44 ❧ Questionamentos de Draco

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𝐃𝐫𝐚𝐜𝐨

Era estranho pensar que Charlotte ficaria todos aqueles dias na nossa casa. Havia uma sensação no meu peito, quase como uma claustrofobia. Não estava me sentindo nada confortável em minha própria casa, isso sabendo que os olhos de Charlotte estariam por toda parte. 

E mais desconfortável ainda era a forma que minha mãe a tratava. Sempre tentando a impressionar, cercando-a de todos os lados e perguntando as mais diversas coisas. Eu sabia exatamente o que ela estava fazendo; mamãe queria ter certeza absoluta de que tudo estaria sob controle. Como seu filho, eu conhecia bem aquele seu costume irritante.

Porém, a conversa entre elas não foi apenas estranha. Foi também terrivelmente desnecessária. Enquanto eu escutava, me segurava com força para não invadir a sala e impedir que elas continuassem a falar sobre mim. Minha mãe falava como se soubesse como eu me sentia... Obviamente ela não fazia ideia, afinal nem eu entendia todo aquele turbilhão de emoções.

Era muito irritante escutar as pessoas fingindo que me conheciam. Eu estava preso a Charlotte por causa de uma decisão idiota dos nossos pais, que sequer pensaram em como eu me sentia a respeito disso. Sem contar que eu era obrigado a proteger Charlotte a qualquer custo. Eu sequer tinha completado treze anos e todos já haviam decidido o meu futuro!

De repente, Charlotte atravessa a porta e dá de cara comigo. Seus olhos parecem que vão saltar para fora das órbitas, de tão chocada que estava.

— V... Você ouviu? - ela perguntou.

Eu estava muito furioso com tudo aquilo. E, para o azar de Charlotte, ela estava no lugar errado e no pior momento possível.

— O que? O seu desabafo patético? Sim, eu ouvi sim!

— Não acredito nisso! - ela me empurrou, irritada. - Você é um idiota! Não sabe que não se deve escutar a conversa dos outros?

— Pode até ser, mas adivinha só... Você está na minha casa! Eu faço o que eu quiser aqui, e você não tem direito algum de contestar.

— Como ousa debochar de mim desse jeito? Seu garotinho mimado dos infernos!

— Não seja dramática. Você acha mesmo que dou a mínima para o que você disse para a minha mãe? 

— Parece que você se importa até demais. Já que tirou tempo para bisbilhotar!

— Merlim... Você é muito chata!

Ardendo de ódio, Charlotte se afasta de mim e sobe as escadas correndo. Uma vez no andar de cima, ela entra no quarto de hóspedes e bate a porta. 

Sempre que eu estava irritado, costumava descontar tudo em Charlotte. Aquilo sempre me fazia me sentir muito melhor. Mas, por algum motivo, gritar com ela naquela situação não ajudou em nada. Muito pelo contrário, eu sentia que havia um desconforto impregnado no meu peito, crescendo cada vez mais. Era como se eu estivesse sendo consumido por uma espécie de perturbação.

— O que diabos está acontecendo comigo? - murmurei para mim mesmo.

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Passei o restante daquele dia enfurnado no meu quarto, olhando para o teto e tentando - sem sucesso - me distrair do meu desconforto. Toda aquela situação já vinha me perturbando desde quando meu pai me avisou sobre o voto que havia feito com Snape, e eu consegui ignorar todo o medo e a raiva por um tempo. Porém, parece que todos aqueles sentimentos reprimidos estavam me golpeando como um soco no estômago.

Eu me sentia perdido e impotente, como se eu estivesse vagando solitário em meio ao vazio. E eu sabia que alguém como Charlotte não poderia compreender o peso da responsabilidade que eu tinha. Tudo o que ela precisava fazer era correr para meus braços caso as coisas ficassem feias para o nosso lado, afinal Snape havia arquitetado tudo para que sua filha ficasse segura. Já eu... A minha vida e a vida dela estavam em minhas mãos. Nossa segurança dependia apenas de mim, a pessoa menos capacitada da face da Terra!

Prometidos - Draco Malfoy Fanfic [REWRITED]Onde histórias criam vida. Descubra agora