Uma Manhã Interrompida

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Eu já me sentia muito melhor depois de descansar nos braços de Sasuke-kun, contudo... confesso ter feito um pouquinho de drama só para convencê-lo de assistir um filme comigo e minha contínua narração "personalizada".
Era uma manhã de sexta-feira e eu estava deitada no sofá da sala com meu marido, relaxada como se já fosse final de semana. Inacreditável e irritante, pois eu deveria estar trabalhando, mas não vou mentir: também é maravilhoso. E, ah, estou longe de desistir de provocar o homem às minhas costas com as citações:

- "Você me salvou de todas as maneiras que alguém poderia ter sido salvo."

Em resposta, Sasuke-kun apertou mais o braço que estava em cima do meu corpo e beliscou minha cintura.

- Nossa, você realmente sabe todas as falas dos seus filmes favoritos.

- Uhum! Cada uma delas está guardada aqui...

Apontei com um dedo para minha cabeça.

- Se não fosse tão perturbador, eu diria que é impressionante, Sakura. Eu odeio os filmes que você gosta. São todos assim hoje em dia?

- Isso é romance de qualidade, é um clássico!

Repreendi com um tapinha em sua mão, já me virando para encará-lo nos olhos. Então descobri que não era nenhum tipo de brincadeira dessa vez, ele realmente não estava interessado no filme.

- Uh, mas essa história é ótima. Que olhar é esse?

- É o olhar de alguém que não acredita em nenhuma dessas coisas que estão sendo ditas... duas vezes, aliás, graças a você.

Respondi com um sorrisão cheio de agradecimento e sarcasmo. O fato de ele não gostar das minhas narração é o que mais me motiva a continuar com elas -gosto de provocá-lo. Para o meu agrado, meu marido não parecia estar de mau humor, apenas incrivelmente cético.

- Eu sempre acabo chorando, querido. Como pode nem sequer acreditar nos sentimentos dos personagens?

- Ninguém tiraria a própria vida para salvar a de uma pessoa que acabou de conhecer. Ninguém.

- É o amor...

- Esse tipo de "amor" não existe.

A frieza daquelas palavras me desceu como um antídoto amargo, fazendo meu estômago revirar. Pausei o filme e me concentrei na conversa.

- Você não acredita, Sasuke-kun?

Em vez de responder, o mesmo franziu as sobrancelhas escuras para mim, notou o impacto que teve sobre mim e maneirou no tom da voz ao dizer:

- É só um filme.

- Tá, mas... Salvar a vida de outros é o que fazemos, afinal de contas.

- O personagem não é um shinobi, pra começo de conversa. E mesmo um de nós pode preferir a própria vida àquilo que tem realmente de ser feito. Por isso a lealdade é tão rara. Por isso é uma mentira. O personagem estava apaixonado pela garota, mas ele não a amava.

Solucei com uma mão no peito, acertada pela ofensa jogada em um dos meus filmes favoritos. A fim de fazer sua fala parecer menos fria, Sasuke-kun me ofereceu um curto sorriso e começou a acariciar meus cabelos.

- É claro que ele amava ela, provou isso com a própria vida.

- Não acho que esse tenha sido o caso, Sakura.

- O que quer dizer?

Antes de responder, ele respirou fundo e se apoiou em um cotovelo para captar bem a minha reação ao continuar:

- Acho que foi suicídio.

- Meu Deus, como você consegue ser insensível.

Ele voltou a relaxar o corpo ao meu lado e deu de ombros para o meu terror, mas não parou o carinho na minha cabeça.

O Silêncio do UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora