Capítulo 47.

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BÁRBARA.

Foi só eu botar o pé na rua que a paz inabalável acabou, eu ia pra casa da minha vó buscar o resto das minhas coisas e quando eu tava chegando, ouvi uma voz de piranha me chamando e eu que não corro do caô, me virei pronta pra arrumar um problema logo cedo com a Rayane. 

Rayane: Tu conseguiu o que tu queria tanto, né garota? - me olhou e eu sorri de lado.

Bárbara: Depende. Não consegui me livrar de assombração tipo você, então né... - fiz cara de sofrida.

Rayane: Deixa de ser sonsa, garota. Tu mandou teu pai ir atrás da Luíza, não mandou? Então pronto, ele tá com ela e eu vou mesmo avisar a dona Ana que se acontecer alguma coisa com a Luíza, a culpada é tu. - arregalei o olho.

Juro que eu não sabia de nada.

Bárbara: Eu não mandei não, que caô é esse aí? - me aproximei dela.

Rayane: Teu pai deu maior esculacho nela no meio da rua, gata. Fez ela subir na moto e saiu pra fora da favela. - falou convicta.

Nem esperei ela falar mais nada e saí doidona até a boca. Se fosse sério, os meninos do movimento ia me contar, né? 

Bárbara: Cadê meu pai, tio Chelsea? - parei na frente dele.

Chelsea: Bom dia pra você também, Babi, tudo bom? - falou com maior bom humor.

Bárbara: Fala logo tio, cadê meu pai? - já estava agoniada já.

Chelsea: E eu que sei do teu pai? Ando colado nele agora? - falou e vi as veias dele saltarem. 

Já peguei a mentira do tio Chelsea no ar.

Bárbara: Não anda, mas acho que deveria né. - cruzei os braços - Afinal, o senhor não é o responsável também pela segurança pessoal do meu pai e do tio PH? - cerrei os olhos.

E eu não estava errada.

Chelsea: Tá, teu pai tá fora do morro e tá com a tua amiga lá. - respirou fundo e eu arregalei o olho - Tenho nada a ver com isso não.

Comecei a ligar pro meu pai sem parar. Ele quase não atende e quando atende, fica de deboche.

Eu tinha medo do que poderia vir a acontecer sim! Meu pai e eu ainda não estávamos cem por cento e mesmo comigo voltando pra casa contra a minha vontade, sei bem que meu pai não tinha limite e pra ele matar era a coisa mais normal do mundo.

Bárbara: MÃE, ELE VAI MACHUCAR A LUÍZA EU TENHO CERTEZA. - gritei em desespero.

Patrícia: Calma, Babi. O que tá acontecendo? - me abraçou e eu contei por alto.

Quando dei por mim, já tava chorando de novo.

Patrícia: Não vai, filha, confia no teu pai. - pediu na intenção de me acalmar. O que não deu muito certo.

Maísa: Conhece o marido não, linda? - falou na ironia.

Patrícia: Maísa não piora as coisas. - minha mãe a repreendeu.

Respirei aliviada quando a porta se abriu e ele entrou, fiquei mais surpresa ainda depois de ver quem vinha logo atrás dele: a Luíza.

Falcão: Achei na rua e trouxe pra casa. - falou sem muita empolgação.

Bárbara: Juro que achei que o senhor tinha feito alguma coisa com ela. - abracei a Luíza que aparentemente não tinha um hematoma.

Falcão: Quando eu saio de casa pra matar, eu não aviso pra ninguém. - falou como se fosse óbvio.

Vi ele jogar a pistola em cima da mesa de centro e se sentar no sofá. Não aguentei e fui pra perto dele e o abracei forte.

Falcão: Não tô convencido que eu fiz bem não e.. - eu o interrompi.

Bárbara: Eu sei que não era o que o senhor queria pra mim, mas eu gosto dela. - olhei pra ele e ele acariciou meu rosto.

Meu pai estava nitidamente contrariado, mas acabou soltando um arzinho de riso e beijou minha testa.

Falcão: Negócio é o seguinte, tô liberando esse negócio aí de vocês, mas se uma das duas derem mancada eu vou cobrar firme. Já é? - ele falou do jeito durão dele.

Bárbara: Pai! - o repreendeu envergonhada.

Falcão: Não tem pai, nem meio pai não, Bárbara. Já avisei a garota aí e tô te avisando pra depois ninguém vim me tontear e me esculachar. - olhou pra mim e eu neguei com a cabeça.

Dramático a vida toda.

Soraya: O fim do mundo a gente vê por aqui. - disse vindo da cozinha - Achei que você teria mais pulso com as suas filhas.

Falcão: Abaixa a bola aí, dona Soraya, pra nós não entrar em conflito. - meu pai falou sério e a velha saiu pisando fundo.

Patrícia: Bom, vamos mudar de assunto não é? - sorriu - Tu não ia buscar tuas coisa lá na tua vó, Babi? Aproveita e leva a Luíza pra conhecer teus avós.

Maísa: Eu vou lá pra vó também, quero tomar banho de mangueira. - se levantou do sofá - Graças a Deus, acabou o caô. Me espera aí, Babi.

Falcão: Acabou o caô não, continuo avisando que tô de olho em vocês. Quero mermo tu de gracinha com Breno em, Maísa. - alertou.

Maísa: Não encosta pai, não encosta que dá choque. - saiu saindo e rebolando ainda por cima.

Falcão: ABAIXA ESSE SHORT MAÍSA, SUA FILHA DA PUTA. - falou alto - De verdade, eu devo ter sido filho da puta demais e isso é castigo. - se sentou no sofá triste.

Bárbara: A gente sabe quem o senhor era quando tinha a nossa idade. - beijei o rosto dele.

Falcão: PH apronta e eu que levo a culpa e a fama, minha querida. - se fez de ofendido.

Patrícia: Vou até ficar calada. - minha mãe riu e eu neguei com a cabeça.

Esperei a Maísa uma eternidade e enquanto eu esperava, minha mãe e a Luíza conversavam. Ou melhor, ela fazia um interrogatório super normal porque mãe é tudo igual mesmo.

Bárbara: Se prepara pra responder tudo de novo, porque minha avó e meu avô vão perguntar exatamente as mesmas coisas. - comentei baixo e dei uma risadinha.

Luíza: Respondo sem problema. - disse como se fosse óbvio.

Maísa: Já estou pronta, vamos. - disse amarrando o biquíni.

Meu pai ia falar alguma coisa, mas a minha mãe o puxou o rosto do meu pai pro maior beijão e com sua a mão que estava indo parar em sua nuca, ela fez sinal pra gente meter o pé e a gente não esperou ela fazer de novo.

Peguei na mão da Luíza e nós saímos correndo igual fugitivas atrás da Maísa.

DO JEITO QUE A VIDA QUER 3.Onde histórias criam vida. Descubra agora