Virada - Capítulo 46

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- Sabe... - Sophia atraiu a atenção de Micael. - Você até que não cozinha tão mal. - Cortou mais um pedaço da lasanha que tinha diante de si. 

- Que abusada, isso ai é um elogio? - Ergueu uma sobrancelha segurando o riso. 

- É sim, só não deixe que lhe suba a cabeça. - Ficaram sérios alguns instantes antes de caírem na gargalhada. 

- Você é boba demais, sabia? - Ela assentiu. - Não sei como aguentei ficar tanto tempo longe de você. - Estendeu a mão para acariciar a bochecha da mulher, ela por sua vez, deitou o rosto em sua mão, aproveitando o carinho. 

- Eu também não sei como eu aguentei. - Suspirou. - Nossa vida era pra ser tão diferente, se eu não tivesse sido tão teimosa na escola, hoje a gente teria casado, teríamos um filho ou dois... 

- Ei, se você não tivesse sido teimosa muita coisa podia ter acontecido. - Ele franziu a testa. - Lembre-se que eu era um adolescente desprendido das mulheres. - Ele falou rindo e ganhou um beliscão. - É brincadeira amor. 

- Brincadeira nada, é bem verdade. Toda semana uma diferente, bando de vagabunda sem amor próprio. - Ele fez cara de brava enquanto comia e arrancou risos do namorado. - Isso não é engraçado. 

- É claro que é. - Riu ainda mais. - Eu não tinha culpa se todas as meninas queriam ficar comigo na escola. 

- Ah, você tem sim! - Falou braba. - Se você não ficasse fazendo rodizio!

- Eu não gostava de nenhuma delas, elas não significaram nada pra mim. - Deu de ombros. - Eram só meninas que queriam seus quinze minutos de fama ficando com o popular do colégio. 

- E você as ajudava todo contente. - Seu bico ficava cada vez maior. - Sem vergonha. 

- Eu ajudava até você entrar na minha vida e fazer eu ficar pensando em você o tempo todo. - Seu bico foi se desfazendo. - Parece que você tinha feito macumba, simpatia ou sei lá o que pra mim. 

- Ei, eu nunca fiz nada tá. - Soltou um sorrisinho. 

- Claro que fez! - Ela ergueu a sobrancelha. - Você foi a pessoa mais sincera que já se aproximou de mim. Você não estava comigo porque eu era popular, você estava comigo porque gostava de estar comigo, me achava legal. 

- É porque eu te observava desde o primeiro ano e nunca tinha imagino você comigo. - Seu bico totalmente desfeito, ela agora ria. - Ai do nada você me chamou pra estudar. 

- Os motivos foram errados, mas no final deu tudo muito certo. - Arrastou a cadeira para o lado de Sophia. - Ainda bem que não acabou naquela escola. 

- Sim e agora nada mais separa nós dois. - Ela lhe deu um selinho. 

- Nada mais. - Colou suas testas e fez carinho nela novamente. - Eu te amo tanto. 

- Não tanto quanto eu te amo. - Ele sorriu antes de beija-la, ainda á mesa. 

- Acho que nós devemos ir pra sala ver um filme. - Ela falou escapando dos lábios de Micael que suspirou. - Descansar a janta. 

- "Descansar a janta" - Ele bufou. - Dá pra perceber quando você quer fugir de mim. - Sua voz manhosa fez Sophia rir. 

- Não quero fugir de você, quero descansar a janta. - Ela riu ficando de pé e juntando os pratos. - Vai me ajudar a tirar a mesa? - Ele só assentiu e foi ajuda-la. Após Sophia lavar toda a louça os dois foram para a sala e se deitaram no sofá, Sophia acessou a netflix a procura de um filme divertido que pudessem assistir. Micael colocou a mão em seu peito e ela se desconcentrou. - Que isso gente? 

- Minha mão tem vida própria. - Ela riu, não o repreendendo e colocou o primeiro filme que viu,  não estava a fim de procurar mais nada. O filme começou e antes da metade sentiu a barba de Micael roçando em seu pescoço. Se arrepiou por inteira quando ele depositou alguns beijos por ali. 

- Não está prestando atenção nenhum no filme né. - A essa altura nem ela prestava mais atenção. 

- Esse filme está chato demais, conheço uns bem mais legais. - Ele beijou sua orelha e fez Sophia arfar. A loira se virou e encarou Micael, mas antes que falasse alguma coisa, ele a beijou voluptuosamente. Sua mão subindo pela coxa e a outra apertava mais Sophia contra ele naquele pequeno sofá. Arrastou sua calcinha para o lado e quando seus dedos estavam quase lá, batidas na porta ecoaram pelo apartamento assustando os dois e quase que Sophia caiu do sofá. 

- Não tem interfone nesse prédio? - A mulher agora estava mau humorada. - O povo vem direto pra porta. 

- Deve ser alguém conhecido para que o Davi tenha deixado passar. - Se pôs de pé. - Acho que podemos fingir que não tem ninguém em casa. 

- Acho que o Senhor Davi - Falou o nome com desprezo. - Deve ter falado que você está em casa. Abre logo essa porta porque essas batidas estão me irritando. - Se sentou no sofá olhando para o filme que agora nem entendia o que estava acontecendo, enquanto Micael foi atender a porta. 

Micael caminhou a passos lentos esperando que todo seu corpo voltasse ao normal depois dos amassos com Sophia. Quando abriu a porta se surpreendeu ao ver Daiane ali parada e fechou a porta outra vez, mais batidas ecoaram e Sophia voltou sua atenção para a porta. 

- Quem é? - Perguntou curiosa e caminhou pra perto de Micael que não respondeu, só abriu a porta de novo. 

- O que quer aqui, Daiane? - Ela arregalou os olhos ao ver Sophia. 

- Como assim o que faz aqui?! - Estava com expressão de raiva. - Você sumiu sem dar explicações, Micael. A gente tinha um lance que estava ficando sério e você não teve nem coragem de ligar e dizer que estava ficando com uma piranha qualquer por ai? - Gritou na porta de Micael e Sophia deu um passo a frente. 

- Piranha não, eu exijo respeito. Você ficou doida? - Elas ficaram se encarando e o clima pesou, Micael prevendo uma briga, entrou no meio das duas. 

- Gente, está havendo um erro de comunicação, apenas isso. - Ele disse antes de ser estapeado pelos dois lados. - Parem com isso.

- Você que tem que tomar vergonha na sua cara, pelo visto é o mesmo da escola. - Sophia desapontada se afastou um pouco. 

- Espera ai, Sophia? - Ele gritou a fazendo parar. - Você não tá vendo ela dizer que eu sumi? - Cruzou os braços e a mulher se virou para olha-lo com atenção. - Eu e ela tivemos alguma coisa sim, mas começou no mês em que você decidiu que ir dar "uma chance pro seu casamento" - Debochou. - Aquele mês que você decidiu que não queria ficar comigo e ainda por cima ficou desfilando com o idiota do seu ex marido pra cima e pra baixo na minha frente lá na empresa. Foi ai que eu conheci a Daiane e realmente tive algo com ela. 

- Teve algo comigo e não teve a decência de me avisar que não queria mais. - Levou um tava de Daiane. - E as minhas coisas que estavam aqui, jogou fora? - Ele a encarou com um suspiro. 

- Não, está tudo aqui. - Ele respondeu. - Espera aqui que eu vou buscar. - Disse saindo da sala e deixando as duas mulheres ali sozinhas. Elas não paravam de se encarar nem por um instante. 

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora