A Impostora

Rodrigo encontra a camisola da Luciana na gaveta

Rodrigo deitado na sala mexendo no celular. Helena chega da delegacia.

- Foi aonde vó?

- Eu fui na delegacia.

- Fazer o que?

- Fui conversar com a Luciana.

- Bom, nada que vem dessa mulher me interessa mais.

Rodrigo levanta pra sair.

- Rodrigo, vem cá.

- Não vó por favor. Eu não quero saber nada dessa mulherzinha.

- Por favor, por mim, por você, por Deus que ensinou a gente perdoar. Não to dizendo pra você ficar amiguinho dela, ir visitá-la toda semana na cadeia com frutas. Não to dizendo isso, mas to pedindo só ouça ela, meu filho.

- O que? A senhora quer que eu vá na cadeia ver a impostora? Não acredito que a senhora tá me pedindo isso, depois que ela me traiu com meio mundo.

- Você tem todo o direito de estar magoado com ela, mas pensa bem, ela nem era sua esposa na presença de Deus! E nem na presença dos homens. Ela era só uma impostora. Pensa nisso!

- A partir do momento que ela se sujeitou a fazer o papel de impostora, no mínimo que ela teria que fazer era me respeitar como marido ou falso marido.

- Tá bom, você tem razão. Mas vai lá, deixa ela ir pra prisão e pro julgamento em paz. Isso fará bem pra você pra sua consciência, pra esse coração lindo que você tem.

- Eu vou pensar tá? Eu vou pensar só porque eu te amo.

- Tá bom. Eu também te amo.

Rodrigo beija a vó. Rodrigo sobe triste, ele abre uma gaveta e do quarto e encontra a camisola da Luciana na gaveta. Ele cheira e depois joga longe. Ele grita:

- Margô! Margô

A empregada vem correndo.

- Sim senhor.

- O que essa camisola tá fazendo aqui?

- Tava secando no varal, então, como tava seca, eu trouxe aqui pro quarto onde dona Lucy dormia.

- Aquele mulher não é Lucy e sim Luciana e eu não quero nada dela no meu quarto, tá ouvindo? Tudo dela você queima.

- Sim senhor.

Ela pega a camisola e leva. Rodrigo pensa em Luciana.

- Eu te odeio Luciana, te odeio.

A empregada passa pela Helena na sala.

- Porque o Rodrigo tava gritando, Margô?

- É porque eu coloquei essa camisola na gaveta que era da dona Lucy ou melhor Luciana como a senhora mandou e o seu Rodrigo não gostou.

- Você vai fazer o que com ela?

- Ele mandou eu queimar.

- Não vai queimar nada, me dá aqui que eu guardo.

- Dona Helena não me peça mais pra fazer isso, ele ficou muito furioso.

- Tá certo. Mas a camisola vai me servir pra alguma coisa. E o perfume dela, você guardou?

- Tá no meu quarto, como a senhora pediu.

- Coloca na minha gaveta.

Rodrigo passa pra ir trabalhar.

- Essa camisola ainda está aqui?

- Ninguém vai queimar coisa nenhuma! Eu vou entregar pra dona.

- Faz o que a senhora quiser, só não quero ela mais aqui em casa.

Ele sai. Helena grita:

- Malcriado, rebelde!

Ela dobra a camisola.

- Vai ficar na minha gaveta.