Aquele dia quando Micael chegou em casa foi correndo atrás de sua mãe, ela estava na biblioteca. Micael entrou fazendo escândalo e quando sua mãe o viu, ela o olhou feio.
- Micael, você está cansado de saber que a biblioteca é um lugar de silencio. – Ela o repreendeu de braços cruzados após repousar o livro sobre a mesa.
- Mãe, nós precisamos conversar. – Disse ofegante por ter subido as escadas correndo que nem um louco. – Eu preciso muito da sua ajuda.
- Filho, o que você quer comprar agora? – Ela o encarou. – Eu já disse que só vamos te dar um carro depois que você fizer dezoito anos e tirar a carteira.
- Não é um carro, é algo muito sério. – A expressão de Antônia começou a mudar quando se deu conta de que o filho falava sério. – Lembra daquela menina que eu trouxe aqui?
- A única, não é tão difícil esquecer. – Ela riu. – Eu pensei que você ia finalmente namorar.
- Eu também, mãe. – Disse triste. – Bom, não sei namorar, mas eu gostava dela. Eu fiz besteira e agora ela não suporta nem olhar na minha cara.
- Ah, vai me dizer que veio pedir conselhos para mamãe? – Apertou a bochecha do filho.
- Claro que não, mãe. – Fez uma careta. – Eu nem ligo mais, já estou em outra já. – Ele deu de ombros e sua mãe o olhou sem acreditar nem um pouco.
- Já que você está em outra o que tem a ver aquela menina? – Perguntou curiosa e Micael hesitou um pouco antes de começar a dizer.
- Ela tem uma irmãzinha mais nova e está precisando de ajuda. – Disse sem graça.
- Micael, não podemos gastar nosso dinheiro dando aos pobres, nós já temos a ongue que ajudamos todo mês. – Colocou as mãos na cintura. – Se você não tá nem ai pra ela, por que tá me pedindo isso.
- Mãe, a menina tem leucemia. – Antônia arregalou os olhos. – É só uma criança. Ela está muito mal, eles a estavam tratando no SUS, mas parece que ela piorou muito e tiveram que levar ela pra um particular.
- Meu Deus. – Tinha a mão no peito, mal podia se imaginar naquela situação. – Coitada, eu imagino o que elas estão passando.
- Era isso que eu queria pedir, pedir para pelo menos quitar a conta do hospital. A menina deve ter que fazer vários tratamentos caro. Eu queria ajudar.
- Isso é muito bonito filho, nunca imaginei que você ia se importar tanto com alguém a ponto disso. – Ela abraçou o filho. – Vou fazer um cheque e levar no hospital, preciso do nome da mãe dela e o nome do hospital.
- Mãe, tem só uma coisa. – Coçou a nuca, não sabia como dizer aquilo. – Será que tem como não dizer que fui eu? É que a Sophia não vai aceitar se souber.
- Como assim, Micael? – Perguntou desconfiada. – Que merda você fez?
- Mãe, eu não quero falar disso. – Estava com vergonha, sabia que levaria bronca da mãe.
- Fala Micael, ou nada feito. – Cruzou os braços e estava batendo o pé esperando que o filho falasse.
- Bem, eu meio que fiz uma aposta envolvendo a Sophia. – Falou baixo.
- Micael, naquele dia que você a trouxe aqui... – Não conseguiu terminar a frase.
- Era por causa da aposta, eu precisava bem... – Suspirou. – Bem... Eu precisava filmar a Sophia, você sabe...
- Micael Borges, eu não acredito que você transou com aquela menina e filmou? Você tem o que na cabeça, titica? – Ela gritava. – Eu imagino como essa menina deve ter ficado depois disso. Você mostrou esse vídeo para alguém?
- É logico que não. – Disse rápido. – Eu realmente comecei a gostar dela. – Deu de ombros e a mãe não acreditava em nenhuma só palavra. – O problema é que ela era...
- Virgem? – Arregalou os olhos. – Você filmou tirando a virgindade de uma menina de sei lá, dezesseis anos? – Gritou mais alto que antes. – Você realmente não tem juízo nenhum. Não é atoa que ela não quer olhar na sua cara.
- Mãe... – Tentou falar, mas logo foi interrompido.
- Mãe nada, nós vamos agora para o hospital e você vai pedir desculpas para essa menina. Depois nós ajudamos. – Ia saindo da biblioteca puxando o filho pelo braço.
- Tá doida mãe, se eu aparecer lá ela não vai querer. – Falou enquanto era puxado escada a baixo.
- Eu vou conversar com a mãe dela, mas primeiro eu vou querer ver você se desculpando direito. Embora isso que você fez não mereça perdão de ninguém. – Largou a mão do filho e foi pegar a bolsa. – Vamos Micael, agora. – Micael suspirou e seguiu atrás da mãe e entrou no carro.
Antônia foi reclamando do feito de Micael por todo o caminho. Estava irritada com a imaturidade do filho e queria dar uma coça nele, mas duvidava que ia adiantar alguma coisa. O hospital ficava um pouco distante da casa de Micael e tinha um pouco de transito, esperava que elas ainda estivessem lá quando chegassem. Micael estava calado o tempo todo, pensando na reação de Sophia quando chegasse lá, ia ser um escândalo no hospital.
Ao passarem pelas portas duplas com sensores, Micael e sua mãe olharam por toda sala de espera a procura de Sophia, já que nenhum dos dois conhecia sua mãe. Já estavam perdendo as esperanças quando viram a loira no filtro, enchendo um copo de agua e levando até uma das mulheres no banco.
- Vamos agora, Micael. – Segurou sua mão e o arrastou até as duas mulheres. Sophia assim que viu Micael fechou a cara.
- O que você está fazendo aqui? – Disse com raiva e um pouco alto. – Eu já disse para não chegar perto de mim nunca mais.
- Sophia, o que é isso?! – Branca puxou a menina um pouco para trás. – Estamos em um hospital, filha.
- Sophia, eu vim ajudar. – Ele começou a falar e Sophia riu. – Eu quero uma chance para me redimir com você.
- Micael, o que você me fez, não tem redenção. Por que você não esquece de mim? – Cruzou os braços e encarou Micael. – Eu e minha mãe não estamos bem para isso agora. Dá um tempo, vai atrás da sua namoradinha e me erra.
- Dá licença. – A mãe de Micael empurrou ele para trás e tomou a dianteira. – Sophia.
- Oi, dona Antônia. – A expressão de Sophia se suavizou. – Me desculpe, mas é que seu filho fez algo imperdoável.
- Ele me contou o que fez, e eu o obriguei a vir até aqui para lhe pedir desculpas. – Suspirou. – Eu sei que não tem perdão, que era um momento especial e ele estragou. – Segurou as mãos de Sophia. – Você não precisa perdoa-lo, mas deixa me deixa ajudar a sua família.
- Afinal, o que esse menino fez com você, Sophia? – Branca perguntou e os três olharam pra ela.
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Virada [EM REVISÃO]
عاطفيةQue o mundo dá voltas, todo mundo sabe. Mas você vai esperar que isso aconteça justo com você? Que todo o mal que foi feito com brincadeiras estupidas no ensino médio fosse atrapalhar a sua vida anos depois? Que fosse se apaixonar pela maior vitim...