Parte 2
Christian
Eu assino o formulário e entrego a prancheta de volta ao rapaz da recepção. As sobrancelhas do jovem sobem quando ele reconhece meu nome.
– Sr. Grey! – Ele se levanta de sua cadeira e estende a mão para apertar a minha. – Eu não esperava que seria o senhor a representar as Indústrias Grey. Achei que mandariam outra pessoa.
Aperto a mão dele, mais por cortesia, e depois forço um sorriso rígido.
– Surpresa!
Deus, detesto conversa fiada. Especialmente desse puxa-saco de vinte anos de idade que espera que essa interação comigo vá lhe garantir um emprego na minha empresa. Ele não sabe que não é assim tão fácil conseguir uma entrevista.
O rapaz procura entre as credenciais na mesa aquela que tem o logotipo das Indústrias Grey. Ele o entrega para mim, que coloco no bolso. Sou facilmente reconhecido sem que precise ficar anunciando por aí.
O cara – na verdade, um garoto – parece desapontado. Seja porque não sou tão carismático ou charmoso quanto ele tinha imaginado ou porque rejeitei o crachá, não posso dizer com certeza. Francamente, não dou a mínima. Houve uma fase, há muito tempo, em que essas suas emoções teriam suscitado mais interesse em mim. Agora, elas mal fazem um bip no meu radar. Eu nunca serei capaz de entendê-las, então não faz sentido desperdiçar o meu tempo tentando fazer isso.
O sorriso do cara é profissional quando ele me entrega a brochura com a apresentação desta noite. Ao mesmo tempo, sinto uma mãozinha miúda pressionando as minhas costas. Fico tenso. Porque sei de quem é essa mão. Olho para trás, confirmando minha suspeita quando me dirijo ao auditório principal.
– O que você ainda está fazendo aqui? Eu te dei o que você queria.
– Como já estava aqui, eu decidi ficar. – Enquanto caminha a meu lado, os saltos dos sapatos de Elena ecoam no piso de mármore do Kauffman Management Center, que é a casa da Stern School of Business da Universidade de Nova York. Eu paro na porta para o corredor e me volto para ela.
– Você não foi convidada.
As pálpebras dela vibram ainda que levemente, e sei que as minhas palavras a atingiram.
– Você podia ter me convidado. A gente raramente se vê, agora. – E ela abaixa o tom de voz. – Eu sinto sua falta.
Minha mandíbula se aperta, e deixo escapar o ar lentamente.
Elena é a pessoa sobre quem me aconselharam a não ficar por perto. Ela é também a única pessoa que me entende, e melhor do que ninguém. Essa é uma batalha que eu enfrento diariamente – estar com ela é semelhante a deixar um bêbado sozinho numa loja de bebidas. Ela sempre me provoca a avançar pelo mau caminho, mesmo que não tenha essa intenção. Mas tenho certeza de que, normalmente, ela tem essa intenção. Mas ela é a minha única amiga, se é assim que se poderia chamar o nosso relacionamento. Sem ela, eu estou sozinho.
– Tudo bem, você é minha convidada – eu cedo. Abro a porta e fico segurando para que ela possa passar.
– Não entendo por que você quer estar aqui. Essas coisas são chatas pra diabo.
Sigo a mulher por uma fileira de assentos até o fundo da sala e pego dois lugares no meio. O salão é pequeno, e há menos de dez outros representantes corporativos atualmente sentados. Poderíamos facilmente ficar mais perto, mas Elena me conhece bem o suficiente para entender que eu prefiro ficar afastado de situações como esta.
Ela se inclina para mim, o aroma de seu perfume de marca muito forte impregnando o meu espaço.
– E se é chato assim, então por que se incomoda em vir? Você poderia mandar alguém que esteja a vinte degraus mais baixo na companhia.
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Fixado Forever {Completa}
Fanfiction"Eu posso facilmente dividir minha vida em duas partes: antes e depois dela."