Capítulo 59.

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BRENO • BN.

Corolla: E aí, parada da carga tá completa? - chegou do nada no galpão.

BN: Tudo tranquilo. - falei fechando o carregamento de munição pra AR10.

Conferir carga, servir de aviãozinho, endola e os caralho a quatro fazia parte do treinamento. Pablo e eu já mexia com essas parada desde os quinze.

Primeiro foi só por brincadeira mermo, nós já gostava da sensação que tava fazendo coisa errada, nós nessa época só vivia enfiado em matinê pela zona sul e é o que mais tem. Aí nós foi pegando gosto pelo bagulho, Pablo entrou pro movimento e eu segui. Já tava na beira mermo, né?

Confesso ter dado uma segurada quando a DRE botou a mão nele e no dia que isso aconteceu, eu era pra ter caído junto, mas por ironia do destino a minha mãe tava de cu virado e me deu uma segurada em casa. Se não fosse isso, a madrinha ia ter que me tirar de lá também e a confusão tava pronta.

Pablo quando se lembra disso costuma gastar dizendo que nós tá virando o MK e o Guto da terceira geração e falando em Guto, sei nem imaginar qual é a reação dele quando souber, já falando no Marreta, vai querer me bater.

Fala pra mim como que foge dessa sina? Sangue bandido correndo nas minhas veias, não ia dar em outra coisa. Tamo só mantendo a tradição dos homem.

Saí lá do galpão e ia aproveitar pra dar uma passada lá na barbearia do coroa pra dar um grau no meu cabelo que tava grande. Ele já não ficava mais no salão daqui porque ele fez o bagulho crescer, abriu uma barbearia dele no Engenho e não satisfeito abriu no PPG.

Tava quase chegando, mas uma BMW toda preta me fechou com tudo na esquina e eu confesso que eu me escaldei, mas fiquei intrigado quando os faróis piscaram e o carro se moveu parando do meu lado novamente.

O vidro do lado do motorista abaixou e eu respirei aliviado, era só o tio MK brincando de racha.

BN: Coé tio, tá doido? - perguntei desligando a moto e ele sorriu debochado.

MK: Entra no carro. - ordenou.

BN: O senhor vai me desculpar, com todo respeito mermo mas vou perguntar pra quê?

MK: Cala a boca e entra no carro. - balançou a cabeça em direção do banco do passageiro - Agora. - disse sério.

Com os mais velhos não dá pra discutir e com o tio MK é que não dá mermo. Encostei a moto perto do muro, deixei travada porque vai que né? Dei a volta e entrei no carro.

Tio Barão tava sentado no banco de trás e abriu os dentes quando olhei pra ele. Tio MK subiu os vidros e desceu voado.

MK: Te falei Barão, o rio só corre pro mar. - disse concentrado no trânsito - Se o lá de casa tá envolvido, esse aí claro que estaria também.

Barão: Achei que não, tava tranquilão. - disse mexendo no celular.

BN: Qual foi do passeio? - olhei confuso pro tio MK - O senhor tá falando do quê? - me fiz de doido.

MK: Tu vai saber daqui a pouco, curte o som, o ar condicionado e o som. - falou dirigindo e mexendo no som ao mesmo tempo - Mal desse pessoal é achar que eu tô sem visão, uma ligação e eu descobri tuas gracinha e o resto das gracinha de Pablo. - me olhou.

Barão: Imperador. - o corrigiu.

MK: O neto é meu e eu chamo do que eu quiser. - olhou pro tio Barão pelo retrovisor e o tio Barão riu - Parada é o seguinte, tô limpando a lambança que fizeram.

Ele botou Desculpa mãe – Facção Central pra tocar e cortava a cidade como se tivesse andando no morro e foi ao som de Falcão – MV Bill que nós chegou na Baixada Fluminense, pra ser mais específico em Campos Elísios.

Ele entrou lá dentro e foi recebido tipo rei. Ali eu já tava ligado que ele tava mandando por lá agora também.

— Tô as suas ordens, MK, qual foi da urgência? - um maluco alto, armado até os dente, preto e com cara de ruim falou.

MK: Cigano, vou ser curto e grosso contigo, preciso de uns dez homens pra sequestrar o Falcão. - eu arregalei o olho pra ele e o cara também parecia não ter entendido a ordem.

Cigano: Tu tá me mandando sequestrar teu filho? - perguntou pra ter certeza.

MK: É isso mermo. - se sentou na cadeira na maior paz, parecia buda.

Barão: Pera aí, MK, isso tu não me contou. Tá doido?

MK: Tem um motivo nobre, meu consagrado. Meus filhos não estão se falando direito, isso tem tirado a paz da minha preta e se tá incomodando a minha preta automaticamente tá me incomodando e eu não vou esperar minha mulher infartar pra agir. - deu uma pausa e dois toques na mesa - Eu conheço os filhos que eu tenho, sermão com eles não cola, então é tocar no Falcão e o PH vai esquecer até que um dia os dois brigaram e vice versa. - sorriu convicto.

BN: E eu entro nisso onde? - perguntei porque eu não tava entendendo mais porra nenhuma.

MK: Tu vai vigiar o Falcão pra mim, simples. Vai ver os horários até porque ele é teimoso e costuma dar mole de sair sem segurança na cola dele e é mais fácil de pegar.

Barão: Tu acha mesmo que PH vai atrás do irmão? - olhou pra ele e meu tio concordou com a cabeça.

MK: Vai, eu sei que vai. As cria lá de casa é assim, se matam entre si, mas vai outro da rua falar qualquer a pra ver se os outros não vão em cima. - sorriu.

Cigano: Só me falar o dia e a hora, vou selecionar os mais brabo porque tu sabe que Falcão é grande e bom de briga. - alertou.

MK: Se tiver que dar uma coça, deixa dar, não tem fofoca. - cruzou os braços.

BN: E vão deixar por isso mermo? - neguei com a cabeça.

MK: Vão, depois eu falo que forjei e depois do surto fica tudo certo. - deu um risinho - São irmãos, vai dar certo. Uma vez eu escondi o hamster da Jaque por uma semana na boca e ela ficou bolada, quase não fala mais comigo e hoje ela mora comigo. - riu.

Barão: Sossego contigo nego desconhece. - negou com a cabeça.

Tio MK explicou direitinho como queria que tudo acontecesse, segundo a visão dele, eu tinha que atrair o Falcão pra fora do Alemão pra não dar brecha pra desconfiança e ninguém poderia saber do plano.

Na minha cabeça automaticamente veio a palavra chave: Maísa.

MK: Faz isso e eu te dou uma parada maneira, fechou? - concordei com a cabeça e e ele fez um toque comigo.

BN: Já é. - sorri.

Ficamos por lá, conheci seus domínios por lá e ele fez o favor de vistoriar. Saiu de lá com um malotão de dinheiro e resolveu visitar a favela do Lixão pra tomar uma cerveja e conversar com a Chefona de lá.

É, os próximos dias serão animados.

DO JEITO QUE A VIDA QUER 3.Onde histórias criam vida. Descubra agora