Uma Nova Luz - Parte 1

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- Ok. Chega! Precisamos comer!

Ino deu o primeiro basta após dez horas de trabalho viradas.
Já era tradição entre mim e minha amiga comer ramen, ikayaki, taiyaki, ou qualquer outra comida de rua rápida que pudéssemos digerir para nos manter firmes entre as horas de atuação. Nossa mesa costumava ser pilhas de papéis ou macas, mas naquele dia ambas estávamos precisando de um pouco de ar fresco, então nos sentamos em um banco em meio ao espaço aberto, sem nos preocupar com o sol das quatro horas da tarde. O taiyaki estava uma delícia. Ino queria algo salgado, mas eu estava possessa por doce desde o café da manhã.

- Deveríamos pegar choco bananas antes de voltar, Ino-chan. Ou talvez mochi com sorvete. Ou só o sorvete. Não! Melhor sorvete e bolo e mochi para mais tarde!

Eu olhei para minha amiga com a maior animação, mas a reação dela não era compatível com o que eu estava esperando. Com os olhos arregalados, Ino tirou um taiyaki da minha mão lentamente.

- Tá bom, amiga... Acho melhor você pegar leve.

- Me devolve!

Eu peguei de volta e dei mais uma mordida. Trabalhar demais fazia meu estômago parecer um buraco negro durante os intervalos.

- Por um acaso está ansiosa com a partida de Sasuke-kun?

- Faz só uma semana, Ino. Eu sei que vai ficar tudo bem.

Ela me deu apoio com um sorriso e um aceno de cabeça.

- Eu sei que ele vai voltar para mim.

- Uhum. E vai descobrir que a esposa dele pesa duas vezes mais.

- Não seja assim, Ino! Eu tenho certeza que ele não se importaria se esse fosse o caso, mas não é! Logo passa essa minha vontade de doces. Você sabe que a gente fica assim na TPM.

- É? Estranho. Porque o nosso ciclo costuma acompanhar períodos semelhantes... E a minha menstruação foi há três semanas atrás, Sakura-chan.

- He?

- E quando foi a sua última menstruação?

- Hum... Foi na semana antes da...

Pausei por um segundo.

- Antes da lua de mel...

Eu parei. Pensei. Calculei. E o susto começou a dilacerar minha consciência.
Quando encontrei os olhos da minha amiga, ela estava pensando o mesmo que eu, com um sorrisinho nervoso de quem diz "tá... fica calma". E essa era a última coisa que eu conseguiria fazer.

- Ino... chan...

- Olha, três semanas de atraso é muita coisa, amiga. Mas pode ser só uma baguncinha hormonal por causa do estresse do trabalho, essas coisas acontecem.

- Ino-chan...

- A gente não sabe, tá bom? Fica calma.

- Ino-chan...

- Sakura, não é o fim do mundo! Liga para a sua ginecologista e marca uma consulta o quanto antes. Eu vou te acompanhar.

Eu estava travada. Um bilhão de coisas passou pela minha cabeça e não consegui focar em uma sequer. A esperança estava gritando e sorrindo para mim.
Como um robô, eu segui o conselho da minha amiga.

Nós duas sairíamos do hospital muito antes do esperado naquele fim de tarde, mas Ino-chan acabou ficando presa no meu lugar para uma reunião sobre o hospital psicológico. Então eu fui sozinha.
Não sabia se era mais desesperador ou se era um alívio, pois não teria ninguém lá quando eu descobrisse se as suspeitas que eu e minha amiga temos eram verídicas ou não.
A minha ginecologista era uma mulher com o dobro da minha idade, muito moderna e elegante, ela nunca foi mãe e nem esposa e parecia a mulher mais feliz do mundo com sua própria companhia. Ela sempre disse que uma noite era o mais próximo que chegaria de se relacionar com um cara... Ela era demais! Eu era sua paciente desde a adolescência e adorava o quão amável e direta ela era comigo, sempre foi. Basicamente, foi ela que me guiou durante todas as minhas fases únicas.
Sendo assim, eu sabia que ela era a pessoa certa para esclarecer tudo para mim; meio que me deixou mais aliviada poder contar com isso...
Passava das seis horas da tarde quando eu entrei naquele consultório tão familiar. O cheiro era agradável e limpo como sempre. Eu sabia que Hana sensei já devia estar em casa, mas tinha aberto uma exceção para mim.

O Silêncio do UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora