Virada - Capítulo 149

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- Cara, você vai comprar uma briga gigantesca com a Sophia. - Arthur dirigia para a casa de Micael. Já passava de oito da noite. - Eu não quero nem ver.

- Eu não ligo Arthur. - Fez uma careta, estava sentindo uma dor terrível. - Se eu não fizesse isso, ela ia acabar conseguindo o que queria e eu não estou afim de arriscar.

- Mas isso é uma decisão para o casal né. - Seguia olhando para a estrada. - Não acho tão maluco ela querer um bebê.

- Não é possível que ninguém acha isso uma loucura. - Fechou os olhos. - Eu não sou um cuzão, eu só não quero um bebê.

- Tá, mas eu não acho certo ter feito a vasectomia sem avisar a ela. - Desviou atenção da rua por um instante.

- Agora já tá feito. - Deu de ombros sem abrir os olhos. - Acabou.

- Você está errado, meu amigo. Você começou uma guerra. - Estacionou na frente da casa de Micael. - Está entregue, boa sorte.

- Você é tão encorajador, Arthur. - Micael debochou e em seguida apertou a mão e deu um abraço em Arthur.

Entrou em casa e encontrou Sophia deitada de barriga pra cima no sofá. Uma mão na barriga, outra no rosto tampando a luz. Não tinha sinal das meninas ali.

- Onde você estava? - Sophia disse sem se mexer. - Levou mais de três horas do trabalho pra casa.

- Eu sai com o Arthur. - Ele deu de ombros e se aproximou de onde sua esposa tava. Ela se sentou e o encarou por um instante.

- Porque você está andando estranho dessa forma. - Fez uma careta e toda coragem que Micael sentia se foi ao olhar de Sophia. - Aconteceu alguma coisa com você?

- De certa forma sim. - Se sentou numa poltrona e ficou pensando em que palavras usaria naquela ocasião. - Você não estava sem falar comigo?

- Você me deixou preocupada. - Ela sorriu. - Mas continuo chateada.

- Porque você não esquece esse lance de ter um bebê? - Sophia bufou.

- Como se desse pra esquecer, nós vamos acabar tendo um bebê. - Ele soltou uma risadinha. - Não entendi a graça.

- Quer saber onde eu estava? - Toda sua coragem voltou depois da última frase de Sophia. A loira assentiu. - Eu fui a uma clínica e fiz uma vasectomia.

- É o quê? - Ela ficou de pé encarando Micael com raiva. - Você saiu do trabalho, achou uma clínica, fez uma vasectomia assim, do nada?

- Do nada não, eu não quero ter mais filhos! - Ficou de pé também.

- Eu não sabia que você era tão estúpido assim! - Disse alto. - Você não podia ter feito isso sem ter me consultado. Isso era pra ser uma decisão a dois.

- Claro que não, o saco é meu! - Sophia respirou fundo.

- Então eu lamento te informar que você cortou seu saco atoa, idiota. - Sorriu. - Eu já estou grávida!

- É o quê? - Arregalou os olhos. - Você está blefando. Nem fizemos nada desde que você começou com essa ideia besta.

- Só que eu já estava grávida quando comecei com essa ideia besta. - Gritou. - Eu descobri tem uns dias, eu só falei naquele dia pra saber qual seria sua reação e só não contei porque você foi embora e começou uma guerra porque eu falei que queria um bebê. Mas eu não sabia que você seria capaz de fazer isso comigo.

- Puta que pariu. - Ele se sentou de novo e colocou as mãos na cabeça. - Eu não acredito nessa merda.

- Eu já estava chateada com a sua reação, mas eu estou péssima com essa sua decisão de fazer essa vasectomia sem falar comigo. Se eu realmente quisesse ter um bebê, eu largava de você e ia achar alguém que pudesse me dar um bebê, ou eu ia fazer uma inseminação artificial. Eu não preciso de você pra sustentar o meu bebê, então isso não ia mudar nada na minha vida.

- Você podia ter falado que estava grávida já. - Ele falava baixo agora.

