Dagmar
- Ê mapoa vai me deixar torrar nesse sol do cão? - Falei passando o paninho em batidinhas na testa.
To passando um ácido no rosto pra eliminar as espinhas. Ô caralho de adolescência em.
E minha mãe dizia que quando eu fizesse 17 eu já nem teria mais. To vendo mesmo uma lombada na minha testa.
- Não precisa berrar porra! - Cecília disse saindo de casa.
- E ainda acha que tem direito de abrir essa boquinha de boqueteira. Você demora mais um pouco e minha base da ruby rose derrete. - Falei entrelaçando nossos braços.
- Ih Dag, ruby rose é péssimo, eu passo e lota minha pele de pêssego de caroço de espinha! - Cecília disse.
- Mentira bicha. - Berrei no meio da rua. - Eu tentando procurar o que tava fazendo minha pele ficar parecendo catapora! - Falei.
E eu que queria que ruby rose me patrocinasse, quero mesmo é que se foda.
Guiamos até minha casa, fui entrando dando de cara com a minha mãe descendo até o chão enquanto passava pano.
Eu passei por ela e fui até a cozinha, peguei o óleo de cozinha e sai indo pro quintal. Colocamos as toalhas no chão e eu comecei a tirar minha roupa ficando só de biquíni.
- Você já tá corada, não sei por que quer torrar mais ainda! - Cecília disse.
- Claro que to torrada, tu me deixou lá parada igual uma maluca! - Falei passando o óleo de cozinha no corpo.
Minha bunda parecia de grilo.
Não vejo a hora de por uns 200 ml em cada lado, e colocar meu peito.
Sonho de princesa.
- E o teu boy lá? Aquele nojento? - Cecília perguntou.
Ai meninas. Sentam ai e pega o cházinho pra ouvir a boneca aqui.
Conheci um boy. Me patrocinava legal. Ele envolvido com umas das bocas de fumo daqui, ele queria tudo escondido. Por que sempre é assim, homem aqui sai comigo e quer que seja escondido.
Fiquei com ele uns três meses, fiquei sabendo que ele era casado. A mona veio bater em mim. E eu que não podia descer o sarrafo nela, chamei minha tia. Miriã desceu o pau nela sem nem saber qual era do babado.
A nega lá fica se mordendo toda vez que me vê. Já falei que eu não quero o pau de quem já senta.
Tenho aquele sentimento ainda sabe?
Mas é aquele ditado, lembrando de um sentando pra vários.
- Ele veio querer me patrocinar no baile, eu fiquei do lado do meu pai, quem disse que ele mexeu comigo depois? - Falei gargalhando e colocando meu óculos de sol que tava sem a perninha.
Óculos babadeiro, mas vagabundo.
- Ele é um sujo Dag, ele fica mexendo toda vez que eu passo. Ai a mulher dele fica de bituca me encarando, mulherzinha mal amada, quem vai querer aquele bicho! - Cecilia disse.
Pilantra ele. Sorte dele que eu não disse nada pro meu pai. O erro foi meu mesmo de ciscar em um quintal que eu nem fui atrás de saber que tinha dona.
*****
A pirua da Cecília foi embora. Eu fui tomar aquele meu banho de beleza. Lavei meus cachinhos e fiz aquela hidratação de babosa.
Pensa num cabelo forte, mo babadeiro.
Eu sai do banho com a toalha na cabeça e fui pro meu quarto colocar meu fio dental, a saia e minha blusa. Lotei de creme o cabelo e passei meus perfumes doces.
Passei aquele batomzão vermelho e sai do quarto trombando com minha mãe.
- Vai aonde dessa vez em? - Minha mãe perguntou.
- Vou dar uma volta... - Falei saindo de casa.
Era todo dia a mesma coisa, eu ia com a Cecília pra praça só pra ver os boyzinhos jogarem bola. Aquela tentação. Sem camiseta, aquele suor caindo naquele peitoral.
Me deixa louca.
• aperta na estrelinha •
VOCÊ ESTÁ LENDO
Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.