Capítulo 56

548 57 9
                                    

Anastasia

Surpreendentemente, a tranquilidade que Christian me deu no terraço continuou quando refizemos o caminho de volta para o restaurante. Mesmo o brilho irritado do olhar de Grace não me perturbou enquanto o garçom puxava minha cadeira. Grace tomou um gole do líquido marrom em seu copo.

– Já era hora de vocês voltarem.

Lembrei-me do que Christian tinha dito quando saímos – que eu tinha esquecido alguma coisa no carro – e comecei a pedir desculpas, usando isso como a base da minha justificativa. Mas Christian respondeu antes de mim:

– Nós nos distraímos.

Ele apertou minha mão antes de eu me sentar na cadeira. Assim que me sentei, ele pegou minha mão novamente debaixo da mesa. Eu não conseguia me lembrar de outra ocasião em que tivesse sido reclamada tão publicamente assim. E depois de sua apropriação do meu corpo minutos antes, relaxar em um lugar confortável e livre de dúvidas, com Christian, parecia uma possibilidade real.

Não apenas uma possibilidade, mas uma realidade.

– Ana! – Mia parecia prestes a explodir para fora de sua cadeira. – Estou tão feliz por você ter conseguido vir!

Na última vez em que a tinha visto, ela estava preocupada que eu tivesse terminado com o seu irmão. Minha presença era uma declaração diferente.

– Eu também.

Sorri para ela e dei o mesmo sorriso para os outros convidados à mesa, incluindo a cabeça de Elliot, que estava inclinada sobre seu iPhone, e os Lincolns. Mas não olhei Elena nos olhos. Eu podia sentir que ela estava tentando capturar o meu olhar, mas eu não estava interessada. Ela não me contou sobre o jantar, o que me deixou desconfiada. Talvez injustamente, mas desconfiada do mesmo jeito.

– Comigo são três – disse Carrick, piscando para mim. Talvez fosse a minha imaginação, mas Christian parecia rosnar para a declaração de seu pai. Sua proteção em cima de mim era boba, às vezes, no entanto, também me aquecia.

Grace acabou de beber e colocou o copo sobre a mesa, batendo-o com força.

– Bem, nós já pedimos.

– Sem problema. A gente pede agora.

Christian fez um sinal para o garçom, que se apressou para nos atender. Ele pediu para nós dois, em um lindo francês, o que me fez me umedecer entre as minhas coxas. Ou melhor, umedecer mais.

– E enquanto você está aqui, vou querer outro desses. – Grace ergueu o copo vazio para o garçom, e eu vi Mia e Christian trocarem um olhar. Eu poderia me identificar muito bem com o que eles estavam sentindo – o pavor de ter um parente alcoólatra, as perguntas e preocupações que ocupavam nossa mente a cada momento.

Será que ela vai beber muito hoje à noite? Será que fará papel de boba? Nos envergonhar?

Exceto que na minha vida ela foi substituída por ele. Meu pai tinha sido o alcoólatra, aquele que tinha me causado ansiedade. Foi então que aprendi a me preocupar?

Talvez isso fosse algo que eu devesse falar na próxima sessão de terapia. Ou, uma vez que não fazia mais terapia, talvez falasse sobre isso com o meu conselheiro no grupo de que participava de vez em quando.

O pensamento foi interrompido por Christian inclinando-se para sussurrar no meu ouvido:

– Espero que você não se importe que eu tenha pedido seu prato. – A sensação de sua respiração na minha orelha me arrepiou da cabeça aos pés. Eu não me importava. Ele me salvou do problema de ter que decifrar o cardápio. E ouvindo-o falar em uma língua estrangeira...

Fixado Forever {Completa}Onde histórias criam vida. Descubra agora