ANA
Estava com dor. Muita dor. Cada respiração que eu dava era uma dor aguda, lancinante e cegante.
Tonta, cambaleei pelo deserto, procurando bares com telefone, procurando um lugar onde minhas repetidas ligações para o celular de Christian passariam.
E agora eu finalmente tinha conseguido, finalmente ouvi sua voz e disse-lhe as palavras que eu tinha que deixá-lo. Me segurei para isso, lutei contra a perda de consciência para que ele soubesse antes de eu ir.
-Deixe-os saber que eu os amava.
***
PELA SEGUNDA VEZ, acordei sem saber onde estava.
Esta sala era muito mais brilhante do que a anterior, tudo branco e estéril. Ouvia-se um som constante de bleep-bleep-bleep que combinava com o sinal no monitor cardíaco ao meu lado. O oxigênio fluiu através de um tubo inserido no meu nariz, e outro tubo conectava meus pulsos a um gotejamento intravenoso.
Virei minha cabeça para olhar para o meu outro lado, e estava Christian em uma cadeira puxada ao lado da cama que eu deitava, tão perto que ele adormeceu inclinado sobre o colchão ao meu lado. O bip-bip acelerou, um pronunciamento audível da minha alegria ao vê-lo novamente, ver seu rosto, coberto com barba como se ele não tivesse se barbeado em alguns dias, suas feições desgastadas e cansadas mesmo enquanto ele cochilava.
Estendi a mão para tocar sua bochecha espinhosa com meus dedos, um movimento que doeu mais do que deveria, e com meu toque ele acordou.
Seu rosto se abriu no sorriso mais glorioso que eu já vi ele dá.
-Aí está você - disse ele.
Aqui eu estava. E fiquei surpresa como qualquer um sobre isso.
-Eu pensei que estava morrendo -eu disse a ele sinceramente.
Ele riu.
-Não estava morrendo -ele me assegurou. -Você tem uma concussão, uma laceração na coxa que já foi costurada, um ombro deslocado, que foi colocado de volta no lugar, cortes em ambas as mãos e pés, e uma costela quebrada do seu lado direito.
-Oh. -Não era uma lista curta, mas definitivamente nada disso equiparado à morte. -Uma costela quebrada, hein? Então é por isso que dói tanto para respirar.
Sua testa franziu em preocupação, e ele acariciou meu braço.
-Eu vou fazer com que eles lhe dêem mais remédios para a dor.
Uma onda de pânico tomou conta de mim, e mesmo sendo uma agonia para fazê-lo, eu me agarrei a ele.
-Christian, não me deixe.
Ele pegou minha mão na dele e a segurou com força.
-Está tudo bem. Estou aqui. É apenas um botão que temos que apertar.
Ainda segurando minha mão, ele usou o outro braço para esticar até o painel preso ao lado da cama acima de mim, e apertou o ícone que dizia enfermeira.
Sim, eu tinha esquecido que era assim que se fazia as coisas nos hospitais.
Parecia que eu poderia ter esquecido muitas coisas, na verdade, e agora que ele mencionou isso, percebi que minha cabeça estava latejante, uma dor surda ao lado da que agarrava minha costela, mas ainda assim significativa. Era diferente das dores de cabeça que tive no passado, uma névoa que de alguma forma também colocava pressão no interior do meu crânio.
Por alguns segundos, tentei juntar os detalhes do que me lembrava da última vez e do que estava acontecendo agora, mas o esforço foi muito grande.
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Fixado Forever {Completa}
Fanfiction"Eu posso facilmente dividir minha vida em duas partes: antes e depois dela."