Capítulo 21.

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CAROLINE.

Caroline: Bom dia mãe! - agarrei minha mãe por trás e dei um beijo em seu rosto.

Danúbia: Bom dia Carol! - se virou pra mim e beijou meu rosto - Toma teu café rapidinho e eu preciso que tu desça pra comprar umas coisa pra mim, hoje é aniversário do Caio e ele encomendou a feijoada pro almoço.

Caroline: Meu Deus que babação nesse cara em. - falei e revirei os olhos.

Danúbia: Babação não, Caroline! Ele ajudou a gente quando a gente chegou de Petrolina e outra coisa é meu trabalho! Ele tá pagando muito bem pra isso. - ela me olhou séria.

A gente veio do interior de Pernambuco já havia uns cinco anos. Meu pai bebia muito e toda vez que ele bebia muito, ele vinha pra cima da minha mãe igual bicho e batia muito nela e isso quando não sobrava pra mim também. Até que um dia, meu pai bateu horrores na minha mãe e ela esperou ele dormir e o esfaqueou.

Resultado disso, enquanto ele sangrava lá, a gente fugiu na madrugada só com os documentos, um pouco de dinheiro guardado e a roupa do corpo. Viemos parar no Rio de Janeiro, minha tia que já morava no Alemão deu uma força pra gente e achou uma casinha no morro do Chapadão. Ninguém ia sonhar que a gente tava escondida lá.

Passamos por alguns apertos por lá até minha mãe começar a fazer faxina na casa da mãe do Trindade, logo em seguida passou a faxinar a casa do próprio que pegou um carinho enorme pela minha mãe.

A dona Greice se apaixonou pela comida da minha mãe e ela passou a cozinhar pra eles. Depois minha mãe passou a vender quentinhas e foi um sucesso! Até que ela abriu o restaurante dentro da favela.

Me sentei pra tomar café, enquanto ela fazia a lista do que tinha que comprar. Comi rapidinho, lavei o que eu sujei, fui pro meu quarto trocar de roupa e peguei a lista e o dinheiro com a minha mãe.

Danúbia: Traz bacalhau também, esqueci de colocar aí na lista. - falou e me deu o cartão dela de débito - Vai de Uber pra não demorar muito e leva direto pro restaurante.

Caroline: Tá bom. - anotei a senha do cartão no meu celular e coloquei o mesmo na minha bolsa.

Desci o morro, pedi um Uber e me mandei pro supermercado. Comprei tudo que estava na lista, comprei o bendito do bacalhau e ainda aproveitei pra comprar algumas besteiras pra mim.

📲 Thaíssa

Thaíssa: Tu tá onde, garota? - minha prima falou.

Thaíssa é a doida da família, a bagaceira responsa como ela mesmo diz.

Caroline: Tô no mercado, mais exata na fila do caixa. - falei parando o carrinho.

Thaíssa: Já combinei com a minha mãe e a tia Bia, daqui a uma hora eu chego no Chapadão pra ajudar vocês e claro, jogar minha bunda no baile. - gritou - E a Ayla vai se arrumar com a gente.

Minha prima é zero de juízo.

Caroline: Quem é Ayla, garota? - dei mais um passo e segui na espera na fila do caixa.

Thaíssa: Minha melhor amiga! A do bundão, ela é um amor. - fez escândalo.

Caroline: Tá bom, vou apressar aqui, depois a gente conversa. Beijo, beijo!

Thaíssa: Beijinhos.
📲

Desliguei logo porque eu não tenho muita paciência pra ficar pendurada em celular. Sou uma senhora de quinze anos mesmo! Eu não sou de atender ligação, odeio quem me liga, odeio quem aparece na minha casa sem avisar, até finjo que não estou em casa em alguns momentos.

Passei as compras, paguei e pedi outro Uber pra me deixar no pé do morro. Eram poucas as sacolas, então dava pra subir tranquilo e fechei mesmo minha cara quando o DJ me gritou.

Eu não tinha nada contra traficante, desde que seja eles no lugar deles e eu no meu por motivo de segurança própria. Já vi vários casos das monas ficando com bofe envolvido e depois tá aí no maior problema com eles ou com as mulheres deles.

Deus me defenda de passar por esse tipo de coisa!

Só que o DJ era insistente e jogava piada. Perto dele, tinha um pretinho que eu nunca tinha visto antes, ele me encarou firme e eu confesso que me senti invadida. Provavelmente o boy era envolvido também, então segui meu rumo sem dar muita confiança.

— Ou Carol. - uma voz desconhecida me chamou e eu olhei pra trás.

Era o bofe que estava do lado do DJ que vinha na minha direção acompanhado do Riquinho que de rico só tinha o nome.

Caroline: Oi? Algum problema? - falei e olhei pra ele. Como que esse bofe sabe meu nome?

— Problema nenhum, pô, mas tô querendo mesmo levar um papo reto contigo. - me olhou de cima a baixo e abriu um sorrisinho - Tem como?

Caroline: Agora não dá, tô mesmo muito ocupada e tenho que subir com essas sacolas. - balancei as mesmas.

— Tem problema não, te ajudo. - ele pegou as sacolas da minha mão - Pra onde tu tá indo?

Caroline: Pro restaurante da minha mãe. - falei e ele me olhou sem entender - Tu não é daqui né?

— Não. - falou todo posturado.

Chegamos lá no restaurante da minha mãe, peguei as sacolas da mão dele e pedi pra ele esperar.

Entrei na cozinha e coloquei as sacolas na bancada da minha mãe e saí pra fora pra ver o que é que o bofe queria comigo.

Caroline: Tu queria falar alguma coisa comigo? - me encostei no portão.

— Vou dar o papo reto, te vi subindo e me interessei, será que não é uma boa nós dois ficar? - mandou na lata e eu fiquei boquiaberta.

Caroline: Mas eu nem te conheço. - fiz careta e ri sem jeito.

— Prazer, Pablo, Complexo do Alemão, dezessete anos E solteiro, é o principal. - deu ênfase e se aproximou de mim.

Caroline: Pra mim não tá dizendo nada! Não sei nem quem é você, mas obrigada mesmo pela gentileza, mas.. - fui interrompida por ele que concordou com a cabeça e me puxou pra ele bruscamente.

Ele invadiu minha boca, uma mão dele segurou minha cintura com força e a outra foi pra dentro do meu cabelo e segurou no pé do mesmo com firmeza. Dei uns dois tapas em seu ombro, mas me rendi no beijo gostoso do novinho.

Quando me dei conta na merda que eu tava fazendo, o empurrei e dei um tapa em seu rosto com força.

Pablo: Tá maluca, garota? - ele passou a mão no rosto e me olhou com um sorrisinho debochado.

Caroline: Maluco tá você com essa ousadia de me beijar sem eu deixar. - falei bolada - Cuidado pra não dar ruim pra tu depois por aí.

Pablo: Vai falar pra mim que achou ruim? - ele me encarou dando risada e eu fiquei logo vermelha.

Caroline: Garoto, sai antes que eu faça uma besteira! - fiz sinal pra ele sumir da minha frente.

Corri pra dentro do restaurante com a maior vontade de botar minha cabeça num buraco e nunca mais sair. Coração até acelerou e eu me sentei pra não cair no chão.

DO JEITO QUE A VIDA QUER 3.Onde histórias criam vida. Descubra agora