Virada - Capítulo 105

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- Sabe que eu acho que você é a pessoa mais incrível que eu conheço? - Micael perguntou a Sophia enquanto a olhava dar de mamar. Eles já estavam em casa há uma semana. 

- Eu sei que eu sou. - Riu ainda olhando a bebê quase pegando no sono. - Você vai voltar a trabalhar hoje? 

- Eu vou ter que ir. Por lei a licença paternidade dura três dias, Osvaldo ainda deixou que eu ficasse uma semana. - Deu de ombros e se levantou para escolher uma gravata. 

- Eu vou ter que passar o dia sozinha nessa casa imensa. - Fez um biquinho. 

- Sophia não, a Cléo vai estar com você. - Sorriu. - E eu acho que a empregada vem hoje. 

- Micael, não me leve a mal, mas eu não quero passar o dia com empregadas. - Deu de ombros e a neném resmungou. 

- Então por que não chama uma amiga? - Parou em frente ao espelho para fazer o nó na gravata. - Liga pra Lua ou para a Mel. 

- Não dá, eles estão trabalhando também. - Fez uma careta. - É uma droga ser a unica a estar atoa. - Fez uma pausa. - Será que a Vanessa está atoa hoje? 

- Jura? - Bufou. - Tinha que ser justo essa mulher? 

- É uma das minhas amigas. - Argumentou enquanto guardava o seio. - E você não vai estar em casa, então não tem problema. 

- Tudo bem, o que quiser. - Disse num suspiro e vestiu o paletó. - Eu amo você demais. - Lhe deu um beijo e em seguida fez carinho na filha. - Mais tarde nos vemos. 

Ele saiu de casa e levou Júlia para a escolinha, em seguida seguiu para a empresa. Até chegar em sua sala recebeu inúmeras felicitações e elogios a sua filha. Estava feliz, pelo menos até entrar em sua sala. 

- O que é isso? Invasão? - Perguntou ao dar de cara com uma mulher sentada á mesa de Sophia. Ele a analisou bastante antes de se aproximar. Aparentemente magra e alta, a mulher tinha seu cabelo ruivo preso em um coque bem feito e alguns fios da franja caiam soltos pelo rosto. Sua pele era clara e seus olhos de um verde tão claro quanto água. A mulher o encarou por alguns instantes antes de falar alguma coisa. 

- Não tem sentido eu invadir a minha própria sala. - Se pôs de pé com um sorriso e uma mão estendida a Micael. - Prazer, eu sou Natália Moraes. - Micael esticou uma mão mas não falou nada. - Creio que deve ser o senhor Micael Borges, estou certa? 

- Sim, está. - Ergueu uma sobrancelha. - O que faz aqui e como sabe quem eu sou?

- Eu fui contratada pelo CEO da empresa para substituir uma moça que está em licença maternidade. - Deu de ombros e foi se sentar á mesa novamente. - Senhor Osvaldo já me explicou a rotina da empresa e ele mesmo me encaminhou para esta mesa. Também me contou um pouco de você, Senhor Borges. 

- Pode me chamar de Micael. - Ele foi se sentar á sua mesa. - Já que trabalharemos juntos pelos próximos meses. 

- Ah, que ótimo. - Lhe deu um leve sorriso. - Bom, eu comecei a trabalhar ontem e separei esses papeis por ordem cronológica e alfabética. Assim fica bem mais fácil de trabalharmos, não acha? 

- Uau. - Ele arregalou os olhos ao pegar os papéis da mão da ruiva, estava surpreso, seu trabalho com Sophia sempre se resumiu a uma bagunça. - Você é boa mesmo. 

- Eu cheguei aqui e estava tudo jogado, odeio trabalhar com bagunça. - Deu de ombros. 

- Me desculpe por isso, eu estava afastado há poucos dias também. - Já estava se familiarizando com a moça. 

- Estava doente? - Perguntou curiosa. 

- Que nada, é que minha filha nasceu! - Seu sorriso se abriu, ele não conseguia falar de Cléo sem sorrir. 

- Você é marido da mulher que estou substituindo? - Ele assentiu, orgulhoso. 

- Sou sim, Sophia. 

- Isso, Sophia, eu estou aqui tentando lembrar o nome dela há bastante tempo, só conseguia pensar em Samara, não sei porquê. - Os dois riram, até que poderiam se dar bem naqueles meses. - Você gostava de trabalhar com ela? - Ele fez uma careta. - Eu digo isso porque eu odiava trabalhar com meu marido. O dia que a gente estava mal o trabalho não rendia nem um pouco. 

- Isso já aconteceu muito com a gente também. - Voltou a rir. - Mas no final até que temos dias melhores! Você tem filhos também? 

- Sim, eu tenho um menino. - Virou um porta retrato que já tinha colocado sobre a mesa. - Kauã.

- Ah, ele é lindo demais. - Sorriu ao olhar o menininho de cabelos escuros. - Tem quantos anos? 

- Ele vai fazer cinco na semana que vem. - Sorriu. - Vou fazer uma festinha pra ele num salão aqui perto, quem sabe você e sua familia não dão uma passadinha por lá, eu e o Cris vamos adorar. 

- Ah, claro. - Assentiu varias vezes. - Eu aviso a Sophia. Se ela já se sentir preparada pra isso nós vamos sim. 

- Tudo bem, me avisa que eu te mando o endereço. - Balançou a cabeça. - Agora vamos trabalhar que as planilhas não vão se fazer sozinhas. - Sorriu e os dois continuaram a conversa, mas sobre assuntos de trabalho. 

Naquele dia, Micael chegou em casa empolgado para contar as novidades a esposa. Mas deu de cara com Vanessa segurando a Cléo na sua sala e murchou completamente. A careta dele não era nem um pouco disfarçada. 

- Onde está Sophia? - Perguntou já com um mal humor súbito. 

- Ela foi ao banheiro. - Ele rolou os olhos e se aproximou pra pegar a bebê do colo daquela mulher. - Eu não vou fazer mal a ela não! - Se defendeu após entregar a Cléo. 

- Nunca se sabe, Vanessa. - Deu um cheirinho na filha. Sophia vinha descendo as escadas. 

- Amor, você já voltou. - Falou empolgada e se aproximou para lhe dar um selinho. 

- Soph, eu vou embora, outro dia a gente se fala. - Disse já desconfortável naquela casa. 

- Eu te levo até a porta. - Acompanhou a amiga e as duas se despediram. Voltou para a sala e Micael estava sentado no sofá, encarando a bebê que dormia tranquilamente. - Como foi seu primeira dia sozinho? 

- Ih, você nem sabe das novidades... 

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora