Virada - Capítulo 71

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- Você só pode estar de brincadeira! - Vanessa então sorriu. - Você é a Sophia? A filha da tia Branca que fazia os melhores cookies do bairro? 

- Issooo! - Disse empolgada. - Eu sabia que te conhecia! 

- Eu não acredito! - Tinha a mão na boca, estava realmente surpresa. A mulher foi dar um abraço em Sophia e o olhar de reprovação de Micael não era nem um pouco discreto. - Menina do céu, por onde você andou?

- Depois que a gente se mudou de lá de São João aconteceu tanta coisa, menina! - Suspirou. - Você não tem noção. 

- Eu imagino que tenha acontecido. - Olhou com um sorriso para a menina que agora estava escondida atrás de Micael. - A gente tem tanto papo para pôr em dia! Me dá seu telefone?

- É claro que sim! - Respondeu animada, Vanessa estendeu o celular, mas antes que Sophia pudesse pegar o celular, Micael puxou seu braço. 

- Será que você pode me explicar isso tudo? - Ela o encarou feio. - Você só pode estar brincando, Sophia. 

- Primeiro, me larga. - Puxou seu braço. - Segundo, a gente conversa depois. - Virou sua atenção a mulher ali parada e pegou o celular, lhe dando seu numero. - Me liga pra gente marcar alguma coisa, minha mãe vai amar te rever. 

- Sim, eu vou ligar sim, com certeza! - Deu um outro abraço em sua amiga de infância. - Agora nós vamos indo. 

- Tudo bem, a gente se fala. - Sorriu. Micael se despediu dos seus amigos e observou eles se afastarem. 

- Será que agora você pode falar? - Ele perguntou a Sophia e ela suspirou, segurou na mão da filha e andou rápido para a casa, e o namorado foi atrás. 

Eles não falaram nada o caminho todo, um clima terrível entre os dois quando passaram pela porta, todo mundo sentia. Branca, Jhenny e Osvaldo estavam na sala, vendo um filme de ação.

- Júlia, fica aqui e você sobe. - Micael ergueu uma sobrancelha pra ela, mas não discutiu, aquilo estava a incomodando. 

- O que aconteceu? - Branca perguntou a neta quando viu os dois saírem de suas vistas.  

- Eles ficaram de bem, mas eu acho que já brigaram de novo. - A loirinha fez uma careta. - Encontramos umas pessoas na rua, uma pareceu amiga da mamãe. 

- Amiga? - Estranhou. - Só nos resta esperar. 


Sophia fechou a porta depois que entrou em seu quarto e respirou fundo muitas vezes antes de se virar e falar com Micael, não queria ser grossa, mas precisava colocar limites nele. Não podia deixar que se tornasse uma especie de Thiago em sua vida. 

Ela encarou o namorado que estava escorado no armário com os braços cruzados, não parecia nem um pouco feliz, mas ela também não estava. 

- Você pode me explicar que palhaçada foi aquela? - Tentou achar mil maneiras, mas acabou sendo grossa. 

- Palhaçada? - Franziu a testa tão irritado quanto ela. - Quem fez palhaçada foi você! 

- Eu reencontrei uma amiga minha! - Pronto, a conversa sadia e calma que ela estava tentando ter, já tinha ido água abaixo, mas também não tinha feito muito esforço pra entender. 

- Você encontrou a desgraçada da minha ex. A ex que desgraçou a minha vida, Sophia. - As palavras gritadas iam muito além das paredes daquele quarto. - Você encontrou aquela desgraça e o que fez? Deu a ela o seu número de telefone. 

- Eu não tenho culpa se você ia casar com ela e muito menos que ela te traiu. - Deu de ombros. - Você não pode me proibir de ter amigas Micael, isso não é legal e eu não vou permitir que me diga com quem eu devo falar ou não. 

- Eu jamais faria isso e você sabe, mas essa não é uma situação normal. Você não pode ser amiga daquela mulher. 

- Eu posso ser amiga de quem eu quiser. - Suspirou e começou a abaixar o tom. - Nós nascemos praticamente juntas, convivemos até os meus 7 anos, eramos melhores amigas!

- E ela nem lembrava de você. - Bufou.  - Você nunca me contou uma historia com ela, Sophia. Nunca nem sequer falou o nome dela pra mim, não vem com essa de melhores amigas. 

- Ela não me reconheceu, mas ela lembrava de mim. - Rolou os olhos. - E eu não contei porque é coisa minha ué, não é como se a gente tivesse muito tempo de namoro. - Foi a vez dela cruzar os braços. - Tivemos uma semana na escola e agora alguns meses, você não sabe muita coisa sobre mim ainda. 

- Será que você pode pensar em mim? - Suplicou. - Você manter contato com aquela mulher, vai me machucar. Eu não quero estar perto de alguém que só me fez mal. 

- Você não vai estar perto, eu vou. - Colocou as mãos nas têmporas. - Eu amo você mais que tudo, mas você não pode decidir com quem eu saio ou não. 

- Você está sendo tão injusta. - Falou baixo. - Eu faria isso por você. 

- Micael, não é como se eu tivesse conhecido a sua ex e ido lá fazer amizade, eu já a conhecia. - Deu um passo pra se aproximar dele. - Eu só quero conversar com ela, saber das coisas. Não tem nenhuma garantia de que nós vamos voltar a ser melhores amigas. Até porque a Lua me mata. - Ela sorriu. 

- Você não se importa nem um pouco com o fato dela ter sido minha noiva? - Ergueu uma sobrancelha. 

- Ela te traiu é obvio que não gosta mais de você. - Deu de ombros e Micael fez uma careta. 

- Nossa, obrigada! - Se afastou. - Eu gostava dela, Sophia. Eu a amava. Isso realmente não te incomoda. - Foi a vez dela fazer uma careta. 

- Você disse que nunca amou ninguém como me amou. - Se aproximou dele de novo. - Era mentira? 

- Não, não é mentira. - Encarou os olhos azuis penetrantes. - Eu a amei de uma forma diferente, mas amei. Eu quis casar e construir uma familia com ela. 

- Você está me dizendo essas coisas pra quê? 

- Porque você é louca, as garotas que eu nem gostava na escola você quase arrumou confusão e foi parar no hospital. Agora, alguém que realmente foi importante na minha vida, uma vaca desgraçada e miserável, você quer ser amiguinha. 

- Micael... - Ele ergueu uma mão fazendo ela se calar. 

- Você tem direito de escolher suas amizades. - Deu de ombros. - Vá em frente, só não se arrepende depois que a nossa relação virar um estresse só por causa dessa maldita garota. - Caminhou até a porta. - Eu vou embora. 

- Fica aqui hoje, eu não quero ficar brigada com você. - Tentou se aproximar novamente.

- Hoje não, eu prefiro ir pra casa, amanhã a gente conversa. 

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora