A despedida de Thiago e Júlia foi com muito chororô. A menina não aceitava de forma nenhuma ter que ficar ali e assistir seu pai indo embora, mesmo ele prometendo que voltaria para busca-la na sexta. Sophia foi colocar a menina na cama e ela ainda não tinha parado de fungar.
- Filha, você precisa me dar uma chance. - Ela tinha a voz o mais doce que podia. - Eu sei que você ama muito o seu pai, mas eu também te amo.
- Você separou do meu pai por causa de um namorado. - Mesmo brava, sua voz era fofa. - Eu sei disso, você não podia.
- Não, meu amor. - Seus olhos estavam arregalados. - A mamãe não namora ninguém.
- Eu sei que é verdade. - Fez um bico e Sophia suspirou. - Você não devia deixar o meu papai, ele te ama ainda.
- Filha, eu não vou conversar isso com você. - Deu um beijo na testa, apagou a luz e saiu do quarto. Na sala, só sua mãe estava. - Oi, mãe.
- E aí, filha? - Branca tirou a atenção do telefone. - Como que foi tudo? - Branca tinha ficado em seu quarto desde um pouco antes de Thiago chegar, ela se recusou a olhar no rosto do homem que fez mal a sua filha.
- Júlia chorou, chorou e chorou. - Com um suspiro se jogou no sofá. - Eles são apegados demais.
- Mas ele é toxico. - Branca tinha uma expressão tão séria. - Não vai fazer bem pra ela.
- Não é como se eu pudesse afasta-los de vez. - Ela fechou os olhos e suspirou, sentiu aquela dor e se lembrou que já era hora de tomar seu analgésico. - Ela não quer que eu namore.
- Só o que me faltava. - Branca rolou os olhos. - Sua filha tem quatro anos, eu sei que tá cedo, você acabou de sair de casa, mas Sophia, a vida é sua.
- Eu não quero fazer minha filha sofrer mais. - Fechou os olhos. - É tudo tão recente, quero fazer ela gostar de mim.
- Sophia, eu amo demais aquela menina. - Se sentou na pontinha do sofá, ao lado de Soph. - Mas você precisa aprender a ter pulso com ela, você não tem coragem de dizer um não.
- Claro que tenho, eu não deixei ela ir com Thiago hoje. - Abriu os olhos e encarou a mãe. - Vou tomar meu remédio e deitar. - Branca levantou acompanhada de Sophia. - O dia foi exaustivo demais e eu preciso descansar. - Deu um beijo na mãe e ia andando quando ela a chamou.
- Só não esquece que você também tem que ser feliz. - Ela assentiu e foi á cozinha pegar um copo com água antes de ir para o quarto.
Tomou seu comprimido e caminhou até o banheiro. Seu nariz estava latejando, doía demais. Maldito Thiago, era seu pensamento. Tomou um banho quente e escovou os dentes antes de vestir sua camisola de seda. Precisava e queria muito descansar.
Pegou seu celular e viu várias mensagens não lidas, dentre elas, algumas de Micael, deu um sorriso e resolveu ligar para ele. Que atendeu no primeiro toque.
- Ei, estava pensando em você. - Ela sorriu ainda mais com aquelas palavras, logo parou ao sentir mais dor.
- E por que não ligou? - Sua voz doce encantava Micael cada vez mais.
- Porque eu achei que você estava ocupada. - Micael estava deitado em sua cama também, ele lia um livro. - Sabe, tô aqui sentindo seu cheiro na camisa que você estava usando.
- Ai, que coisa de novela isso. - Ela riu - Nem deve estar fazendo isso de verdade.
- Ainda me chama de mentiroso. - Fingiu decepção na voz. - Como que foi a conversa com a sua filha? - Mudou de assunto e ouviu o suspiro de Sophia. - Foi tão ruim assim?
- Foi péssimo. - Micael não sabia o que dizer. - Thiago ainda veio aqui depois que saiu da empresa, conversar com ela, mas ela só chora.
- Thiago foi ai? - Tinha um toque de ciume misturado com preocupação. - Ele não fez nada com você não né?
- Não, Micael. - Ela rolou os olhos mesmo que ele não pudesse ver. - Você está parecendo a minha mãe. Vocês acham que o Thiago vai me bater a qualquer momento.
- Eu acho que você que não entende a gravidade da situação. - Sophia não aguentava mais ouvir aquilo.
- Meu bem, eu vou dormir. Estou sentindo muita dor e não aguento mais esse assunto. - Ela disse por fim e ouviu outro suspiro de Micael.
- Tudo bem, descansa. - Os dois ficaram em silencio por um tempo. - Quando a gente vai se ver de novo agora que você está de férias?
- Pra falar a verdade não sei. - Mais silêncio. - Amanhã eu vou procurar um apartamento para alugar.
- Já? Pensei que ia ficar ai por mais tempo.
- Não, eu quero agilizar a minha vida. Vou deixar a Júlia na creche e dar uma olhada em alguns. Acho que podemos almoçar.
- Sério? - Seu sorriso se abriu imediatamente. - Naquele restaurante do primeiro dia?
- Pode ser. Eu te encontro lá, meio dia, ta bem? - Ela perguntou, também estava contente.
- Logico que pode ser. Vou esperar ansioso para te ver amanhã. - Ele falou arrancando sorrisos dela. - Até amanhã, durma bem.
- Você também durma bem, beijos. - Desligaram a ligação. Naquela noite, os dois quase que não dormiram de tanta ansiedade. Não aguentavam mais ficar longe um do outro.
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Virada [EM REVISÃO]
Roman d'amourQue o mundo dá voltas, todo mundo sabe. Mas você vai esperar que isso aconteça justo com você? Que todo o mal que foi feito com brincadeiras estupidas no ensino médio fosse atrapalhar a sua vida anos depois? Que fosse se apaixonar pela maior vitim...