Virada - Capítulo 11

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- Oi. - Foi só o que Micael disse ao chegar perto do grupinho. Todos responderam, exceto Lua e Sophia. - Sophia, acho que agora temos que conversar. - Ele tinha um sorriso tão lindo no rosto que fazia Sophia enlouquecer, era muito difícil para ela ficar perto dele. 

- Não temos o que conversar. - Deu de ombros. - Eu posso fazer o trabalho sozinha. Vou botar seu nome, não se preocupe. 

- Não quero nada disso, eu quero fazer o trabalho. - Sophia bufou. 

- Micael, eu sei o tipo de homem que você é, e não é do tipo que estuda. Então, faz um favor pra mim e me poupa desse teatrinho. - Falou e saiu andando, deixando o Micael com cara de tacho. Lua foi a unica que riu e depois saiu correndo atrás da amiga. Arthur e Mel colocaram as mãos no ombro de Micael. 

- É, meu amigo. - Arthur começou a falar. - Se você gosta dela mesmo como disse outro dia, se ela é tão diferente, você vai ter que se esforçar demais. 

- Eu estou tentando ser simpático. - Micael respondeu, estava triste e com um pouco de raiva. - Mas você viu o que ela fez comigo? 

- Micael, você fez bem pior com ela. - Foi a vez de Mel falar. - Se passaram dois meses, mas a raiva dela não diminuiu nem um pouco. Sabe, era primeira vez né, e a primeira vez nunca se esquece. 

- Tá Mel, eu sei que eu vacilei. - Bufou. - Não sei mais o que fazer. Na verdade nem sei se devo fazer algo. - Ele disse depois de um tempo. 

- Não posso te dar conselhos, mas... - Mel fez uma pausa. - Andar por ai desfilando com a Letícia não ajuda nem um pouco. 

- Eu não vou parar a minha vida. - Respondeu grosseiramente. - A Sophia nunca vai perdoar, mesmo que eu não tenha ido até o fim e entregado a gravação. Eu vou tentar falar com ela outra vez sobre essa bosta de trabalho. Se ela quiser fazer sozinha, problema é dela. - Suspirou e saiu de perto deles também, era melhor ir para casa. 


No dia seguinte, Micael tentou novamente se aproximar de Sophia. Ele a viu sozinha mexendo no celular perto do banheiro. Se aproximou devagar. - Ei. - Sophia ergueu a cabeça assustada. 

- O que você quer agora? - Fechou a cara quando viu Micael. 

- Sophia, você gostando ou não, nós somos uma dupla. - Micael disse no mesmo tom que ela. - Olha, eu sei que eu fiz merda e você nunca mais vai acreditar em mim, tá show. - Bufou. - Não acredita, o problema é seu. Mas nós somos uma dupla. 

- Que grosseria. - Sophia disse com mais raiva ainda. - Você não se enxerga mesmo né. Eu já disse que vou fazer sozinha e vou colocar seu nome. Eu não preciso da sua ajuda. Afinal, duvido que você saiba algo que vai acrescentar ao meu projeto. 

- Ah pronto, agora você está me chamando de burro? - Disse ainda mais irritado, se era possível. - Sophia, você está passando de todos os limites. 

- Quem passou do limite foi você, que me levou pra cama por causa de cem reais, isso sim foi passar dos limites. - Ela já tinha os olhos marejados. 

- Ah, chega né. Eu fiz pelos motivos errados, eu sei. Eu já admiti e pedi desculpas. - Bufou. - Você só vê que eu fui isso e aquilo. Você não vê que eu realmente senti algo diferente? - Começou a abrir o coração e Sophia não tinha resposta. - Eu posso ter começado, mas eu não conclui a aposta. Eu desisti, eu nem ia contar pra eles que fiquei com você. 

- Você gravou o maldito vídeo. Eu lembro daquela camera na sua mesa. Você me gravou. - Disse com ódio. - Você invadiu um dos momentos mais preciosos da minha vida, Micael. E isso não tem desculpa. 

- Sophia, pelo amor de Deus. - Estava com vontade de gritar ali no corredor. - Você não me escuta? 

- O que foi que você apostou agora? Que ia conseguir me enrolar com essa historinha de "algo diferente"? Quanto foi? Cinquenta? Cem de novo? - Sophia secou uma lagrima teimosa que insistia em escorrer por sua bochecha e antes que Micael a respondesse ela completou. - Fica longe de mim, eu faço o trabalho sozinha. - E saiu dali, deixando um Micael completamente desnorteado. 


Depois desse dia Micael resolveu deixar Sophia em paz, ele jamais conseguiria fazer com que ela a perdoasse, não assim tão rápido. Ele não se envolveu na criação do projeto e no dia da feira, Sophia lhe deu um rascunho para que soubesse do que se tratava e pudesse responder perguntas, caso alguém perguntasse. 

Micael não forçou conversa enquanto estavam no stand deles, ficaram a maior parte em silencio, tirando quando Sophia ia explicar o projeto pra algum aluno das turmas mais novas. Quando o dia finalmente acabou, Sophia agradeceu a Deus por ter aguentado passar a manhã toda com ele. 

Sophia, Lua e Arthur resolveram sair pra comer um lanche. Tinham que comemorar o sucesso que foi o trabalho. Estavam na lanchonete que há muito Sophia tinha ido com Micael. 

- Ai gente, nem acredito que esse trabalho finalmente acabou. - Suspirou feliz e deitou a cabeça na mesa. - Nunca fiz um trabalho tão difícil na minha vida. - Reclamou. 

- Ué, você não disse que ia ser fácil demais? - Zoou a amiga pelas palavras de um tempo. 

- Foi difícil porque fez sozinha né, o trabalho era pra uma dupla. - Arthur deu de ombros. 

- Pelo menos eu tive paz de espirito. - Sophia disse rindo, até avistar as pessoas que entraram na lanchonete. Micael e Letícia, Chay e Mel. Sophia focou bem na mão de Micael, ela estava entrelaçada com a daquela menina. Micael podia desfilar com quem quer que fosse, mas jamais era visto com mulheres fora da escola, ainda mais de mãos dadas. - Eles estão namorando? - Sophia perguntou e ninguém entendeu nada até seguir o olhar dela e ver que se tratava de Micael. 

- Eu acredito que sim, Micael não anda de mãos dadas com ninguém. - Arthur deu de ombos e Sophia começou a pensar naquele dia, aquele único dia que os dois chegaram de mãos dadas na escola. 

- Eu preciso ir. - Foi a unica coisa que disse antes de sair correndo porta afora. 

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora