Virada - Capítulo 110

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- Eu acho que não vou conseguir ir trabalhar hoje não. - Sophia disse enquanto amamentava a filha, agora com pouco seis meses, e fazia carinho em sua cabeça. - A minha gordinha precisa de mim. - Micael que estava de cueca vasculhando o armário a procura de sua roupa do dia, soltou uma risada. 

- Você disse isso a semana passada inteira. - Não deixou de rir. - Se você não quer mais trabalhar, pede demissão. 

- Eu não posso jogar toda a minha carreira no lixo. - Ela fungou, o moreno olhou pra trás e viu a namorada chorando. - Mas a minha bebê ainda é tão pequenininha. 

- Meu amor, você está fazendo um pouquinho de drama. - Voltou a rir e ela lhe deu uma olhada fatal que fez com que cessasse quase imediatamente os risos. - Sophia. - Caminhou e se sentou ao lado da esposa, segurou a mãozinha da neném. - Uma hora você vai ter que voltar, senão a Natália vai ser efetivada e você vai perder seu emprego, mas meu amor, você não tem necessidade de trabalhar, eu posso te dar tudo o que você quiser. 

- Ah, para. - Se levantou e colocou a filha pra arrotar. - Eu nunca dependi de homem nenhum. 

- Que besteira, eu só acho que se você não quer ir, não precisa. - Ela o encarou analisando a proposta. - Fica com a nossa filha, ela é tão apegada a você. 

- E se eu levar ela pra empresa? - Micael riu com a ideia e Sophia chutou ele de leve. - Que foi, nem é tão absurdo assim. 

- Sophia, vamos se arrumar logo. - Levantou e bateu palminhas. - Você não vai desistir do emprego, então vamos que não quero me atrasar. 

- Você é tão insensível. - Fez uma careta. 

- Você que tá sensível demais, parece até que é sua primeira filha. - Ele ergueu as mãos e a bebê foi para seu colo com um sorriso. - Você conseguiu ir trabalhar quando teve a Jú. 

- E eu não quero cometer o mesmo erro. - Já estava chorando de novo. Ergueu a mão pra pegar a filha de novo, mas Micael não entregou. 

- Pro banho já, você não decide, então eu decido por você. - Apontou para o banheiro. - Eu vou botar uma roupinha na Cléo e arrumar a bolsa dela pra levar pra sua mãe. E não esquece de tirar leite pra deixar lá. - Sophia foi para o banheiro como uma criança birrenta. 

Ele colocou a filha sentada na cama e vestiu uma calça, em seguida a pegou de volta e saiu do quarto, pronto pra arrumar a bolsinha da neném com tudo que ela fosse precisar pra aquele primeiro dia longe da mamãe. 

- Papai... - Júlia apareceu no quarto da Cléo. - A mamãe vai trabalhar hoje?

- Vai sim, uma hora ela vai ter que voltar. - Abotoou o body da filha. 

- E quem vai me buscar então? - Se sentou na cadeira de amamentação enquanto observava Micael passar a escovinha nos cabelinhos da irmã. 

- Nós vamos deixar a Cléo com a sua vó, então sua tia deve te buscar e levar pra lá. Ai no final do dia nós buscamos vocês duas. - A menina se animou, adorava a casa da vó. 

- Eba! - Bateu palminhas. - Eu gosto de ficar lá. 

- A gente sabe. - Ele riu e pegou a filha no colo, descendo pra cozinha com Júlia atrás dele. - Mas isso é só por enquanto. Nós vamos contratar uma babá pra ficar com vocês aqui. 

- Nós vamos? - Sophia vinha descendo as escadas já formalmente vestida com uma saia lápis preta e uma camisa social rosa claro. - Eu não sabia dessa novidade. 

- Nos não podemos explorar a sua mãe pra sempre né? - Ele perguntou retoricamente. 

- Tem a Dora, chama a Dora mamãe! - Júlia juntou as mãozinhas praticamente implorando e Sophia achou graça. 

- Quem é Dora? - Indagou e entregou a bebê a mãe. 

- Dora é a babá que ficava com a Júlia quando era menor. Desde que era só um bebezinho assim. - Balançou a Cléo. - Até uns três anos. 

- Eu pensei que era o Thiago que ficava com ela enquanto você trabalhava. - Ergueu uma sobrancelha. 

- Isso foi só no ultimo ano. Enfim... - Suspirou. - Eu prometo que vou ligar para a Dora e ver se ela está disponível, agora vamos terminar de se arrumar porque já passou da hora. 

A familia terminou de se arrumar e partiu para a casa da mãe de Sophia. Não era longe da deles e a despedida entre Sophia e a filha foi a coisa mais difícil que podia acontecer na vida dela. 

- Mãe, cuida direitinho dela. - Sophia disse ao passar Cléo pro colo da mãe. - E qualquer coisa me liga. 

- É claro filha, sempre cuidei muito bem da Jú. - Branca deu de ombros. 

- Tem tudo aqui na bolsa, tem casaquinho, tem manta, tem fralda, tem as mamadeiras com o meu leite. Ó ela mama de quatro em quatro horas um pouquinho. 

- Sophia, eu sei cuidar de um bebê! - Ela assentiu varias vezes e deu um beijo na filha que a olhava sem entender nada. 

- Meu amor, a gente vai se atrasar. - Micael tentava levar a mulher para o carro. 

- Tchau meu amor, mamãe já volta tá. - Beijou a menina mais algumas vezes e quando estava dentro do carro a menina começou a chorar. - Micael, eu não acho que vou conseguir. 

- Claro que vai. - Arrancou com o carro sem dar tempo dela sair. - Sua mãe vai entreter ela e já já ela para de chorar. Não precisa desse drama todo. 

- Já disse que você é um insensível? - Cruzou os braços e Micael assentiu. - Pois eu digo de novo. 

- Tá vendo como a sua mãe é Júlia? - Olhou pra ela pelo retrovisor. 

- Eu nem vou falar é nada. - Foi só o que a menina disse e tirou umas risadinhas de Micael. 

Os dois deixaram a filha mais velha na escolinha e foram para a empresa, aquele seria um longo dia. 

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora