Último Dia - Parte 2

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Grito, me sentando na cama ao despertar desse pesadelo horrível.
Respiro descontroladamente enquanto tateio ao meu redor, a procura daquele que me assustou em meus sonhos.
Meus dedos enfim tocam sua pele quente.

- Sasuke-kun... está comigo.

Meu coração começa a se acalmar gradativamente, deslizo a ponta dos dedos e facilmente percebo que estou tocando o abdômen dele, o mesmo solta um suspiro sob meu contato.
Me arrasto no escuro para chegar mais perto, então me deito ao seu lado novamente.

- Você está bem?

Sua voz sonolenta me pega desprevenida, o braço envolve meus ombros.

- Uhum... Foi só um sonho.

Digo baixinho para não acabar com seu sono. Sinto um beijo na cabeça e logo a respiração dele volta a se acalmar gradativamente, eu começo a me sentir mais confortável.
Relaxo com esse som conveniente e consigo voltar a dormir antes do esperado.




Abro meus olhos lentamente e pestanejo, me acostumando à claridade que entrou no quarto. Consegui dormir muito bem pelo resto da madrugada. Mas o que não melhora muito as coisas é que estou sozinha na cama.

- Sasuke-kun?

Sento-me e olho ao redor; nada.
Me levanto da cama e me inclino na mesma hora, sentindo algo como um beliscão forte dentro de mim.
Ah, mas é claro!
Solto um suspiro e volto a esticar meu corpo lentamente.

- Eu deveria esperar por isso...

Não é só o colo do meu útero que pede descanso, até minhas pernas ainda se sentem cansadas, por mais que eu tenha dormido o suficiente para recuperar minhas energias.
Me arrasto até a cozinha, paralisando logo na entrada.
Sasuke-kun não reparou na minha chegada de imediato, parece distraído demais. Está inclinado de costas para um armário, com um copo na mão e o olhar vidrado em algo à sua frente, não parece nada contente com o que vê. Curiosa, sigo seu olhar e entendo que ele está olhando para si mesmo, no reflexo do vidro da janela.

- Sakura.

Sua voz me pega de surpresa, mas não me assusto dessa vez. Ele viu que não está mais sozinho, e eu encontro seu olhar cheio de gentileza escondida sob as íris negras.

- Sasuke-kun... Bom dia.

Abro um pequeno sorriso e ele estende a mão livre na minha direção, enquanto segura o copo na outra.
Hmm... Suas mãos...

- Vem cá.

Seu convite aquece meu coração.
Pensei que ele estaria deprimido pela forma com a qual o encontrei ainda agora, mas, na verdade, parece estar de bom humor.
Me aproximo tentando andar o mais normalmente possível, mesmo com meu passar lerdo.
Eu admiro a visão.
Infelizmente ele não está mais nu, mas também não veste nada além de sua calça.
Ainda bem que fiquei com a camisa do Sasuke-kun!
Assim que estou ao seu alcance, a mão dele desliza pela lateral do meu pescoço e segura minha nuca, me convidando a chegar mais perto.
Quando paro na frente do seu torso exposto, levanto a cabeça para receber seus lábios nos meus. Mas os planos de Sasuke-kun são outros e ele beija minha testa.
Eu gosto assim também.
Sorrio, claramente surpresa por vê-lo retribuir.

- Você dormiu bem?

- Sim, a noite toda.

Gostei dessa resposta, ainda mais porque sei que é verdade.

- E você está bem?

Ele não me responde tão rápido dessa vez, mas quando diz...

- Sim.

Parece ser sincero, com a voz tão leve quanto a mão que acaricia meus cabelos.

- Espero que não tenha que trabalhar hoje, Sakura.

- Não, não tenho. Por quê?

Ele vai me chamar para sair!
Minha deusa kunoichi interior acorda, interessada nessa possibilidade.

- Porque alguém iria acabar perguntando sobre as condições do seu físico.

