𝐂𝐡𝐚𝐫𝐥𝐨𝐭𝐭𝐞
Harry se senta perto da nossa barraca, e Rony entrou logo depois, ligando o rádio. Harry tirou do bolso o que parecia ser um caco de vidro, e começou a analisá-lo.
— O que você está fazendo?
— Hm... Não... Não é nada.
— Harry... - falei, colocando a mão em seu rosto. - Você esta bem?
— Estou. - ele fala, secamente. - E você?
— Não, não estou! Só que eu não posso ceder, preciso me manter firme! Para poder ajudar vocês!
Ele me olhou por alguns segundos, porém, de repente, Harry pareceu distante, como se estivesse entrando num transe. Seu corpo amoleceu e ele desmaiou sobre mim.
— Harry? HARRY? - comecei a me desesperar. - HARRY, ACORDA! ACORDA!
Ele simplesmente não reagia a meus estímulos. Estava muito pálido e seu olhar estava parado. Estava prestes a gritar Hermione e Rony, quando ele recobrou a consciência. Harry voltou aos poucos, e suas bochechas tornaram a ficar naturalmente coradas.
— Harry?! Por Merlin, o que houve?! Você está bem?
— Foi uma... Uma visão...
— Eu pensei que elas tinham acabado. - Hermione disse, se aproximando de repente, com algo na mão. - Não pode deixar isso acontecer, Harry.
— Você-sabe-quem encontrou Gregorovich... - Harry suspirou - Queria alguma coisa que estava com ele, mas não sei o que é. Ele quer muito, é como se a vida dele dependesse disso!
O ruído do rádio de Ronald soou um pouco mais alto, o que começou a irritar Harry, que socou o chão.
— Tente não se importar com isso! O rádio o conforta!
— E me deixa irritado! - ele falou comigo, de maneira grosseira. - O que ele espera ouvir? Boas notícias?
— Harry, acho que só espera não ouvir más notícias... - Hermione falou.
— E quando é que ele vai poder viajar? - o garoto se levantou, parecendo ainda mais irritado. - Não podemos ficar aqui por muito tempo!
— Escuta aqui, eu estou fazendo tudo o que eu posso, ok? - ela disse, se sentindo ofendida.
— ENTÃO NÃO ESTÁ FAZENDO O SUFICIENTE!
Harry era o meu melhor amigo desde o primeiro ano. Já fazia muito tempo que nos conhecíamos, e eu sabia bem que ele não fazia o tipo sereno e paciente. Mas nunca eu tinha o visto tão ríspido, grosseiro e violento como naquele momento. Principalmente com Hermione.
— Harry! - eu me levantei, ficando de frente para ele. - Qual é? Se acalma! Todo mundo aqui está sofrendo, ok?
— Todo mundo? - ele riu, de forma maligna. - O que você sabe sobre qualquer coisa. Charlotte?
— ... Do que você está falando?!
— É isso mesmo! Enquanto eu me esforço, coloco a minha vida em risco por você, o Malfoy é sempre o escolhido! Ele jamais te amou, nem um segundo na vida dele! Já eu... Eu sempre amei você! Sempre estive disposto a qualquer coisa para te ver feliz...
— HARRY! - Hermione o repreendeu.
— Eu estou aqui, Charlotte! Lutando para te proteger de tudo e todos! - ele continuou, com um olhar sombrio. - Enquanto ele está lá... Em sua linda mansãozinha, comendo sua comidinha servida em utensílios de prata, e deitando todas as noites em uma caminha quente com seu travesseiro de pena de ganso...
— Harry Potter! - Hermione o repreendeu novamente. - Pare com essa conversa! AGORA!
— P... Por que você está falando uma coisa como essas? - eu perguntei, sentindo meu rosto queimando.
— Porque mesmo assim... Mesmo depois de tudo... VOCÊ SÓ ESTÁ AQUI POR ELE!