- Se você não tivesse reagido tão mal. - Ela suspirou.

- Como foi que isso aconteceu? - Ele perguntou baixo.

- Depois de todo aquele lance com o Thiago o meu remédio ficou meio descontrolado, mas depois eu acertei, mas pelo visto, não foi suficiente.

- Lance com o Thiago? - Ficou de pé novamente. - Você não está olhando na minha cara e dizendo que está grávida daquele psicopata não né? Porque eu não vou criar outro filho do Thiago, Sophia.

- Criar outro filho do Thiago... - Os dois ouviram a voz baixa vindo da porta de entrada. Júlia e Cléo estavam ali, paradas e eles não sabiam há quanto tempo ouvindo aquela discussão. - É isso que eu sou? Um peso? A filha do Thiago que você criou por caridade?

- Você sabe que não é assim, Jú. - Ele se virou pra ela e falou muito mais baixo do que antes. - Você virou minha filha. Eu amo você.

- Não pareceu. - Ela subiu as escadas com pressa.

- Hoje você só está acertando hein. - Sophia disse brava. - E não, não é outro filho do Thiago pra você criar, estou grávida de um mês só. Eu só quis dizer que aquele episódio bagunçou minhas injeções e eu acabei me confundindo. Eu estou realmente decepcionada com você!

- Também não é pra tanto. - Deu um passo pra se aproximar, mas ela se afastou. - O que está feito, tá feito.

- Hm, belas palavras. - Ela bufou. - Acho bom você achar um lugar pra dormir que não seja no meu quarto hoje. Boa noite. - Subiu as escadas com a Cléo e ele ficou ali, se sentou de novo depois de um tempo.

Bateu na porta do quarto algumas vezes pra pegar uma roupa, mas Sophia não abriu. Ele acabou desistindo e foi até o quarto de Júlia. Essa abriu a porta, mas também não tinha uma cara muito boa.

- Será que a gente pode conversar? - Micael perguntou e o rosto da menina não ficou nem um pouco mais simpático. Mas ela deu espaço pra ele entrar. - Você sabe muito bem que eu estava irritado quando disse aquilo.

- Isso muda alguma coisa? - Ela cruzou os braços. - Realmente muda alguma coisa?

- É claro que muda, eu amei e cuidei de você todos esses anos. - Sua voz era calma. - Você sabe que eu amo você.

- Ou eu sou só a filha do Thiago que você teve que cuidar porque queria ficar com a minha mãe. - Já tinha os olhos cheios de lágrimas, mas não estava chorando.

- Para de falar besteira, eu e a sua mãe quando ficamos irritados nós falamos coisas sem pensar. Você é o amor da minha vida, junto com a sua irmã e a sua mãe. Não importa se você tem o sangue do Thiago ou de quem quer que seja, você sempre vai ser minha filha. Me desculpa pelo que você ouviu.

- Minha mãe contou pra você que está grávida? - Ela perguntou depois que desfez o bico.

- Você sabia disso? - Foi a vez dele fazer uma careta.

- Ela me contou hoje mais cedo, na hora do almoço. Pediu até segredo, não esperava que fosse te contar hoje.

- Sabe porque ela me contou? - Ele Ergueu uma sobrancelha. - Porque eu fiz uma vasectomia.

- Tá de brincadeira?! - Colocou as mãos na boca. - Estava levando a sério o lance de não ter um bebê.

- Pois é, mas foi atoa porque a sua mãe já estava grávida há mais de um mês. - Se sentou na cama.

- Mas um bebê chegando não pode ser um motivo pra essa brigaiada toda. - Júlia segurou a mão do pai. - Minha mãe tem que ir ao nutricionista, ao psicólogo, fazer mil exames, e uma tonelada de consultas medicas. Ela precisa de você mais do que nunca.

- Sua mãe que não quer falar comigo. - Cruzou os braços e ela olhou debochada.

- Claro que não quer, se eu fiquei chateada com uma frase, imagina ela que ouviu tudo o que você falou?

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora