Helena vai até a delegacia onde Luciana está presa. Luciana entra na sala onde recebe visita de cabeça baixa. Ela senta na cadeira e uma mesa separa as duas. Luciana permanece muda de cabeça baixa.
- Você não vai dizer nada? Pergunta Helena.
Ela levanta a cabeça lentamente com os olhos lacrimejando.
- Eu sou uma mentirosa, eu sou uma egoísta, ambiciosa, arrogante, e...
Helena corta ela.
- Burra! Não, burra você não é, enganou a todos direitinho. Talvez você possa ter sido burra em ter deixado escapar da sua mão um homem bom, honesto, sensível que sabe realmente amar e valorizar uma mulher.
Enquanto Helena vai falando as qualidades do Rodrigo, Luciana chora mais.
- Eu tô pagando o preço por ter sido leviana! Eu traí a confiança de vocês, traí o homem que eu me apaixonei, só pensava em dinheiro e poder. Agora não tenho nada. Eu amo o Rodrigo, dona Helena, eu sei que a senhora não vai acreditar, mas eu fui me apaixonando aos poucos por ele. E quando eu percebi já era tarde. A senhora tem todo o direito de não acreditar, mas é verdade.
- Não, eu acredito. Eu acredito que você tenha se apaixonado por ele, mas agora é tarde. Você tinha que ter pensado nas consequências. Olha aonde você foi parar! E onde seu pai poderá vir junto.
- Não tem mais jeito. Eu não posso fazer nada pra livrar meu pai.
- Eu vou tentar salvar seu pai dessa, mas por você, nem eu e nem ninguém poderá fazer nada.
- Eu não tenho medo de perder minha liberdade, eu tenho medo de perder o Rodrigo.
- Ele, você já perdeu.
Luciana chora mais.
- Por favor, convence ele de vir me ver. Eu quero pedir perdão a ele.
- E você acha que vai adiantar?
- Eu não sei, mas eu preciso pedir perdão pra ele e pra dona Odete. E pra senhora principalmente que me defendia, que me amava, que me dava conselhos. Me perdoa, por favor vó Helena.
- Eu estou chateada com você, não por que se passou pela sua irmã, mas por ter traído meu neto com três homens, fora os que não soubemos.
- Não, eu não tive outros e morro de vergonha de falar desses três. Eu sou muito suja, muito. Eu tenho vergonha das minhas atitudes.
- Eu sei que no fundo você tinha um bom coração, mas a ganância escondia ele. Como eu disse, eu não tenho mágoas, só estou triste e espero que passe rápido. Já o Rodrigo nunca mais vai querer olhar pra você. Mas eu vou tentar convencer ele de vir aqui, nem que for pra te esculachar.
- Faz isso, por favor. Diz pra ele vir pra me colocar no meu devido lugar. Eu amo esse homem e preciso me humilhar pra ele.
- Você já tem um bom advogado?
- Ainda não.
- Eu vou mandar o Evaristo, filho do meu amigo que é ótimo advogado. O pai era o melhor, morreu e deixou o legado pro filho, ele só tem 35 anos, mas ganha todas. Quem sabe ele te tira daqui.
- Mesmo se ele não me tirar não tem problema, eu preciso pagar pelo que fiz. Mas que ele consiga a redução da minha pena, acho que eu posso pegar uns 10 anos de prisão fechada. Isso eu tenho medo.
- Acho que não é tudo isso. Falsa identidade você pode pagar até multa e sair. O problema é se o Célio te acusar de ajudá-lo no crime do João. Aí você tá perdida mesmo!
- Eu juro, esse crime, eu não cometi, eu juro!
- Eu sei que não, eu acredito em você, mas o juiz não sei se vai acreditar. Tem que ter provas. Bom, eu vou mandar o Evaristo vir te procurar.
Luciana levanta.
- Posso te abraçar?
- Pode.
As duas se abraçam e choram. Luciana chora com mais força e Helena mais contida.
- Seja forte, menina! Tudo passa!
Helena está saindo na sua cadeira de rodas.
- Vó Helena e quanto ao meu pai?
- Eu vou tentar dar meu jeito. Torce por mim.
- Tá bom.
Helena sai da sala onde estava com Luciana e chega na mesa do delegado.
- Delegado, eu quero esclarecer uma coisa com o senhor. O pai da impostora não cometeu nenhum crime.
- Como não? Ele foi cúmplice da filha.
- Tá, tudo bem, mas ele me contou. Eu também sou cúmplice, então? O seu Walmor, assim que eu cheguei de viagem me contou disso que a filha tava fazendo, e ele ia contar pra família toda, eu não deixei. Meu neto estava doente, estava com amnésia. Sofria com depressão por não conseguir lembrar quem ele era direito. Se ele soubesse que aquela era impostora e que a esposa havia morrido, ele chegaria a loucura. Então, eu proibi que o Walmor falasse alguma coisa pra minha família, enquanto ele não recuperasse a memória. Agora sim, ele já está curado e soube de tudo. Se for prender o pai de cumplicidade, me prenda também.
- Que isso dona Helena! Eu jamais faria isso com a senhora! Uma família que sempre foi bom exemplo na Zona Sul do Rio. Mas se alguém da sua família denunciar ele, a senhora sabe que ele vai preso?
- Eu sei, deixa comigo! Então fica tudo certo! Se o pai for preso, eu também serei, pois eu o proibi de falar.
- Se a senhora tá dizendo. Fica assim, então.
- Passar bem, delegado.
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A Impostora
Ficção GeralParte 1 - Essa é a minissérie de duas irmãs gêmeas Luciana e Lucy. É uma história diferente de todas que você já assistiu sobre irmãs gêmeas, tenho certeza que você irá gostar. Você irá odiar e depois amará Luciana. Luciana Bernardes nasceu primeir...