Eu senti como se o chão sob meus pés estivesse desaparecendo. Meus olhos ardiam com as lágrimas que eu tentava desesperadamente conter, mas a dor era gigantesca. Não conseguia acreditar que Harry estava jogando tudo aquilo na minha cara, como se eu tivesse alguma culpa.
— V-Você está errado! - eu respondi, com os lábios tremendo. - Eu o odeio!
— Não... Não, você o AMA! - ele riu alto. - Achou mesmo que eu não ia perceber? Que estava tão decidida a lutar nessa guerra só para poder revê-lo? "Não podemos baixar nossa guarda"... "Temos que lutar contra isso"... TUDO MENTIRA!
Eu segurava minhas emoções como se estivesse tentando conter um furacão dentro de mim. Cada soluço era um trovão, ressoando a intensidade da minha aflição. Eu e Harry nos encarávamos furiosamente, enquanto o mundo ao meu redor parecia se acinzentar.
De repente, Hermione se colocou entre nós dois, e puxou o medalhão de Slytherin do pescoço de Harry. O garoto deu um suspiro longo, como se tivesse tirado um peso de seus ombros
— Melhor? - ela perguntou.
— Melhor... - Harry respondeu, com a voz fraca.
Eu permaneci parada, sem dizer uma palavra sequer. Percebendo então o que havia feito, Harry veio até mim e tentou me abraçar. Eu afastei sua mão com um tapa, o que o assustou.
— Por Deus, Charlotte... - ele disse, com a voz embargada. - Eu... Não quis falar nada aquilo!
Mas eu não estava interessada em conversas ou pedidos de desculpas. Dei as costas para Hermione e Harry, indo para o mais longe possível dos dois. Quando cheguei á beira de um lado, me sentei sobre as pedras e simplesmente desmoronei de tanto chorar. Meu corpo tremia de dor, tamanho fora o impacto de suas palavras.
Nem mesmo meu pai ou Draco tinham conseguido me deixar tão mal quando Harry naquele momento. Provavelmente porque era algo que eu não esperava dele, que era uma das pessoas mais importantes da minha vida e o meu melhor amigo. Eu me sentia vulnerável, como se a confiança construída ao longo de anos estivesse esvanecendo.
Tudo o que eu mais queria era desaparecer.
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O clima entre nós quatro nunca fora pior como nos dias que se seguiram. Harry estava irritado com Ronald, que também estava irritado com ele e Hermione, e eu não conseguia ficar um segundo perto de Harry. Acabamos ficando divididos em duplas. Eu e Rony andávamos juntos, lado a lado, enquanto que Hermione e Harry conversavam somente entre si.
Eu ficava horas sem abrir a boca. Não havia nada a ser dito, uma vez que aparentemente Harry tinha falado tudo.
Para mim, não fazia o menor sentido ele achar que eu estava indo atrás de Draco, uma vez que eu não me importava nem um pouco com ele. Desde o começo, eu sempre ajudava o trio em suas missões. Tudo porque eu gostava de ser amiga deles e porque queria o bem de Harry. Logo, escutar aqueles absurdos vindo dele, foi como uma adaga atravessando meu coração.
— Está tudo bem, Rony? - sussurrei para ele, enquanto andávamos.
— Tudo "ótimo"...
— Estou me referindo ao braço. Não ao fato de você estar com ciúmes de Hermione e Harry...
— Vai se foder, Charlotte!
A viagem parecia não ter fim, principalmente com um clima tão agradável. Ficamos caminhando e caminhando, dia e noite, debaixo de chuva e debaixo de sol. E eu começava a suspeitar de que não chegaríamos a lugar algum naquele ritmo.
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Prometidos - Draco Malfoy Fanfic [REWRITED]
FanfictionUma menina ambiciosa. Um menino arrogante. E para completar, um casamento arranjado sob Voto Perpétuo. ━━━━━━━━━ ◆ ━━━━━━━━━ Charlotte Snape, filha de Severus Snape, vivia sua vida normalmente até completar seus 11 anos, quando iria entrar para a es...