Capítulo Final

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Eu acordei com um susto, graças a um pesadelo que me lembrou de que tinha esquecido de tomar os remédios antes de dormir. Ao meu lado, Sakura dormia profundamente, um sinal positivo de que, por pura sorte, nada havia acontecido. Mas não dava sempre para contar com a sorte, pular a medicação era perigoso demais para ela e até para mim mesmo.

Dessa vez eu me contentaria com o fato de tanto ela quanto eu estarmos bem. Além disso... Eu consegui. Sakura conseguiu. A madrugada foi melhor do que eu esperava.

Eu suspirei com força, lembrando de coisas que até ontem eram só uma fantasia particular.

- Caralho...

Me sentei com um sorriso, olhando para a minha mão toda calejada. Eu nem ligava, poderia puxar aquelas correntes com a minha esposa para sempre. É verdade que ela dificultou um pouco as coisas no começo, já que não me deixou prender seus pulsos e seu corpo tentava resistir ao meu, mas não demorou para ela relaxar e apenas aproveitar. Foi tudo como o planejado. Mandamos bem demais.

Eu fiquei de pé para pegar um copo d'água e não perder os remédios da manhã também, mas ao invés de ir para frente, meus pés foram pra trás e eu cambaleei até cair sentado de volta na cama. Era meu chakra; reconheci imediatamente.

Foi boa ideia moldá-lo para fazer uma prótese momentaneamente -eu tinha pensado sobre isso algumas vezes antes-, mas era instável e prejudicava o meu fluxo de chakra forçá-lo daquela forma por tanto tempo. Eu não planejava mais fazer aquilo.

Levantei mais devagar dessa vez e desci até a cozinha, engoli os remédio sem tirar os olhos da porta da frente. Uma parte nostálgica de mim estava esperando o Naruto arrebentar aquela porta com um Rasengan, como da primeira vez que estivemos aqui, mas nada aconteceu dessa vez. Era melhor assim.

Fui até o telefone e fiz uma ligação para Iruka, que me deu bom dia e confirmou estar tudo bem com Sarada. Ele disse que levaria ela para conhecer a academia ninja hoje, e eu quis, do fundo do meu coração, presentear Iruka de alguma maneira. Precisava falar sobre isso com Sakura mais tarde, já que eu tinha certeza de que ela não acordaria tão cedo.

Saí do banho e fui direto para o único quarto onde já tinha trazido algumas coisas minhas, observei a planta da casa e pensei na nova mobília. Embora já fosse tudo a nossa cara, eu queria que os móveis usados fossem trocados por novos; sim, só por um capricho meu.

Tirei da mochila a papelada que Kakashi me deu dias antes, era sobre os Otsutsuki. Eu ainda estava lendo e anotando, e embora Kakashi não tivesse apresentado nenhum motivo aparente para me pedir para adquirir o pouco conhecimento que tínhamos desse clã de deuses, eu estava me empenhando.

Peguei a papelada e uma caneta, levei tudo comigo para a cama e me aprofundei no conteúdo pelas próximas duas horas, fazendo companhia para a minha esposa adormecida.

No começo era só um pressentimento, mas agora eu tinha certeza de que aquela seria a minha próxima missão, fosse agora ou daqui uns anos, em algum momento sobraria para mim. Kakashi estava me dando todos os sinais, pouco a pouco. Eu não sabia se era melhor avisar Sakura agora ou esperar o momento da minha partida chegar. Porque ia chegar. Konoha estava preocupada com os Otsutsuki, e só o meu Rinnegan era capaz de procurar por eles.

Eu estava sublinhando quase um parágrafo inteiro quando minha esposa se mexeu ao meu lado. Meu foco mudou imediatamente e foi direto para o centro do meu mundo: ela

- Bom dia, meu anjo.

Ela gemeu com um sorrisinho para me cumprimentar de volta, toda preguiçosa, rolando e se espreguiçando. Aquela cama não era tão grande quanto a que tínhamos na nossa outra casa, então eu tive que puxá-la antes que caísse para fora. Eu quase ri.

O Silêncio do UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora