Virada - Capítulo 134

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Micael ficou andando de um lado pro outro por bastante tempo, ele não fazia ideia de onde Sophia tinha se metido e porque não atendia a porcaria do celular. Sentou no sofá da sala depois de muito andar e começou a roer as unhas. Já eram dez da noite, alguma coisa séria devia ter acontecido. 

Ás onze Osvaldo e Branca apareceram na casa de Micael para aguardar com ele. Fabiana e Júlia também estavam ali. Micael se levantou e soltou um longo suspiro. - Eu não aguento mais esperar, eu vou na policia. 

- Eles vão te mandar esperar vinte e quatro horas, antes disso não é sequestro. - Júlia disse ao pai que colocou as mãos na cabeça. - Vamos ter que esperar. 

- Se aquele cara pegou a Sophia... - Ele demorou um pouco a completar a frase, encarou Osvaldo antes de continuar. - Se o seu filho pegou a minha mulher e a minha filha, eu vou matar ele. - Gritou na cara de Osvaldo. - Eu vou matar esse maldito. 

- Pode não ter sido ele. - Osvaldo disse baixo. Por mais que as evidencias apontassem, ele não queria acreditar. - Thiago não é um sequestrador. 

- É só um cara que espanca mulheres. - Respondeu ainda alto. 

- Pai, pelo amor de Deus. - Júlia chegou mais perto. - O meu avô não é culpado pelas coisas que o Thiago faz ou deixa de fazer, não adianta descontar nele. 

- Tem razão, a culpada é a sua mãe que não denunciou esse cara por tentativa de homicídio lá atrás. Ficou com peninha por causa de você e agora tá nessa situação. 

- Ei, respira. - Branca falou. - O único culpado é ele, ninguém mais. Ele teve a melhor educação, um pai amoroso, duas esposas amorosas e filhos, mas nada disso fez com que ele mudasse as atitudes. E ele que você tem que culpar. - Chutou a cadeira de raiva. 

- Eu não devia ter deixado que ela andasse sozinha por ai. - Rangeu os dentes. - Eu vou atrás desse filho da puta agora. - Pegou as chaves e a carteira que estavam em cima da mesinha e saiu correndo antes que alguém conseguisse impedir. 

- Micael vai acabar fazendo alguma besteira. - Branca falou. - Vou ligar pra Antônia e pro Jorge. 


- Finalmente você acordou, meu amor. - Thiago disse a Sophia assim que a loira abriu os olhos. Ela tinha as mãos amarradas, e o olhar assustado. Tentou se sentar, mas ele não permitiu. - Já estou te esperando á um tempão. 

- Pra onde você me trouxe? - Perguntou com a voz baixa. Tentou reconhecer o lugar, mas era rustico demais para que já tivesse ido ali. - Cadê a minha filha. 

- Aquela menina não é sua filha. - Fechou a cara irritado. - A unica filha que você tem, é a que nós temos. A Julinha, meu pinguinho de gente. Tão linda. - Thiago estava louco de vez, transtornado. 

- Eu prendi aquela menina no outro quarto, depois vamos decidir o que fazer com ela. - Sorriu e beijou Sophia, ela lhe deu uma mordida nos lábios. - Porque fez isso? - Pareceu confuso. 

- Eu não quero que encoste em mim. - Rangeu os dentes. 

- Mas você é a minha esposa. - Franziu a testa. - É claro que vou encostar em você. A gente se ama. 

- Para de ceninha, Thiago. - Ela começou a chorar. - Eu quero ir embora pra mim casa. 

- Aqui é a sua casa. - Sorriu. - Já já eu vou trazer a nossa filha e dar um jeito naquela impostora. Nós vamos poder viver em paz aqui, sem ninguém pra atrapalhar. 

- Thiago, você está louco. - Ela balançou a cabeça. - Eu não sou nada sua, eu não quero ficar com você. Me deixa ir embora. 

- Se você me chamar de louco mais uma vez, eu vou acabar com aquela menina. - Segurou em seus braços e a chacoalhou. - Eu só quero que possamos viver em paz. - Ela se sentou, dessa vez ele permitiu. - Eu quero que você seja minha mulher. - Avançou para beija-la, novamente. E mais uma vez ela o mordeu. Ele se levantou furioso. - Eu acho que você não está entendendo como as coisas funcionam aqui. - Saiu do quarto e depois de alguns instantes Sophia ouviu o grito e o choro de sua filha. Tentou sair, mas estava trancada naquele quarto sem janelas. 

Thiago voltou ao quarto com um Sophia repugnante. - O que você fez a minha filha? - Ela falou, mas logo se corrigiu depois de olhar nos olhos dele. - Aquela menina.

- Ela está bem. - Sophia ainda conseguia ouvir o choro baixo de sua filha quando Thiago avançou para beija-la e ela não teve alternativa a não ser deixar.

Ele a derrubou na e alisou seu corpo, a loira se retraiu por inteiro e ele soltou um breve suspiro antes de se levantar e ir até a cabeceira da cama e pegou um vidro que Sophia não conseguiu identificar do que era. Ele abriu o vidro e despejou o liquido transparente num lenço que até então Sophia não tinha visto ali. 

- Isso vai acontecer com você acordada, ou com você dormindo. O que prefere? - Ergueu o pano e então Sophia teve certeza de que aquilo era clorofórmio. - Eu não tenho a noite toda!

- Acordada. - Ela sussurrou e ele riu. - Acordada. - Disse mais forte. 

- Que ótimo, eu prefiro assim também. - Voltou para a cama e desamarrou as mãos de Sophia. Cada toque era insuportável. Não aguentaria aquilo por muito tempo. Teria que arrumar um jeito de sair dali. Por hora, fechar os olhos e imaginar que era Micael que estava ali, a ajudaria a passar por aquilo mais fácil.

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora