Anastasia
Antes que eu estivesse fora do alcance das vozes dos convidados, ouvi Christian defender minha saída abrupta:
– Ela esqueceu alguma coisa no carro, desculpe-nos por um momento.
Merda, ele estava vindo atrás de mim. A melhor maneira de despistá-lo seria ir para os banheiros, não que eu duvidasse que Christian fosse me seguir, mas eu não sabia onde ficavam, e eu já tinha conseguido passar a mesa do maître.
Meus olhos percorreram o corredor. Havia os elevadores, o que exigiria ficar esperando por um, e uma porta que dava para as escadas. Fui para as escadas e, percebendo que cinquenta andares para baixo nos saltos altos talvez não fosse uma boa ideia, fui para cima.
A brisa bateu no meu rosto quando pisei no terraço, a porta bateu forte atrás de mim. Continuei andando. O terraço estava praticamente vazio, então eu sabia que o som do fechamento da porta atrás de mim era Christian. Ainda assim continuei, correndo pelos jardins e pelos assentos dispostos na parte superior do edifício, tentando encontrar um lugar onde pudesse ficar sozinha, onde pudesse respirar, onde pudesse resolver minha paranoia sobre a legitimidade daquela situação.
Na parede de um canto, parei. Debrucei-me sobre a borda da caixa de cimento, engolindo grandes golfadas de ar. A respiração profunda era a única coisa que estava me impedindo de romper em soluços. Seus passos estavam mais silenciosos atrás de mim, mas eu ainda podia ouvi-los, como se eu estivesse em máxima sintonia com seus movimentos. Ele parou antes de me alcançar, chegando perto de mim com sua voz, em vez de seu corpo:
– Os Lincolns são praticamente da família.
Pelo menos ele foi esperto o suficiente para saber por que eu corria. E corajoso o suficiente para não fingir o contrário. Ele merecia algum crédito por isso. Mas eu não podia dar-lhe qualquer outra coisa que não minha descrença.
– Certo. Ahã.
Eu não me virei para ele. Porque não queria ver seu rosto quando ele se explicasse. Se a sua expressão dissesse que eu estava sendo ridícula, isso me faria desabar ali mesmo.
– Você pensa que não lhe contei de propósito? – Sua voz era calma, apesar de suas palavras. Cuspi uma risada áspera.
– Você não vai querer saber no que estou pensando.
– Na verdade, eu quero.
Eu me virei.
– Não, você não quer.
Recuei, até que a parede se encostou em minhas costas. Ele não tinha entendido. Parecia que meus sentimentos tinham sido ampliados – e eu não tinha como julgar a sua validade quando estava tão irritada assim. A experiência e a terapia tinham me ensinado a não lidar com essas situações até que me acalmasse. E agora precisava de tempo para me acalmar.
– Acredite em mim quando lhe digo que quero.
– Christian, não diga isso quando você não sabe o que eu quero dizer. Não é bom, e, na verdade, você deveria me deixar sozinha. Ou irei culpá-lo por coisas. São coisas sobre as quais posso estar exagerando, e você irá ficar ofendido. E irei perder você...
Essa era a única coisa que eu sabia com certeza. Que tudo o que eu dissesse, o que quer que eu sentisse, isso iria afastá-lo. Minhas emoções intensas nunca tinham deixado de assustar os homens da minha vida. Até o meu próprio irmão tinha ficado cansado de lidar com elas.
– Você não vai me perder.
Christian deu um passo em minha direção. Não cauteloso, mas totalmente seguro. Como se para dizer que ele tinha o controle completo da situação. Como se dissesse: "Experimente tentar me afastar e você vai ver..."
VOCÊ ESTÁ LENDO
Fixado Forever {Completa}
Fanfiction"Eu posso facilmente dividir minha vida em duas partes: antes e depois dela."