- Mãe é uma história complicada. – Sophia desconversou. – Acho melhor conversarmos em casa. – Olhou ao redor na sala de espera com poucas pessoas.
- Nada disso. A senhorita não vai me enrolar. – Disse firme.
- É que o Micael apostou a minha primeira vez... – Ela disse baixo para que nenhuma das outras pessoas ouvisse.
- Sophia. – Colocou as mãos na boca. – Como assim você não é mais virgem e não me contou? – Disse brava e Sophia rolou os olhos.
- Vamos conversar em casa, por favor. – Juntou as mãos implorando. E se virou para Micael e sua mãe. – Não queremos ajuda.
- Ei – Branca falou rápido. – Queremos ajuda sim. – Sophia o olhou indignada.
- Mãe, você ouviu o que ele me fez? - Sua mãe assentiu.
- Sua irmã está morrendo e nós não temos um centavo. – Foi dura, mas Sophia precisava de um choque de realidade. – Não podemos mandar alguém que quer ajudar embora. Por mais que doa em você, sua irmã precisa.
- Ótimo, então podemos acertar quando fica? – Antônia gesticulou para que Branca seguisse com ela, deixando os adolescentes a sós.
- Sophia... – Micael sentou-se ao seu lado.
- Micael, você pode ter convencido sua mãe a me ajudar, mas eu continuo te odiando. – Disse olhando em seus olhos. – Eu nunca vou parar. Você me magoou de uma forma que eu não esperava. Eu me doei a você.
- Eu sei. – Foi só o que respondeu. Depois de um tempo em silencio.
- Como que você sabia da minha irmã? – Perguntou curiosa e Micael suspirou.
- Eu estava á mesa com a Lua quando você ligou para ela. – Deu de ombros.
- Você junto com a Lua? – Olhou descrente. – Que traidora. – Micael sorriu.
- Não acredito que ela queria estar ali. – Deu de ombros. – Mas Arthur é nosso amigo então, Mel, Chay, eu e a Letícia fomos falar com ele. Acabamos ficando lá.
- Leticia. – Debochou.
- O que tem ela? – Micael sabia que ela estava com ciúmes, estava até se divertindo com a situação. – Não gosta dela é?
- Não tenho nada a ver com a garota dessa semana. – Fez cara de nojo e Micael riu.
- Ela nem é da semana, é minha namorada mesmo. – Ele ficou observando a sua reação, ela apenas deu de ombros.
- Faça bom proveito. – E ficaram em silencio novamente. Sophia se corroendo por dentro, mas não queria demonstrar. Quando a mãe de Sophia voltou com a de Micael eles finalmente foram embora. Sophia estava de braços cruzados e com um bico enorme quando sua mãe se sentou ao seu lado.
- Vai ficar assim pelo resto da vida? - Branca falou pra filha que nem se mexeu. - Sophia, é pela sua irmã.
- Mãe, ele apostou cem reais que conseguia me levar pra cama e gravar. - Disse sem cerimônia. - Ele me disse coisas tão bonitas pra depois acabar tudo do pior jeito.
- Filha. - Ela abraçou a menina que já tinha lagrimas nos olhos. - Eu não estou pedindo para você perdoar ou pra ficar feliz com isso. Mas nós precisamos salvar a sua irmã. Assim você vai poder continuar seus estudos sem distrações. Vai ser melhor pra todo mundo. E aquele menino,,,
- O que tem aquele menino? - Sophia encarou a mãe com raiva.
- É o menino que você saiu né? Que estava toda animada com o encontro? - Sophia se lembrou da conversa com a mãe e suspirou assentindo. - Você ainda gosta dele?
- Eu tenho raiva dele. - Deu de ombros.
- Não foi o que eu perguntei. - Branca sorriu. - Ele parece gostar de você e se importar com você.
- Mãe, cem reais. Isso foi o que eu valia na cabeça dele. - Sophia argumentou de novo.
- Filha, você o conhecia antes dessa maldita aposta? - Soph negou. - Já parou pra pensar que o tempo que ele passou perto de você possa ter feito com que ele tivesse passado a gostar de você e que ele possa ter se arrependido de verdade?
- Mãe, ele não tem que sair por ai apostando que consegue transar com os outros. Não tem. Isso é nojento. - Suspirou. - Por mais que eu goste dele...
- Filha... - Não terminou de falar. - Você que sabe...
- Além do mais ele tem namorada. - Cruzou os braços e fez bico novamente. Branca achou graça e não falou mais nada por um tempo. - Quanto que ela te deu?
- O suficiente pra pagar tudo que o medico inventar e se faltar, ela falou que pode falar com ela. - Sophia bufou. - Ela se sente culpada pelo que o filho dela fez, por isso esta tentando ajudar.
- Como sempre, eles resolvem as coisas com dinheiro e acham que tudo vai ficar bem. - Contando que ajude a Jhenifer.
Os dias que se passaram Sophia faltou a escola. Isso porque sua irmã ia passar por um transplante de medula e tinha que ter alguém com ela. Branca tinha que trabalhar, então Sophia faltou três dias de aula, deixando os amigos preocupados.
- Irmã, e se der tudo errado? - Jhenny falava com a voz fofa. - E se eu morrer?
- Ei, você não vai morrer. - Sophia respondeu alto. - Você ainda tem muito o que viver. Esse transplante que você vai fazer daqui a pouco, ele vai te curar e você vai ser como as outras crianças...
- Eu vou poder deixar o meu cabelo crescer? - Ela disse empolgada e Sophia sorriu.
- Sim, ele vai ficar lindo e comprido. Você vai ficar mais gata do que já é. - A menina sorriu feliz.
- Eu juro que nunca mais vou cortar ele, ele vai chegar no pé. - Falou rindo. - E eu vou querer pintar ele de rosa.
- De rosa? - Ela assentiu.
- Rosa é lindo, vou querer fazer muitas coisas quando meu cabelo crescer. - Sophia deu um beijo em sua mão.
- Só quando tiver mais velha, duvido que a mamãe deixe você pintar o cabelo de rosa agora. - Sophia cortou o barato dela e ela fez um bico. Ela se parecia muito com a irmã.
- Chata. - Sophia riu e algumas enfermeiras entraram no quarto com uma maca. Os olhos da menina se arregalaram assustados. Ela não soltava a mão de Sophia. - Irmã, não deixa nada acontecer comigo.
- Não vai, eu vou te proteger. - Uma das enfermeiras colocou algum sedativo no soro e em poucos instantes a menina dormiu. A colocaram na maca e levaram para a sala de cirurgia. Sophia foi para a sala de espera com o coração na mão, não demorou muito para que a mãe chegasse e elas ficaram de mãos dadas, ambas nervosas. Aquilo tinha que dar certo.
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Virada [EM REVISÃO]
RomantizmQue o mundo dá voltas, todo mundo sabe. Mas você vai esperar que isso aconteça justo com você? Que todo o mal que foi feito com brincadeiras estupidas no ensino médio fosse atrapalhar a sua vida anos depois? Que fosse se apaixonar pela maior vitim...