Virada - Capítulo 94

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- Você não pode terminar comigo, aquela sua amiguinha armou, será que você não percebe? - Agora eram lágrimas desesperadas que escorriam por seu rosto. 

- Sophia, ela pode fazer o que ela quiser, mas você tinha que ter confiado em mim. - Suspirou. - Eu não posso impedir dos outros inventarem fofocas, não tem como. Agora me diz, se eu não tivesse te ligado e não tivesse como provar a hora, você teria acreditado em mim? 

- Micael... 

- Não tenta argumentar uma coisa que a gente sabe que não ia acontecer, cara. - Olhou em volta o estado da sua sala. - E toda vez que você desconfiar de algo vai fazer isso com o meu apartamento? - Gesticulou em volta e Sophia olhou os cacos de vidro do vazo, pedaços de pizza para todo o lado, as almofadas mais espalhadas do que antes. - Não é isso que eu quero pra minha vida. Eu quero alguém que confie em mim, e se esse alguém não é você... 

- E se fosse ao contrario? - Ela falou soluçando. - Se fosse um amigo meu que você não gosta, se a cena fosse exatamente a mesma, o que você faria? 

- Não sei, é muito complicado de dizer, mas a questão é que essa não foi a primeira vez que você ficou louca e descontrolada por causa dela. Eu já tinha dito a você que ia me afastar e eu estava cumprindo, mas eu também não prometi parar de falar com a menina pra sempre. Eu ia avisar você, você que não quis atender a droga do telefone. 

- Tá, ai você termina comigo e continua falando com aquela songamonga falsa? - Fungou. 

- Não sei o que vou fazer com a Duda ainda. - Sophia se irritou com o apelido, mas não reclamou. - Vou perguntar a ela o que foi que ela realmente planejou. 

- Você é idiota? Está claro o que ela planejou! 

- Pode ter sido tudo um grande mal entendido. - Deu de ombros e Sophia bufou impaciente. - A Duda esteve do meu lado nos momentos mais difíceis, foi ela que me avisou da traição da Vanessa, foi ela que esteve comigo por toda a fase difícil que veio em seguida. É difícil pra mim acreditar que ela tenha feito tudo isso de propósito. 

- Um grande mal entendido? - Ergueu uma sobrancelha. - É tão difícil ver que ela gosta de você? - A conversa agora era tida em tom baixo, Sophia já nem queria gritar mais. - Você que não quer enxergar a cobrinha que você criou. 

- Sophia, pára um segundo de ofender as pessoas. - Ficaram em silencio por um tempo. - Será que pode ir, pelo visto eu vou passar uma boa parte da noite limpando o meu apartamento. 

- E a mudança amanhã? - Perguntou á soleira da porta. - Todos os nossos sonhos e planos vão ser cancelados por causa dessa garota? 

- Não foi por causa dela, foi por sua causa, por causa desse seu jeito. Boa noite, e dirige com cuidado. - Deu um beijo na testa da mulher antes de fechar a porta. 

E foi só quando a porta fechou que ele se permitiu chorar. Era muito duro ter que fazer aquilo, mas Sophia precisava amadurecer um pouco se realmente quisesse ficar com ele. 

Micael passou boa parte da noite limpando a bagunça que Sophia fizera e a outra parte não conseguia pregar os olhos. A vontade de pegar o celular e mandar uma mensagem a Sophia dizendo que se arrependeu era tão grande que ele arremessou o celular longe para não cair em tentação. 

No dia seguinte ele juntou suas coisas em caixas, não ia levar muita coisa, e foi para a casa nova. Deixou seu apartamento trancado, no começo não ia se desfazer dele. Na casa nova ele não se deu o trabalho de arrumar nada, deixou as caixas na sala e se jogou na cama, onde ficou o dia inteiro. 

Sophia foi até o boulevard onde sempre ia pra pensar e ficou por lá sentada em um banco, olhando o mar e não sabia há quanto tempo estava ali. Estava num transe acariciando sua barriga redonda e pensando no que fazer para que Micael a perdoasse. 

Virou a cabeça para o lado ao ouvir uma voz conhecida. - O que aconteceu, Soph? - Era Vanessa, assim como da outra vez, trabalhando aos domingos. 

- Que bom que você apareceu! - Sophia tinha ligado para Lua algumas vezes, mas o celular só dava caixa postal. - Eu estou me sentindo tão sozinha! 

- Ei, se acalma. - Sophia chorava tanto abraçada a amiga, era como um refugio. - Isso pode não te fazer bem. 

- Eu estou esgotada, amiga. - Não saiu do abraço, a blusa de Vanessa já estava completamente úmida. - Eu nem sei há quanto tempo estou aqui parada. 

- O que foi que aconteceu com você, meu amor? - Fazia carinho em seus cabelos. Sophia levantou a cabeça e olhou para trás, viu o resto do grupo de Vanessa parado não muito longe dali. 

- Eu pensei que você não estava falando com aquela lá. - Acusou quando viu Duda parada embaixo de uma arvore conversando com Lucas e Felipe. 

- Nós brigamos sim, mas já fizemos as pazes tem uns dois dias. - Deu de ombros como se aquela informação não tivesse nenhuma importância. 

- Até nisso ela mentiu. - Negou com a cabeça se levantando e indo até onde eles estavam parados, Vanessa correu para acompanhar. - Você não tem vergonha nessa sua cara não? - Chegou falando alto e as pessoas em volta já se viraram para olhar. 

- O que eu fiz? 

- Sonsa! - Gritou. - Vagabunda!

- Sophia, pelo amor de Deus, se acalma. - Vanessa falou baixo em seu ouvido. - O bebê. 

- O bebê está ótimo e vai ficar ainda melhor depois que eu quebrar a cara dessa sonsa. - Avançou pra cima de Eduarda e conseguiu fazer um arranhão com a unha na bochecha dela antes que Lucas a segurasse. - Ela mentiu, ela fez eu pensar que o Micael estava tendo um caso com ela. - Sophia chorava por não poder avançar nela. - Ela estava no apartamento dele sem camisa. 

- Como assim? - Vanessa falou e todos olharam para ela que apenas deu de ombros e não falou nada. - Duda você prometeu que ia deixar a Sophia e o Micael em paz. 

- Ela entrou lá dizendo que estava sozinha, que você Vanessa não estava falando com ela e blá blá blá. - Fungou. - Eu não aguento olhar para a cara dessa bruaca dos infernos. 

- Eu não posso fazer nada se você não acreditou nele. - Deu de ombros finalmente se manifestando. 

- Você estava sem blusa! - Gritou. A rodinha de curiosos cada vez maior.  

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora