38 ❧ Câmara Secreta

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𝐂𝐡𝐚𝐫𝐥𝐨𝐭𝐭𝐞

Todos nós pulamos e entramos no cano. Era como deslizar num escorrega escuro, viscoso e sem fim. Haviam outros canos saindo para todas as direções, mas nenhum tão largo quanto aquele, que virava e obrava, sempre e ingrememente para baixo. Descíamos cada vez mais fundo sob a escola, para além das masmorras mais fundas. Então, quando comecei a me preocupar com o que aconteceria quando chegássemos ao chão, o cano nivelou e fomos atirados pela extremidade com um baque aquoso. Aterrissei no chão úmido de um túnel de pedras escuras, amplo o suficiente para que eu pudesse ficar de pé.

Lockhart estava se levantando um pouco adiante, coberto de limo e branco como um fantasma. Harry afastou-se para um lado enquanto Rony também saía chispando do cano. 

– Devemos estar quilômetros abaixo da escola... – disse Harry, sua voz ecoando no túnel escuro.

– Provavelmente debaixo do lago. – sugeriu Rony, apertando os olhos para enxergar as paredes escuras e limosas. 

Nós nos viramos para encarar a escuridão à frente. 

–  Lumus! - falei, erguendo a varinha acesa.

– Vamos! - Harry chamou Rony e Lockhart.

Assim, todos nós fomos adentrando o túnel. Era tão escuto que eu só conseguia ver uma pequena distância à frente. Nossas sombras nas paredes molhadas pareciam monstruosas à luz da varinha.

– Lembrem-se – disse Harry baixinho enquanto avançávamos com cautela –, a qualquer sinal de movimento, fechem os olhos imediatamente... 

Mas o túnel estava silencioso como um túmulo, e o primeiro som inesperado que ouvimos foi o ruído de alguma coisa sendo esmagada quando Rony pisou em alguma coisa que descobrimos ser um crânio de rato. Eu abaixei a varinha para olhar o chão e vi que estava cercada de ossos de pequenos animais. Tentando por tudo não surtar, eu continuei e viramos uma curva escura no túnel.

– Harry... tem alguma coisa ali... – disse Rony rouco, agarrando o ombro do amigo. 

Nós nos imobilizamos, observando. Conseguia ver o contorno de uma coisa enorme e curvilínea, deitada atravessada no túnel. A coisa não se mexia. 

–  Talvez esteja dormindo – sussurrei, olhando para os outros três atrás. 

Lockhart tampava os olhos com as mãos. Tornei a virar para olhar a coisa, com o coração batendo tão forte que chegava a doer. Muito devagarinho, com os olhos o mais apertados possível, mas ainda vendo, avancei aos poucos com a varinha erguida. 

A luz deslizou pela pele de uma cobra gigantesca, colorida e venenosa, que se encontrava enroscada e oca no chão do túnel. O bicho que se desfizera dela devia ter no mínimo uns seis metros de comprimento. 

– Droga – xingou Rony em voz baixa. 

Ouvi então um movimento súbito às costas. Os joelhos de Lockhart tinham cedido. 

– Levante-se! – disse Rony com rispidez, apontando a varinha para Lockhart. 

O professor se levantou. Em seguida atirou-se contra Rony, derrubando-o no chão. Harry deu um salto à frente, mas tarde demais. Lockhart já se erguia, ofegante, a varinha de Rony na mão e um sorriso radioso novamente no rosto. 

– A aventura termina aqui, meninos. Vou levar um pedaço dessa pele de volta à escola, dizer que cheguei tarde demais para salvar a garota e que vocês três enlouqueceram tragicamente ao verem o corpo dela mutilado, digam adeus às suas memórias! 

Ele ergueu a varinha de Rony, emendada com fita adesiva, acima da cabeça e gritou: 

– Obliviate! 

Prometidos - Draco Malfoy Fanfic [REWRITED]Onde histórias criam vida. Descubra agora