Ah, ele percebeu!
Sinto minhas bochechas esquentando sob seu olhar revelador, o que parece intensificar a dorzinha irritante dentro de mim.

- Por que não me diz?

- O que, Sasuke-kun?

- Por que não me diz quando algo te incomoda?

Ele estreita as pálpebras, sem me dar tempo para analisar o ponto em que tocou.

- Sakura, você está sempre procurando minha sinceridade e esquece de me mostrar a sua.

Sinto sua mão fechando em meus cabelos.

- Quero saber de você. Quero que acorde e me diga como está antes de perguntar por mim, quero que diga quando eu passar dos limites e quero entender como suas emoções funcionam.

Sua sinceridade espontânea me pega de surpresa e eu mordo meu lábio inferior, esbanjando emoção dentro de mim.

- Você precisa me deixar entender seus sentimentos também, Sakura. Eu não sou tão empático, mas... posso tentar entender você.

Minha deusa kunoichi interior está caída no chão, apaixonada demais para conseguir se levantar.
Sasuke-kun realmente está interessado!
Eu abro um grande sorriso, passando meus braços pela cintura dele e abraçando o mesmo. Simplesmente porque é isso o que eu quero nesse momento.

- Tudo bem, parece bem justo.

Concordo e paro pra pensar em como me sinto nesse momento.

- Bem... Agora eu me sinto muito apaixonada, pra falar a verdade.

Ouço uma curta risada misturada a voz dele, o que me faz sentir ainda melhor.

- Isso eu posso entender.

Me afasto um pouco diante de sua resposta, levanto minha cabeça e o encaro.

- Mas fisicamente... Hmm, acho que nos esquecemos de novo de pegar leve.

- Isso é normal?

Solto uma curta risada pela pergunta dele.
Sasuke-kun já teve outras transas antes de mim, e ainda assim não sabe sobre alguns aspectos... Com certeza ele não conversou com nenhuma das mulheres passadas.

- Eu acho que não. Mas não precisa se desculpar, você estava bem ansioso ontem... E eu entendo, eu também estava.

E para provar, deslizo as pontas dos dedos nas costas dele, podendo sentir as finas elevações que deixei ao arranhar sua pele.

- Sakura, se quiser...

- Não.

Ele não vai nem pensar em mudar nosso jeito.

- Eu gosto assim. Combina bem com a gente.

Confesso, então pego o copo d'água que está em sua mão e me afasto dele.

- Se você fizesse o café da manhã para mim, aí seria perfeito.

Provoco enquanto olho para a mesa vazia.

- Eu não quis mexer nas suas coisas.

- Então agora está me devendo um banho juntos.

Olho para Sasuke-kun e o vejo levantar as sobrancelhas, parecendo um pouco confuso.
Me seguro para não rir.

- O que é que isso tem a ver?

- Tem tudo a ver.

- Como?

Ele pergunta passando uma mão pelo cabelo, e eu preciso me esforçar para não ficar distraída.
Bebo um pouco da água dele -agora minha- para molhar a garganta.

- Você vai ter que descobrir.

Respondo exatamente no mesmo tom provocador que ele usou comigo, quando me agradeceu sem dizer o motivo.
Sasuke-kun quase sorri ao lembrar também, balança a cabeça negativamente e se desencosta do balcão.

- Sakura, o que eu devo fazer com você?

Enfim começo a rir. Eu realmente adoro brincar com ele, ainda mais usando suas próprias palavras ao meu favor.

- Não sei, mas seria uma boa ideia me levar para o banho agora.

Encolho meus ombros.
E quase derrubo o copo no chão quando percebo que ele está mesmo me pegando no colo, como um bebê.

- Sa-Sasuke-kun...

- Não gosto de ficar devendo nada a ninguém. Vamos logo para o banho.

Eu sufoco uma risada e apenas assinto em concordância.
Agora que estou no colo do homem que eu amo, com a cabeça encostada no tórax dele e sentindo seu cheiro único, sei que vai doer quando ele partir.

O Silêncio do UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora