Virada - Capítulo 107

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- Fulaninha? - Ergueu uma sobrancelha. - Você não vai me dizer que está implicando com uma pessoa que você nunca viu, não é?

-  Não sei ainda. - Fez uma careta. - O que eu não sei é porque o Osvaldo não me contou que ia contratar alguém pra ficar no meu lugar. 

- Sophia, você vai se afastar por uns cinco meses, eu ia morrer de trabalhar se não tivesse ninguém. 

- Você não estava pensando nisso até chegar lá e ver que tinha alguém. Além do mais, eu fiz essa função sozinha por anos até você chegar. 

- Ó, reclama com o Osvaldo. - Se levantou. - A mulher é gente boa. Trabalha bem, ela organizou nossos papéis em ordem cronológica e alfabética. - Sophia fez um bico enquanto escutava Micael elogiar. - Coisa que nós dois nunca conseguimos fazer na nossa vida. 

- Uau, já está dizendo que é mais competente que eu. - Bateu palminhas. - A mulher deve ser boa mesmo. Ela é bonita? 

- Ela é casada! - Respondeu quase que imediatamente. - Ela tem um filho que vai fazer cinco anos na semana que vem, até nos convidou para a festa. 

- "Nos convidou" - Rolou os olhos. - Ela convidou você, né Micael?!

- Sophia, pelo amor de Deus. A mulher é casada, ela não está dando em cima de mim. 

- Ainda. - Micael respirou fundo. 

- Olha só. - Se sentou novamente. - Eu não quero reviver todo aquele drama que tivemos há uns meses com a Duda. 

- Duda. - Debochou. 

- EDUARDA. - Falou um tom mais alto. - Eduarda! - Abaixou a voz. - Eu não quero passar por todo aquele drama de novo. 

- Então não faça gracinha pra cima dessa mulher. 

- Sophia, pelo amor de Deus, ela é casada. - Passou as mãos pelos cabelos. - Ela nos convidou para a festa por educação. Em nenhum momento deu em cima de mim. Você está ficando doida e possessiva. Eu não posso sequer falar com outra mulher que você fica desse jeito ai. 

- Você vai ficar todos os dias trancado naquela sala com ela. - Deu de ombros. - Olha o que aconteceu com a gente. 

- Aconteceu porque a gente já se amava. A gente sempre se amou. - Colocou as mãos em seu rosto. - Me desculpe pelo que vou falar, mas você se lembra de como era estar casada com o Thiago? O jeito que ela te proibia de falar com todo mundo e fazia você acreditar que todo aquele ciume era cuidado? Me diz como isso é diferente daquilo?

- Eu não quero fazer aquilo, eu me sentia muito mal. - Ela já ia começar a chorar com as lembranças pesadas de seu casamento. - Eu só tenho medo de te perder. 

- Só que você não pode impedir que eu interaja com outras mulheres porque acha que eu vou pegar todas. Ela foi simpática e eu fui simpático. Nós vamos trabalhar juntos, temos que ter uma convivência agradável. Só isso. 

- Tudo bem, me desculpa. - Eles se abraçaram. - Eu não quero sufocar você. 

- Ótimo. - Suspirou. - E quanto a festa de aniversario do filho dela? - Ergueu uma sobrancelha. 

- Micael. - Arregalou os olhos e ele pensou que vinha mais um ataque de ciume. - O aniversario da Júlia é esta semana. - Se lembrou no susto. 

- Essa semana? Como você pôde esquecer o aniversario da sua filha? 

- Eu estou com muita coisa na cabeça. - Ele bufou. - Meu Deus, a minha filha! Eu sou uma péssima mãe. 

- Você não é tão péssima assim! - Balançou a cabeça. - Só um pouquinho. - Ele brincou e acabou levando um tapa no braço. - Quando é?

- Depois de amanhã. - Soltou um suspiro. - Será que eu consigo organizar uma festinha pra ela?

- Consegue, com dinheiro se consegue tudo. - Deu de ombros. - Será que o Thiago vai aparecer?

- Por que ele apareceria? - Pareceu confusa. - Já está na cara que o Thiago não da a minima pra menina. Eu não sei onde que foi parar aquele amor todo que ele dizia sentir. 

- Eu tenho pena dela. - Sua voz era quase um sussurro. - Ela ama tanto aquele idiota e ele caga pra ela. 

- Ainda bem que agora ela tem você. - Sorriu ao marido. 

- Nós tivemos uma conversa bem interessante agora há pouco. - Revelou para Sophia. - Ela pediu pra ir morar com a sua mãe. - Sophia rolou os olhos, insensível. 

- Isso é drama, Micael. 

- Sophia, como que você consegue ser uma mãe amorosa as vezes e do nada ficar tão insensível, eu realmente fico confuso com isso. Nos últimos meses da sua gestação vocês estavam mais coladas do que nunca. 

- É porque eu sei que ela está fazendo drama. Ela sabe que eu a amo, e nesse lance de morar com a minha mãe é só pra chamar atenção. 

- Soph, ela tem quatro anos. Só quatro. Ela precisa de atenção também. Ela não é uma adulta, você tem duas filhas. - Ela se levantou já com raiva. 

- Você vai me dizer de novo como que eu devo criar a minha filha? Eu já disse que ela não é sua filha, Micael. - Ele se levantou depois e falou no mesmo tom que ela. 

- Eu vou te dizer e espero que você entenda de uma vez por todas. - Fez uma pausa tentando se acalmar, mas não deu certo. - Nós estamos juntos, eu cuido dela, eu brinco com ela, eu a amo muito mais do que o pai dela. Então você não venha dizer pra mim que eu não posso dar opinião porque pai é quem cria, Sophia. Você entendeu? 

Ela ficou pensativa por um tempo e se sentou novamente. Os dois em silêncio, Micael se sentou bem perto dela e segurou suas mãos, a voz agora suave. - Vocês três são a minha familia, entendeu? Júlia e a Cléo são as minhas filhas. E eu não quero nunca mais ouvir você dizendo que não. Porque eu vou dar palpite sim, eu vou botar de castigo se precisar, eu vou criar a Júlia como minha filha. 

- Tudo bem, me desculpa de novo. - Ela chorava demais. - É tão bonito ver você falando assim. 

- Eu sei, eu sou um fofo. - Ele brincou e tirou um sorriso da esposa. Logo em seguida se abraçaram. - Amo você. 

- Eu também te amo. - Deram um beijinho. 

- Agora nós vamos lá no quarto da Júlia, vamos chama-la para brincar e fazer ela feliz enquanto temos tempo. 

- Tudo bem, você tem razão. - Se levantaram e saíram do quarto de mãos dadas. 

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora