- Júlia?! - Perguntou assim que entrou, a menina estava deitada embaixo da coberta, encolhida. - A mamãe precisa conversar com você. - Ela não se mexeu, Soph foi até a beirada da cama e se sentou. - Filha, eu sei que você está acordada, vamos conversar.
- Sobre o quê? - Sophia puxou a coberta revelando a menina. - Vai me bater de novo.
- Júlia, a mãe errou muito com você todo esse tempo. Eu trabalhava demais e não podia ficar tanto com você e por isso você é tão apegada nesse seu pai, mas o que você fez foi errado, muito errado.
- Eu só fiz o que meu pai mandou. - Ela se sentou e ficou segurando seus pés, a voz doce como sempre que Sophia tanto amava. - Ele disse que se eu fizesse aquilo, nós três iamos viver juntos de novo. - Sophia suspirou.
- Meu amor, o seu pai está doente. - Procurou mil maneiras de dizer aquilo, mas era muito complicado. - Muito doente, ele faz coisas muito erradas e está envolvendo você nessa bagunça toda. - A menininha não entendia nada, seus olhos encheram de lagrimas ao imaginar o pai doente.
- Ele vai morrer? - Perguntou a mãe, já estava nervosa. - Eu vou ficar sem meu pai?
- Não filha, seu pai não vai morrer, ele vai se tratar e ficar bem de novo e mesmo quando ele ficar bom, nós não vamos viver juntos outra vez.
- Mas por que, mamãe? - Ela suplicou. - A gente era tão feliz.
- Não, filha. - Suspirou novamente. - Eu não era feliz, o seu pai me maltratava demais, me mantinha presa a ele, me machucou... Lembra quando a mamãe colocou aquele negocio branco aqui no nariz? - Ela assentiu, prestando atenção. - Foi por causa do seu pai. Eu quero que você entenda que eu não me separei do seu pai por causa de outro homem, separei porque ele me fazia mal.
- Mas mamãe... - Ela não tinha o que falar, não entendia da bagunça que era a vida dos pais, mas não gostou de saber que seu pai machucava sua mãe. - Como ele machucou seu nariz? Ele te bateu? - Arregalou os olhos. - Namorado não pode bater na namorada, eu vi na televisão.
- Isso filha, não pode. - Sorriu pra filha. - Promete pra mim que vai deixar de implicar com o Micael? - Ela balançou a cabeça. - Quando você crescer, nunca deixe que ninguém faça com você o mesmo que ele fez comigo. - Puxou a filha para um abraço. - Eu te amo muito, meu amor.
- Eu também te amo, mamãe. - Ela disse de forma espontânea e fez a mãe sorrir. - Eu não vou poder ver meu pai de novo?
- Não agora, filha. - Ela ficou triste. - Mas ele vai ficar bom, ai você vai poder passar o tempo que quiser com ele. Agora vamos lá pra baixo fazer uma lanche porque eu estou morrendo de fome. Pegou a menina no colo e as duas foram para a cozinha.
Dois meses depois.
Trabalhar na empresa depois que Thiago estava na clinica estava sendo a coisa mais prazerosa do mundo para Sophia e para Micael, que tinham paz. Os dois ainda não tinham reatado o namoro, mesmo que Sophia dissesse que tinha resolvido tudo com a filha, Micael se mostrava irredutível.
- Você vai a festa hoje? - Sophia perguntou enquanto arrumavam as coisas para ir embora. Era sexta-feira.
- A festa na nossa escola? - Ergueu uma sobrancelha. - Pra ver todo mundo casado e com filho e eu aqui envelhecendo e sem ninguém? Acho que não.
- Primeiro que você está sem ninguém porque é teimoso e vai ser legal. - Deu de ombros. - Vamos, vai começar as nove. - Pegou sua bolsa e saiu da empresa, passou em casa rapidinho e foi para o salão. Fez unha, cabelo, maquiagem, tudo o que tinha dinheiro, chegou em casa outra pessoa.
- Ih, mãe. - Jhenny gritou. - Hoje tem treta. - Riu.
- Que treta o que, tem uma festa de reencontro da galera da escola, vai ser lá na quadra da escola. - Disse empolgada. - Eu vou com a Lua, o Arthur
- Vai chegar de madrugada né, hoje a noite vai render. - Constatou rindo.
- Eu não vou ficar muito tempo lá não. Já não tenho mais toda essa energia. - Riu e correu para o quarto.
Sophia riu e foi colocar seu vestido de noite, preto, justo e com um belo decote nas costas. Seus cabelos presos em um coque a fazia ficar ainda mais elegante. Calçou seus saltos e quando olhou no relógio se assustou ao ver que já passava das nove. Correu para o carro e nem se despediu da mãe, da filha e da irmã.
Ficou curtindo a musica até chegar á escola. Sophia sentiu tanta nostalgia ao entrar por aquelas portas. Tinha passado tantos anos naquela escola de riquinhos idiotas. Riu consigo mesma. Assim que entrou, passou o olho pelo lugar lotado procurando seus amigos. Tinha certeza que a musica alta a deixaria com dor de cabeça no dia seguinte.
- Eii loira! - Mel falou quando ela se aproximou da mesa. Mel, Chay, Lua e Arthur estavam ali. - Quanto tempo! - Sophia abraçou um por um e depois se sentou.
- Como vocês estão? - Chay perguntou. - Pelo que eu sei vocês se encontram sempre e excluem nós dois. - Fez careta.
- Nada disso, vocês que somem. - Lua respondeu rápido.
- E o Micael, alguém sabe se ele vem? - Mel perguntou e ficou sem entender a cara de bunda que os amigos fizeram. - Ih, gente o que eu falei de errado? Já se passaram dez anos, Soph.
- Micael namora a Sophia. - Lua disse quando o silencio reinou e só a batida da musica estava presente.
- Namorava, Lua. - Sophia falou baixinho. E Fez Chay e Mel arregalarem os olhos.
- Você se separou e teve um remember com o Micael? - Chay perguntou entusiasmado. - Eu não acredito nisso.
- Pode acreditar, pena que não durou muito. - Lua sussurrou.
- Chega né gente, estamos aqui pra relembrar coisas boas, não coisas ruins. - Suspirou. - Deixa o Micael onde quer que ele esteja. - Forçou um sorriso.
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Virada [EM REVISÃO]
RomanceQue o mundo dá voltas, todo mundo sabe. Mas você vai esperar que isso aconteça justo com você? Que todo o mal que foi feito com brincadeiras estupidas no ensino médio fosse atrapalhar a sua vida anos depois? Que fosse se apaixonar pela maior vitim...