Capítulo 138.

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IMPERATRIZ.

Dói muito mais ver meu marido sofrendo pela morte do nosso filho mais novo – ele costumava chamar o Mano Cria assim – do que os pequenos cortes espalhados pelas laterais do meu pescoço e nuca provocados na hora que ele me puxou pelo cordão.

Fiquei ao lado dele até o último adeus na mata, Murilo saiu de lá desolado e de lá fomos pra casa.

Foi outra briga pra ele tomar seus remédios diários, outra pra comer e no auge dessa luta, ele ficou muito agressivo e entrelaçou a mão dele por dentro do meu cabelo e puxou com bastante força.

Os nossos filhos tiveram que intervir porque se não eu ia acabar sem cabelo na parte de trás.

Eu tive que colocar calmante natural na água dele e orei pra que fizesse efeito o mais rápido possível. Quando ele dormiu, pedi pros meninos subirem ele pro nosso quarto e fiquei um bom tempo olhando ele dormir.

Fabiana: Descansa bem, meu preto.  - falei acariciando os cabelos dele - Eu vou cuidar de você pra sempre, eu amo você.

Não resisti e comecei a chorar baixinho ali mesmo.

Liguei o ar condicionado no dezesseis, tirei seus sapatos e as meias. Coloquei a coberta até sua cintura porque uma hora ou outra o quarto esfriaria.

Dei um beijo no topo de sua cabeça, desliguei a luz do quarto e do abajur e saí do quarto secando as lágrimas.

Jaqueline: Quer um chá, Fabiana? - perguntou enquanto eu descia as escadas.

Fabiana: Não, não se preocupa comigo! Mas obrigada mesmo assim. - passei a mão no rosto.

Jaqueline: Claro que eu vou me preocupar, Fabiana! Você também é a minha família. - me abraçou forte - Não fica com raiva do meu irmão não, ele já não sabe o que faz já tem um tempo. Ele jamais te machucaria se tivesse bom do juízo.

Fabiana: Não tô com raiva dele, fica tranquila. - dei um beijo no rosto dela - Na saúde e na doença, não foi isso que eu prometi quando nós nos casamos? - ela concordou querendo chorar.

Jaqueline: Se eu chegar a ficar assim também, me perdoa? - me encarou.

Fabiana: Sempre. - sorri e concordei com a cabeça - Meus filhos já foram?

Jaqueline: Não, estão lá fora perto da piscina. - me soltou - Eu vou deixar chá na garrafa pra você levar pro seu quarto e beber pra ficar mais calma.

Fabiana: Tá bom, teimosa. - ri fraco e ela saiu andando.

Jaqueline: Teimosa é você, mulher. - falou alto e eu neguei com a cabeça.

Jaqueline se tornou a minha avó, tudo quer resolver com chá ou comida.

Eu pensei que meu povo já tinha se mandado pras suas casas, mas que nada, estavam espalhados pelo quintal. Inclusive o Fabinho estava curando a ressaca dele na piscina.

PH: Acho que nós temos que conversar, mãe. - falou sério.

Fabiana: Tem que ser agora? - respirei fundo e o olhei fazendo careta.

Falcão: Mãe, eu sei que a senhora tá cansada, mas PH tá certo. - parou do meu outro lado.

Fabiana: Tudo bem. - me dei por vencida.

Imperador: Não foi o melhor dos aniversários, né vó? - me olhou e eu concordei.

Fabiana: Se eu soubesse que ia terminar assim, eu não tinha nem aberto os olhos hoje. - falei triste.

DO JEITO QUE A VIDA QUER 3.Onde histórias criam vida. Descubra agora