Capítulo 69

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Anastasia

Respirei fundo e olhei para a porta do apartamento 312. Ainda não tinha decidido se eu queria ou não ir mais longe. Na verdade, eu não conseguia me lembrar do momento em que decidi vir até aqui. Mas aqui estava eu, o coração batendo e as mãos suando, avaliando os prós e contras de levantar meu punho e bater na madeira da porta.

Deus, por que eu estava tão nervosa assim?

Talvez se respirasse fundo algumas vezes isso me acalmasse. Fiz isso várias vezes – inspirando e expirando, inspirando e expirando – e olhei em volta. O corredor longo e vazio. Quadros de arte abstrata em molduras douradas cobriam as paredes. Embora o edifício fosse bonito e ficasse num bairro bom da cidade, o carpete era velho e surrado. Pétalas de rosa estavam espalhadas pelo chão em frente a uma porta mais adiante. Devem ter sido deixadas ali por alguém em um gesto romântico. Que delicado.

No lado contrário de onde eu estava, o elevador se abriu. Olhei e vi um casal caminhando na direção oposta. O homem, vestido com um belo terno, mantinha sua mão nas costas da mulher. O cabelo loiro dela estava preso em um coque perfeito. Mesmo vistos por trás, eles eram bonitos de se olhar. Era óbvio que estavam apaixonados. Engraçado como eu estava vendo romance em todos os lugares. Talvez fosse o meu estado de espírito, não sei.

Voltei-me para a porta à minha frente. Era simples e comum, mas algo nela parecia ameaçador. Bem, seria bom acabar com isso de uma vez.

Eu puxei minha bolsa para mais acima no meu ombro e bati. Quase um minuto se passou e ninguém respondeu. Encostei o meu ouvido contra a porta e escutei. Estava quieto, em silêncio. Talvez eu tivesse o número errado do apartamento.

Chequei a palma da minha mão, onde tinha rabiscado o endereço em caneta vermelha, mas estava tudo borrado pelo meu suor. Não tinha importância. Na verdade eu sabia que estava no lugar certo.

– Experimente a campainha – disse um homem no fundo do corredor.

– A campainha? – perguntei, mas ele já tinha entrado em seu próprio apartamento. Eu não tinha notado uma campainha, mas mesmo assim procurei na parede e no batente da porta. Lá encontrei um botão circular, bem pequeno. Estranho, eu não tinha visto isso antes. De qualquer maneira, ergui um dedo trêmulo e apertei-a. Um latido alto rasgou o ar, e eu quase pulei para fora dos meus sapatos, meu coração batendo no peito. Eu normalmente não tinha medo de cães, mas estava tão ansiosa nesse momento que qualquer coisa parecia ser o suficiente para me assustar.

Ouvi movimento lá dentro do apartamento e uma voz falando com firmeza com o animal. Segundos depois, a porta se abriu. Stacy estava na porta de entrada, com o rosto mais hospitaleiro do que normalmente ela mostrava para mim. Seu sorriso excessivamente brilhante me enviou um frio que desceu pela espinha. Ela estava vestida casualmente com uma camiseta e jeans desbotado. Não era o traje com que eu estava acostumada a vê-la quando trabalhava na butique de Mia. Ela estava descalça e os dedos dos pés estavam pintados com um esmalte rosa pálido. Stacy parecia relaxada. Confortável. Eu me sentia exatamente o oposto. Seu sorriso se alargou.

– Então você veio, afinal!

– É... A-acho que sim...

Stacy não se moveu do lugar para me deixar entrar, então fiquei ali onde estava, meio sem jeito, jogando meu peso de um pé para o outro. Será que ela ouvia os meus joelhos batendo? Eu tinha certeza de que devia ter ouvido...

– Ah, desculpe! Entre. – Ela se afastou para o lado e me deixou passar. Eu dei um passo hesitante para dentro, olhando seu apartamento. Era bonito. Não tão bonito quanto o apartamento de Christian – o nosso apartamento –, mas muito mais agradável do que o estúdio em que eu costumava morar na avenida Lexington.

Fixado Forever {Completa}Onde histórias criam vida. Descubra agora