Anastasia
Estava brincando com as contas no corpete do meu vestido Valentino cinza-arroxeado enquanto a limusine estacionava em frente ao Manhattan Center às 12:45 do dia seguinte. Eu estava nervosa, sim, mas também me sentia confinada no corpete que usava por baixo do meu vestido. Era uma surpresa para Christian, porque era o mesmo corpete pelo qual ele havia me repreendido ao usá-lo em público.
– Pare de ficar inquieta – disse ele. – Você está linda.
Respirei fundo quando Taylor abriu a porta da limusine. Christian estava mais próximo ao meio-fio, e quando começou a sair eu o detive.
– Espere.
Christian ergueu uma sobrancelha cautelosa.
– Outro pedido para uma tarde sem sexo?
Corei na hora.
– Não. Eu desisti disso. — Ele sorriu, nem um pouco preocupado em esconder o seu prazer com a minha declaração. – De qualquer forma... – Olhei para ele sob os meus cílios pesados de rímel. – Eu só queria dizer... que você está muito gostoso. – E estava mesmo. O desfile de caridade demandava um vestuário semiformal, e Christian melhorava seu visual usando um ajustado terno cinza John Varvatos com uma camisa social roxa, que combinava perfeitamente com a minha roupa. Ele tinha decidido ir sem gravata, deixando os botões de cima abertos, expondo a pele apenas o suficiente para me deixar louca. – Realmente gostoso.
Christian me olhou por um momento, depois sacudiu a cabeça antes de sair do carro. Ele estendeu a mão para me ajudar, com o rosto ainda atormentado com uma expressão curiosa.
– O que foi? – perguntei, imaginando se tinha dito algo de errado.
– Anastasia – suspirou Christian. – Há tantas coisas que eu quero fazer com você agora. Mas estamos a serviço, e, portanto, vou ter que me contentar com isto.
Ele me puxou para um beijo que, embora não fosse casto, senti que foi contido, sem a paixão que ele costumava demonstrar. Esse beijo foi para os espectadores, que era o punhado de fotógrafos que cercava as portas do Hammerstein Ballroom. Quando afastou-se de nosso abraço, Christian pegou minha mão, os dedos passando levemente sobre o elástico que eu usava no meu pulso.
– O que é isso? – perguntou, enquanto me levava para passar pelas portas duplas do local.
– É para me lembrar de comprar café – menti. Na verdade, eu usava isso para me lembrar de não pensar nesse homem. Eu tinha aprendido a técnica no aconselhamento. Sempre que um pensamento desagradável, ou não muito saudável, penetrasse minha cabeça, eu deveria puxar o elástico e a picada ajudaria a coibir esse comportamento.
Até parece... Como se o estalar de um elástico na minha pele pudesse impedir os pensamentos que Christian suscitava: pensamentos de nós dois juntos, nus, durante a noite toda. E esses nem eram os pensamentos que mais me preocupavam. Fantasias sobre nós dois juntos, além da nossa pequena farsa, além do quarto e da transa, estes sim eram os pensamentos que me preocupavam, e eu não os tive. Ainda. Mas, depois da minha pequena aventura na internet mais cedo, naquela manhã, senti a necessidade de uma rede de segurança. O elástico foi tudo que pude arranjar.
– Você realmente deve precisar comprar café.
– É que você ainda não me viu...
Minhas palavras sumiram quando reconheci mais do que algumas das celebridades conversando no lobby. Eu não sei por que aquilo me surpreendeu. O Desfile Anual de Moda dos Grey para Conscientização do Autismo era um grande evento e sempre atraiu os ricos e famosos. Realmente, eu não tinha pensado naquilo.
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Fixado Forever {Completa}
Fanfiction"Eu posso facilmente dividir minha vida em duas partes: antes e depois dela."