Capítulo 91.

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BÁRBARA.

O dia amanheceu, o baile passou todo pro lado de fora e eu tava excelente ainda mesmo depois de ter sentado com meu avô pra beber várias doses de uísque. A gente secou o que tinha lá no camarote e ainda mandou trazer mais, ele foi pra casa com a minha vó como se nada tivesse acontecido.

A tropa dos mais quarenta da minha família também já tinha metido o pé, incluindo meu pai, ou seja, tô soltinha e sem fiscal no meu pé. Botei o óculos na cara, porque meu olho já tava puxadinho e vermelhíssimo, me permiti fazer besteira porque não é todo dia que a gente faz dezoito anos.

— Já deu de loucura não? - uma voz grossa falou no meu ouvido.

Me virei pra ver quem era e eu já estava vendo dois, fechei um dos olhos pra enxergar apenas um.

Bárbara: Não, agora é que eu vou começar a ficar maluca, tô boazinha ainda. - falei e senti meu corpo tombar pro lado e ele me segurou.

— É, eu tô vendo isso aí. - disse todo sério - Vou te levar pra casa, bora. - pegou no meu braço e eu me soltei dele.

Bárbara: Me solta, tá ficando doido? Quem é você? Eu nem te conheço. - gesticulei com a mão - Eu tô só levemente alterada.

— Por hora só teu segurança, infelizmente e teu pai que deu o papo quando tu tivesse pra lá de Bagdá era pra eu te levar pra casa. - disse sério e eu ri da cara dele.

Bárbara: Eu sou maior de idade, não preciso de babá, mas olhando bem pra você... - olhei pra ele de cima a baixo - Eu até viro bebezinha só pra te ma... - ele me interrompeu.

— Ir pra casa, criança. - continuou posturado.

Bárbara: Me põe no chão, cara. Minha calcinha, vai aparecer assim. - gritei e dei risada - Acho que perdi a calcinha no beco, socorro.

Ele me pegou igual um saco de batatas e foi me levando pra casa que até que não era longe de onde a gente estava. Acho que era papo de dez minutos lá pra casa, chegando lá, ele me botou no chão, abriu a minha bolsa e achou a chave do portão.

Bárbara: OLÁAAAAAA. - gritei e dei risada - Cheguei, velho caquético. - me joguei no sofá.

— Teu pai não tá no morro. - disse sério - Tô aqui fora, qualquer coisa grita. - fechou a porta da sala.

Bárbara: Aposto que tão no motel tentando dar um irmão pra mim e pra Maísa. - gesticulei com o dedo e dei risada.

Me joguei no sofá, eu sentia tudo girando, tava vendo dois fuzis perto da escada no lugar de um. Pra perturbar, eu fiquei em pé em cima do sofá e gritei.

Bárbara: Socorro, tem um bicho aqui. - gritei e o bofe entrou com a maior calma.

— Cadê o bicho, garota? - me olhou e parecia procurar.

Bárbara: Na sua frente. - tentei dançar e acabei caindo no sofá - Eu tô muito mal, cara. - comecei a chorar.

— Eu mereço, de chefe a babá de adolescente. - bufou - Vem cá, vem. - me puxou pela mão.

Bárbara: Você vai me levar pra cama sem nem um desenrolo, um beijo na boca, uma pegada de boss? - fiz biquinho e ele me pegou no colo e me levou pro quintal - Adoro uma aventura no quintal. - dei risada.

— Sua aventura vai ser gelada, te prometo. - me colocou encostada na parede - Fecha os olhos e não sai daqui. - falou no meu ouvido e eu me arrepiei.

Segundos depois só senti alguma coisa gelada, me afundando, quando abri os olhos era ele com uma mangueira, me dando um banho de cima a baixo. Eu saí da mira dele e ele apontando a mangueira na minha direção.

— Isso vai resolver teu problema. - disse sínico - Se acalmou?

Bárbara: Tô com frio. - bati os dentes e senti meu corpo tremer.

[...]

Acordei com uma ressaca moral, cabeça mais pesada que uma 762 carregada na hora da guerra, olhei pros lados e estava deitada no sofá com um sujeito me encarando. Passei a mão no rosto, eu me lembrava mais ou menos do vexame que eu dei e pelo menos estava de roupão.

— Misturar uísque e catuaba é descontrole na certa. - quebrou o silêncio.

Bárbara: E quem é você? Tá aqui por quê? - o encarei enquanto segurava minha cabeça.

— Raro. - disse curto e grosso - Te ajudei só, não fiz nada contigo, mesmo você fazendo um strip tease na minha frente. Tá tranquilo.

Bárbara: Deixa eu adivinhar, tu é o do PU que perdeu a comunidade pra Terceiro essa semana e veio se esconder aqui no Alemão. - falei de olhos fechados porque a minha cabeça estava estourando.

Raro: Perder é uma palavra que não cabe no meu dicionário, criança. Ganharam a batalha, mas não a guerra. - cruzou os braços.

Bárbara: Vocês deram muito mole, isso sim, eles não tem força bélica pra sustentar guerra de uma semana, o contrário de vocês. - falei convicta e ele me olhou surpreso.

Raro: Falcão disse que eu tinha que ter cuidado com a princesinha dele, mas tô vendo que quem tem que ter cuidado sou eu. - debochou - Não acha que tá falando muito de crime não?

Bárbara: Depende. - dei uma pausa - Sei o suficiente que um ataque na madrugada é o ideal. Deixa eles acharem que tomaram o PU e fazer a festa lá, no dia você invade e mata todo mundo. Vão estar bêbados, obrigada pela companhia e agora pode ir ou vai passar o dia todo me monitorando?

Raro: Não queria, mas a gente pode fazer um combinado: Você não faz besteira e eu vou embora, pode ser?

Bárbara: Ótimo, não preciso de babá. - apontei pra porta e ia pra cozinha atrás de café.

Raro: Antes de ir vou te contar as coisas que você falou, ou pelo menos a parte onde queria um beijo meu. - deu risada - Dá uma segurada quando for beber.

Fechei os olhos de tanta vergonha, mas mantive a postura de debochada em alta.

Bárbara: É, eu lembro e não retiro o que disse. - me virei pra ele sorridente.

Raro: A gente se esbarra, Babi. - piscou e saiu.

Fiquei sozinha encostada na parede pensando na droga que eu fiz enquanto estava levemente alterada e ri sozinha.

Bárbara: Meu Deus, eu sou muito doida. - me desencostei e fui pra cozinha.

•••••

RICHARD CALASSA, RARO, 24 ANOS

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RICHARD CALASSA, RARO, 24 ANOS.

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