Capítulo 111.

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RARO.

Como todo moleque favelado eu tenho uma história triste pra contar, mas eu não dou a mínima pra isso não, tá ligado? Eu fui fruto de uma gravidez definitivamente indesejada, bagulho de descuido mermo, maior caô.

Minha mãe tinha quinze anos quando engravidou do verme que não pode ser nem chamado de pai. Minha vó quando descobriu, botou minha mãe na rua e ela foi procurar o verme, ele não quis saber e ainda foi a diante, deu dinheiro pra ela e mandou ela me abortar. A coroa passou por uma gestação complicada, comeu o pão que o diabo amassou e eu fiz o favor de dar uma piorada engolindo água de parto e fiquei um tempo a mais no hospital.

A coroa trabalhou duro pra caralho, fome também nunca passei, mas também não sobrava pra quase nada e aquilo foi me dando uma revolta do caralho, mané e aí é que entra o crime no bagulho.

Logo no mesmo beco do barraco que eu morava tinha logo uma boca de fumo e tinha os cara que ficava marolando por lá o dia todo, daí como eu falava com todo mundo e passava uma grande parte do tempo sozinho não demorei pra fazer amizade com os cara e comecei como fogueteiro.

Fiquei um tempo nessa daí de soltar foguinho pra avisar os cara que os cana tava entrando, mas aí um tempo depois os maluco começou a morrer ou ia preso, aí subi pra vapor e fazia dinheiro igual tomava água, pô e nessa daí minha casa caiu pela primeira vez, mas foi em casa porque minha coroa descobriu e o bagulho ficou doido pra mim.

Apanhei pra caralho em casa, fiz uma garantia pra ela jurando que não traficaria mais, mas quando é pra ser, não tem jeito não, eu fui ganhando dinheiro bom, armário cheio, roupa boa, celular bom e aí não deu em outra. Aí fui gerente geral, fui ganhando moral com os grandão lá do PU e quando o mano Marcelinho morreu, eu caí no conhecimento dos caras da cúpula e aqui tô eu de patrão e quando isso aconteceu eu tinha apenas dezenove anos.

Hoje aos vinte e quatro anos, digo com todas as letras que dificilmente eu recebo ordens da cúpula do que eu devo ou não fazer dentro do Parque União, graças a minha inteligência que gerou uma confiança maneira nos cara e assim me deram autonomia pra fazer o que eu bem entendesse.

Sofri uma covardia dentro do PU e foi o que me obrigou a ter que vim pro Complexo do Alemão, mas é só questão de tempo porque agora é questão de honra.

A parte ruim é que de chefe e enquanto estivesse no Alemão, eu virei segurança de uma das filhas do Falcão que era o sub do Complexo e pior que a filha da puta é marrenta pra um caralho, mimada pra porra, mas ultimamente, depois do que aconteceu nos Macaco ela ganhou moral de mente inteligente e botou agora na cabeça que vai me ajudar a retomar o PU.

Se o pai dela não gostou dessa história, imagina eu tendo que aturar as ordens da gatinha?! É de tomar no cu, mermão! Mas é aquelas parada, preciso deles e vice e versa, não tem jeito.

Até que a Babi me chamava a atenção, não tinha aquelas frescura de mulher, tinha uma opinião formada e costumava defender o que acredita até o fim, mesmo falando umas besteira que nem sempre dá pra defender.

A poeira abaixou na terra do Corolla, ou seja, o Morro dos Macacos e ele estava comandando a comunidade de longe porque ainda corria risco de ter operação lá atrás dele.

Os cu azul ainda não ligaram o vulgo ao personagem, então Corolla preferiu se preservar até porque o processo do moleque dele tá quase no fim e um escândalo desse traria problemas a ele e a mina dele.

Saí do treinamento dos irmão, brotei na boca e o Corolla tava lá dentro olhando umas alianças e o PH separando dinheiro.

Raro: Quem vai casar? - fechei a porta por trás de mim.

DO JEITO QUE A VIDA QUER 3.Onde histórias criam vida. Descubra agora