Capítulo 3

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Antes

Christian

Fui dirigindo até a festa dos Williams. Normalmente, se eu achasse que haveria uma chance de eu ficar bêbado, teria confiado no motorista. Mas eu precisava manter o controle total naquela noite – que requeria não beber e também descobrir uma rápida rota de fuga. Depois do jeito instável em que terminou tudo na noite passada, decidi que era hora de encerrar o experimento com Elena de uma vez por todas. Eu deixaria claro que não haveria nenhum "nós" se ela não terminasse com o namorado. Se ela não se oferecesse para terminar as coisas com o cara neste momento, então eu teria que mudar a minha conclusão. Talvez seu apego bobo pelo sujeito fosse mais forte do que eu pensava. Talvez eu estivesse errado. Mas eu duvidava disso.

Cheguei depois do sol se pôr, e a festa estava em pleno andamento. Eu queria Elena esperando por mim no momento em que eu aparecesse. Parte de mim estava surpresa de que ela não tinha tentado me ligar para se certificar de que eu de fato viria. Mas, levando em conta como ela havia deixado as coisas na noite anterior, apostei que ela estivesse me dando espaço. Também apostei que isso a estava matando.

Estacionei meu carro longe da casa para me certificar de que não seria bloqueado por outros carros quando precisasse ir embora. Enquanto subia a pé a longa entrada de carros da casa, notei que o carro de Elena não estava lá. Mas isso não queria dizer nada. Ela poderia ter vindo com o motorista. Ela provavelmente imaginava que eu lhe daria uma carona de volta. Isso não estava nos meus planos.

Parei por um momento na calçada da frente. O que exatamente estava nos meus planos? Se Elena decidisse que iria romper com o Dirk, eu teria que dizer a ela que era tudo um mal- entendido, é claro. Mas depois disso, quando ela estivesse chorando e louca da vida comigo – tudo bem, e daí? Eu estava consumido com a curiosidade de saber sua reação completa. No final do meu sonho, ela faria uma cena pública e eu seria um espectador na primeira fila. Esta era a parte mais fascinante de todo o estudo, afinal das contas. Emoções. Como as emoções enfraqueciam os fortes. Como elas iludiam os inteligentes. Como elas transformavam uma pessoa em alguém irreconhecível. Eu tinha uma vantagem com Elena que não tive com muitos de meus objetos de estudo anteriores – eu conhecia pessoas que faziam parte da vida dela e que estariam a par das consequências. Eu saberia por minha mãe a rapidez com que Elena se recuperasse, tendo ela decidido ou não voltar com o namorado. Eu provavelmente estaria na lista negra de Grace por causa do que eu fiz, mas isso seria uma melhoria, comparado a não estar em sua lista... Mas espere. Eu estava pondo o carro na frente dos bois. Elena ainda não tinha terminado com o namorado. Não havia necessidade de me preocupar com o depois, quando eu ainda estava no antes.

Dentro da casa, peguei uma cerveja e encontrei um grupo de conhecidos com quem ficar. Embora eu não planejasse beber muito, eu precisava de uma garrafa na mão como um adereço. Isso me fez parecer casual, descontraído. Quanto menos eu parecesse desesperado para Elena, melhor. Quando ela me encontrasse e percebesse que eu não tinha a menor urgência para encontrá-la, eu suspeitava que isso fosse provocar desespero nela própria. Ela me chamaria para conversar, eu daria de ombros e iria junto. Meu comportamento arredio a forçaria a jogar sua melhor mão. Isso tudo era só um palpite. Mas ele foi calculado e eu tinha uma boa dose de fé nele.

Quando quase uma hora se passou e eu não tinha visto nenhum sinal do Objeto, comecei a me perguntar se eu não havia superestimado minhas suposições. Será que ela havia decidido não vir? Procurar por ela era algo fora de questão. E perguntar por ela também iria denunciar um pouco o meu interesse. Mas, por outro lado, se eu fosse cuidadoso com a maneira de perguntar...

Olhei para Leila do outro lado da sala. Ela estava tentando chamar minha atenção pelos últimos quinze minutos, e eu fingi não perceber. Mas, caramba, eu notei. Ela estava usando uma saia curta que quase parava nos quadris e uma blusinha tão alta que quilômetros de pele separavam as duas peças. Ela escorria sexo. Seus lábios que pareciam dizer "foda-me" foram pintados com um gloss que fazia parecer que tinham acabado de ser lambidos. Ela era uma distração – uma distração que eu não precisava. Mas se alguém sabia do paradeiro de Elena, esse alguém era ela.

Fixado Forever {Completa}Onde histórias criam vida. Descubra agora