Virada - Capítulo 113

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- De onde você tirou esse absurdo? - Ficou de pé com as mãos apoiadas na mesa. - Eu disse que o seu trabalho com o Micael não rende, isso não significa que eu vou te demitir e sim remanejar. 

- Osvaldo, eu trabalho aqui há anos e sempre na minha salinha, com o meu trabalhinho. Eu não quero abrir mão disso por causa daquela Natália. - Respirou mais calma. - E eu gosto de trabalhar com o Micael. 

- Sophia, vocês vivem de birra. - Rolou os olhos. - Vai ser melhor pra vocês ficarem afastados. - Deu de ombros e se sentou novamente. - Vocês se vêem em casa, ai passam o dia todo juntos e depois voltam pra casa, isso é desgastante. 

- Suponhamos que sim. - Finalmente estava dando seu braço a torcer. - Pra onde que eu iria? 

- Pra cá. - Ele sorriu ao perceber a cara de confusa de sua filha emprestada.

- Como assim, pra cá? - Olhou em volta. - Não está fazendo sentido. 

- Bom, eu posso mandar colocar uma mesa ali. - Apontou para o canto esquerdo. - Essa sala é espaçosa o suficiente para nós dois. 

- Osvaldo, eu juro que não sou lerda, mas não consigo compreender o que vou fazer aqui.

- Soph, eu serei bem sincero com você. - Soltou um suspiro. - Eu esperava que quando isso viesse a acontecer, meu filho estaria aqui. Esperava que ele me sucederia na presidência da empresa e tocaria os negócios da familia com louvor, mas chegou a hora de aceitar que isso não vai acontecer.  - Ele tentou disfarçar a careta. - Você sabe que eu amo você e tenho total confiança. 

- Sim, eu sei disso. Assim como eu também amo você! - Ela sorriu e segurou as mãos do padrasto por cima da mesa. 

- Agora que vou me casar com a sua mãe, eu estou seriamente pensando em me aposentar. - Sophia abriu a boca em surpresa. - Mas eu preciso de um sucessor e eu pensei que você seria ideal para o cargo. 

- Osvaldo, pelo amor de Deus. - Riu, sem saber o que falar. - Eu acho que não dou conta disso não. São muitas decisões, é muita gente pra tomar conta. Você não pode me entregar a empresa assim. 

- Então, você vai ficar aqui comigo e participar de todas as decisões e reuniões que eu tiver, pra você se familiarizar. - Deu de ombros. - E depois, eu também não vou sumir do mapa. - Soltou um risinho. - Eu vou me afastar aos poucos, e você poderá me ligar quando precisar de ajuda. 

- Eu ainda não consigo acreditar nessa oportunidade. - Se levantou e rodeou a mesa, abraçando seu pai. - O senhor é um pai pra mim. 

- E você é minha filha. - Apertou a loira. - Mas ó... - Ergueu um dedo em sua direção após libera-la do abraço. - Eu não quero você abusando do poder com o Micael só porque está com raiva não. 

- Eu nem faço isso! - Disse se fingindo de inocente. 

- Eu sei muito bem que faz. - Cruzou os braços. - Mas aqui nessa cadeira as coisas são diferentes e eu acho melhor você começar a amadurecer essa sua cabecinha. 

- Ei, eu não sou imatura. - Rebateu levemente irritada. 

- Meu bem, você é sim. Eu vou te treinar pra que você amadureça e crie mais responsabilidades, ai depois disso eu vou curtir minha esposa, minhas netas, procurar meu filho por ai... 

- Alguma pista dele? - O clima da sala pesou automaticamente. 

- Não muitas, só as mensagens que ele manda de vez em quando dizendo que está bem. - Deu de ombros. - Mas eu não me conformo, ele pode ser o doente que for, mas continua sendo meu filho. Estou velho né, daqui a pouco eu morro ai e nem consigo vê-lo mais uma vez. - Sophia bateu três vezes na madeira. 

- Tá repreendido. - Fez uma careta. - Para de falar coisa ruim que atrai. 

- Mas é a realidade. - Deu de ombros. - Ela vai aparecer. 

- E tomara que apareça com juízo. - Eles riram, sabendo que aquilo seria difícil de acontecer.

Sophia saiu da sala de Osvaldo saltitando de felicidade, ela não se aguentava, queria gritar para o mundo todas as coisas boas que estavam acontecendo em sua vida. Irrompeu a porta de sua sala  ganhando a atenção de Natália e Micael, que até então estavam em silêncio. 

- Você está assim feliz por quê? - Micael perguntou curioso, ele tinha um sorriso no rosto. Ela não respondeu, olhou para Natália. 

- Você vai ser efetivada. - Deu de ombros indo se sentar na cadeira ao lado de Micael. - Parabéns. 

- Como assim efetivada? - Perguntou quase ao mesmo tempo que Micael. 

- Você conseguiu o meu emprego. - Disse estranhamente animada. - Osvaldo me chamou lá pra falar que você e o Micael trabalham melhor do que eu e ele. - Encarou o marido. - Cara de pau né? - Ela riu. 

- Osvaldo te chamou pra falar uma coisa dessa e você está feliz? - Micael perguntou estranhando. - O que mais ele te disse? O que vai acontecer com você? Porque eu duvido que ele vá te demitir. 

- Não, não vai. - Riu mais ainda e se levantou pra falar. - Eu vou assumir a presidência da empresa. 

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora