Virada - Capítulo 152

262 19 23
                                    

A briga entre Micael e Sophia já durava há mais de duas semanas. Por mais que Micael tentasse fazer as pazes, Sophia como sempre, nunca facilitava a reconciliação.

Ela tinha feito alguns exames na companhia da filha mais velha e passado na segunda consulta do mês com Daniela. Tudo certo com sua gestação e isso agora era o que mais importava.

- Hey, meus nenéns - Sophia disse ao chegar em casa pouco antes das quatro da tarde.

- O que já está fazendo em casa? - Júlia perguntou a mãe que tinha se jogado no sofá. - Não está muito cedo?

- Eu estou meio indisposta hoje, sai antes e trouxe um pouco de trabalho pra casa. - Apontou para a pasta jogada ao seu lado. - Uma das vantagens de mandar em todo mundo e ninguém me mandar.

- Que bom que está aqui! - Cléo encarou a irmã por alguns instantes antes de voltar a falar com a mãe. - Mais tarde tem tipo uma festa do pijama na casa da Sandrinha, eu queria ir com a Jú.

- Vão dormir lá? - As duas assentaram. - Tudo bem, juízo e me liguem se precisarem de alguma coisa.

- Maravilhosa! - Cléo ficou contente. - Vem, vamos arrumar as coisas. - Puxou a irmã escada acima. - Se depois de ficarem com a casa todinha pra eles não se entenderem, eles não se entendem mais.

- Ainda acho que não tinha que ser assim, nosso pai devia ter um pingo de romantismo. - Júlia disse com um bico. - Vou mandar mensagem pra ele avisando que nós vamos sair que é pra ele trazer umas flores.

- Manda, quem sabe ele não te escuta! - Cléo bateu palminhas enquanto a irmã enviava a mensagem. Micael não visualizou. - Deve estar trabalhando muito.

- Ele é um chato! - A loira bufou. - Assim fica difícil demais.

Mais tarde as meninas foram pra casa da amiga de Cléo, uma das vizinhas dali, e Sophia ficou sozinha em casa. Estava tarde, Micael já devia estar em casa, mas não queria pensar nele, por mais que sua raiva já tivesse bem menor do que há duas semanas.

Fez um lanche, colocou na cama, buscou sua pasta e começou a revisar uns papéis, levar trabalho pra casa era uma droga. Não demorou até desviar totalmente a atenção olhando uma foto da ultrassom que tinha desde a última consulta. Era tão pequenino, um mero borrão, mas já era tão importante na sua vida.

A porta se abriu num rompante e ela se assustou. Encarou Micael por instantes e sua cara de brava diminuiu devido a expressão preocupada do marido.

- Como você sai do trabalho, diz pra Mariana que não está se sentindo bem e não me fala nada? - Seu tom de voz era alto, mas a intenção não era começar uma briga. - Você quase me matou de susto.

- Que exagero. - Ela rolou os olhos. - Eu só me senti cansada, indisposta. Não aconteceu nada comigo.

- Não custava nada me avisar. "Tô indo pra casa viu marido que parece que não é mais meu  marido". - Ele afinou a voz e pela primeira vez em semanas arrancou um sorriso dela. - Isso não é engraçado.

- Olha a hora, Micael, você nem percebeu que eu não estava lá. - Fechou o sorriso e voltou a se fazer de durona.

- Eu estava atolado de coisas pra fazer, mas eu presumi que você estivesse lá também. Mas eu precisei da sua assinatura em uns relatórios e a Mariana foi me falar aquilo. Eu saí da empresa que nem um maluco, quase bati o carro umas três vezes e com certeza recebi multa por velocidade.

- Se você quer que eu avise, da próxima vez eu falo. - Suspirou. - Será que dá pra sair do meu quarto agora? - Ao invés de sair, ele foi se sentar ao lado dela.

- Será que não está na hora da gente se entender? - Foi segurar sua mão e viu a foto do ultrassom. - Esse é nosso bebê? - Pegou a foto da mão de Soph, seu olhar era maravilhado. Os olhos de Sophia se encheram de lágrimas devido a primeira vez que ele falava "nosso bebê" com tanta ternura na voz. - É tão pequenininho.

- É sim, não tem nem dois meses... - Sorriu novamente, a reação de Micael era a que ela queria desde o começo, aquele olhar... - Eu pedi pra ela imprimir pra mim, foi da consulta de ontem.

- Por que não me mostrou? - Ele não tirava os olhos do papel.

- Porque você não quer esse bebê. - Ela deu de ombros e fechou o sorriso. Ele, por sua vez, tirou os olhos da foto e encarou a esposa.

- Eu não queria fazer um bebê de propósito, mas ele já está aqui. - Estendeu a mão e a colocou na barriga de Sophia. - Eu sei que fui um idiota quando descobri, mas amor, é mais um pedacinho nosso no mundo. Não vou rejeitar nosso bebê, eu não poderia fazer isso.

- É só o que tem feito. - Ele negou com a cabeça e saiu correndo do quarto, quando voltou tinha em suas mãos uma sacola que entregou na mão da esposa. Sophia abriu e quase que começou a chorar, era um body branco. - Eu sou do papai.

- Eu comprei tem alguns dias, mas só ia te dar quando fizéssemos as pazes. - Voltou a se sentar do lado dela, segurando novamente a foto. - Eu amo o nosso bebê, mesmo que eu seja estúpido e não demonstre isso.

- Porque você não falou todas essas coisas antes? - Ela quase não enxergava através da cortina de lágrimas. - Você podia ter feito as pazes comigo a muito tempo se tivesse falado dessa forma fofa comigo.

- Eu não queria usar o nosso filho pra fazer as pazes, queria que fosse algo nosso, nosso momento. - Deu um beijo na esposa.

- Eu gosto quando você fala "nosso filho". - Abraçou o marido.

- E não é o que ele é? - Ele soltou um risinho. - O nosso bebê que a gente vai ser velho quando ele tiver dez anos.

- Para de bobeira! - Ela riu.

- Eu amo você, amo a Júlia, amo a chatinha da Cléo e já amo esse bebezinho, vocês são as pessoas mais importantes da minha vida, chorona. - Ela fez uma careta.

- Você pode parar de chamar a Cléo de chata, de monstrinho e dessas coisas? - Ele riu mais um pouco.

- Sabe que eu faço isso porque sua cara é maravilhosa. - Deu um selinho nela, seguido de muitos outros até aprofundar o beijo. Depois de tanto tempo sem nada, a necessidade dos dois era quase incontrolável quando estavam juntos.

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora