Capítulo 02.

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IMPERATRIZ.

Demorou muito mais de uma década pros verme botar a mão na mamãe aqui, mas como eu sempre dizia em casa: a fatura de tudo que eu fiz um dia chega e esse dia infelizmente chegou. Foi num plano bem arquitetado pelo filho da puta do Alex junto com outro X9 que deu a minha localização que eu me vi doida dentro de um barraco com mais de quinze verme fortemente armados e prontos pra derramar meu sangue, caso eu tentasse uma reação. Só me restou me render e ser levada.

Saí do Alemão algemada e sendo exibida pra mídia igual um troféu de melhores do ano do programa da globo. Fui levada pra delegacia e lá o arrombado do delegado fez questão de chamar coletiva de imprensa pra me mostrar e eu abri meu melhor sorriso.

Meu pensamento é claro que estava em casa, meus filhos, meus netos, minha família e principalmente no meu marido que devia estar quebrando tudo em casa e tramando a minha fuga. Na mesma noite, chegou um advogado na intenção de fazer de tudo pra me soltar, mas o ministério público estava no ódio puro de mim. Passei pela audiência de custódia e não deu outra: Partiu pro meu novo condomínio na zona oeste, cheguei em Bangu. E como eu já esperava, queriam porque queriam que eu desse meu marido numa delação premiada... Eu conto ou vocês contam?

Particularmente, eu prefiro ir pro Irajá do que botar Murilo na mira desses filhos da puta! Eu sabia que se eles botassem a mão nele, ele não chegaria nem na portaria de Bangu.

Me jogaram no Bangu 8 e eu passei até um pequeno tempo animado lá. Eu falei que Murilo ia armar uma fuga pra mim, não falei? Só que deu errado e aí apanhei igual macho e fui pra solitária. Meus filhos tocaram o terror como represália, fiquei orgulhosa só nos primeiros quinze minutos. Mas o ato de ousadia e de coragem do PH de executar o Alex, mal sabia eu que isso ia trazer problemas maiores depois.

Aí fui mandada pra fora do Rio. Me guardaram na Papuda pelo tempo de uma gestação, terrível paz, tava tudo bem. Mas aí me levaram pra Recife e lá o bicho pegou porque meu poder estava um pouco enfraquecido.

Apesar de tudo que eu havia feito, eu era primária, tinha estudo, renda fixa e tinha muito daquilo que move o mundo: dinheiro! Então a minha vida não estava tão ruim assim, mas era ano de eleição e eu já sabia que não seria solta nem tão cedo.

Voltei pra Bangu finalmente, depois que eu matei uma lá no Recife porque ela ameaçou cortar meu cabelo e me dar um cala a boca eterno... Coitada! Nem meu marido que é considerado um dos maiores narcotraficantes do país me manda calar a boca, pra uma cadela qualquer daquela querer mandar? Não fode! Hadassa brabona conseguiu minha transferência e lá vem eu dentro de um avião da força aérea brasileira, me senti a grelinho de diamante!

Lá dentro da tranca conheci muita gente dos mais variados lugares, com processos penais diferentes e pensamentos diferentes. Trombei com muita detenta filha da puta, entrei pra dentro do problema com muitas delas que acham que meu vulgo de Imperatriz é coisa de mulher mimada pelo meu pai e pelo Murilo.

É... Muitas achavam que eu tocava o terror porque eu me garantia no meu homem, mas eu nunca me escondi atrás do MK pra nada! Pelo contrário, eu botava as caras juntinho com ele porque por onde formos, eu e ele nós seremos sempre um só.

Trombei também com mulheres guerreiras, mãe de família que nem eu, me emocionei ouvindo muitas histórias e deixei um pedacinho de mim em cada uma. Eu graças a Deus não era de passar perrengue, meu marido faz o possível e o impossível pra bancar os meus privilégios e o privilégio de quem me acompanhava e não tinha ninguém por ela, como era o caso da Dayane, a Daya.

DO JEITO QUE A VIDA QUER 3.Onde histórias criam vida. Descubra agora