pernas de Micael, que tomou um susto ao vê-la. - Eu te vi de longe.

- Oi, Julinha! - Disse sem graça e pegou a menina no colo. - Cadê a sua mãe? - Perguntou olhando para os lados, a menina apontou para mãe, que vinha caminhando devagar e provavelmente com raiva. - Ó, essa daqui é a amiga do tio, Duda.

- Oi. - Ela disse tímida e arrancou um sorri de Maria Eduarda.

- Duda, essa aqui é minha enteada. - Chacoalhou a menina. - Quer um sorvete? - Ela balançou a cabeça rápido. - Escolhe lá que. - Colocou Júlia no chão e observou ela ir correndo pra dentro da sorveteria.

- Enteada? - A mulher perguntou assim que a menina entrou. - Devo presumir que a sua namorada ou esposa está vindo pra cá com sangue nos olhos, certo? - Ela olhou ao redor procurando alguém assim e encontrou. Sophia a analisou de cima a baixo antes mesmo de chegar perto.

- Oi. - Forçou um sorriso para os dois.

- Oi, Sophia. - Ele disse sem paciência. - O que faz aqui?

- Eu trouxe minha filha pra passear e ela pediu um sorvete. Eu moro aqui perto, se lembra? - Disse brava, sua farsa já indo pelo ralo. - E você, o que faz aqui?

- Encontrei com a Duda e viemos tomar um sorvete. - Comeu um pouco do sorvete que já estava derretendo. - Alias, essa é Duda, Duda essa é Sophia.

- Oi. - A mulher morena com um black bem armado ficou sem graça. - Eu vou indo embora, foi bom te encontrar, Mica, até mais.

- Ei, me manda uma mensagem lá no whatsapp, quero marcar com o pessoal! - Ela assentiu e saiu atrasada. Quando ele encarou Sophia, a loira estava de boca aberta. - O que foi? - Se sentou na mesa calmamente.

- Eu é que te pergunto. - Bufou. - O que foi isso? Você marcou um encontro com outra mulher na minha frente? A gente terminou e eu não sei? - Ele rolou os olhos.

- Está exagerando. - Deu de ombros. - Não marquei encontro nenhum.

- Micael...

- Sophia, nem começa com encheção de saco. - Foi direto, mas não falava alto, odiava brigas na rua. - Você foi estupida comigo ontem e não parece ter se arrependido. Ai chega aqui e quer ficar fazendo graça.

- Você estava tomando sorvetinho aos risos com outra mulher e eu não posso falar nada? - Suspirou.

- Vou tentar te explicar uma coisa. - Botou o copinho na mesa e juntou as mãos. - Você está chata, mas não é só chata, é chata para caralho. Eu tenho culpa nisso porque fui eu que te engravidei, mas porra, você está passando dos limites.

- Quem está passando dos limites é você falando desse jeito. - Seus olhos se encheram de lagrimas.

- É pra ver se você cai na real, ninguém vai te aturar dessa forma. - Voltou a comer o sorvete. - Você se lembra do que me falou ontem? Da forma que me tratou? Eu tento me aproximar da sua filha, pra gente ser uma familia feliz e você me agradece com patadas?

- Eu sei que eu fui rude, mas eu estava irritada o Thiago... - Mais uma vez ela foi interrompida.

- Chega de Thiago no meio dessa historia, ele pode te irritar muitas vezes, ai a resposta pra isso vai ser me tratar mal ou tratar a sua filha mal? - Ela não respondeu. - Eu tinha acabado de levar um puta soco por causa de você e você não perguntou se eu estava bem, na verdade não perguntou até agora.

- Eu não sei o que dizer... - Foi sincera.

- É difícil perceber que está sendo uma cuzona né? - Suspirou. - Eu sei como é.

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora