O Silêncio do Uchiha

Mudanças no corpo

Na manhã seguinte, Sasuke-kun e eu saímos bem cedo para completar a missão que nos tinha sido dada 24 horas atrás.
Eu me comportei bem porque ele também o vinha fazendo desde que nosso acordo foi fechado, sendo assim, deixei que ele assumisse sozinho quando chegamos na taverna que foi mencionada na carta de Shizune-san. Sinceramente, eu não queria entrar lá, parecia escura e fedida. Mas meu marido foi sem hesitar.
Bem, eu não me envolveria, mas nada me impedia de assistir. Meu marido em ação era o melhor dos entretenimentos. Ele tinha estilo.

- Vamos ver como o seu papai entra na cabeça das pessoas, bebê.

Eu me aproximei daquela taverna desagradabilíssima e espiei pela única janela que tinha.
Sasuke-kun avistou o alvo como uma pantera faria ao sentir cheiro de sangue. Como se nossas respirações estivessem conectadas, os ombros dele se mexeram, revelando que tinha suspirado lá dentro, assim como eu estava fazendo aqui fora.
Ele foi em frente. Sentou-se ao lado da mulher descrita por Shizune-san em palavras e, diferente do que eu pensei que faria, ele parecia estar apenas conversando com ela.
Eu sabia que Sasuke-kun jamais apelaria para a antiga abordagem -aquela que quase pode ser chamada de prostituição-, agora que está comigo, mas ainda assim ele parecia preferir apostar em sua capacidade de superstição natural. Convenhamos, é realmente difícil não dar todas as respostas quando ele aparece com seu rostinho lindo e sua atitude confiante, dominando o espaço antes de dominar sua cabeça. Mas eu sabia que estava hesitando em usar seu poder de verdade...
A mulher tinha um olhar esperto e parecia perigosa, assim como também parecia estar profundamente envolvida com sua mais nova companhia.
Chega a me dar nos nervos.
Eu cruzei os braços na frente do corpo, deixando a parte mais maldosa de mim desejar que ele entrasse logo na cabeça dela, independente do quanto iria prejudicá-la.
Sasuke-kun tentou de um jeito pacífico. Em certo momento, porém, a mulher descobriu onde ele queria chegar e, com um movimento abrupto, ela se levantou da cadeira com uma expressão de pura irritação.
Ah, já era de se esperar... Ele acaba sempre sendo direto demais.
Só que não foi um problema, e Sasuke-kun agiu antes que a mulher se desse conta do que estava acontecendo. As poucas pessoas em volta estavam distraídas demais com suas bebidas e jogatinas para notarem uma invasão mental completa. Contudo, eu estava prestando bastante atenção e podia sentir meus pelos se arrepiando.
Era intenso. Eu podia senti-lo.
Como estava de costas para mim, não vi o rosto do meu marido e nem como seu olho devia estar brilhando no momento. Mas tudo era recompensado pela forma como, de repente, toda a autonomia daquela mulher sumiu. O que antes eu tinha achado olhos espertos e postura perigosa, agora não era absolutamente nada. Ele a dominou por completo sem nem piscar. Roubou as informações de que precisava e saiu dali como se nada importasse.
Foi assustador. Sasuke-kun era discreto e certeiro.
Eu entendo porque diziam que era mais inteligente fugir a enfrentar um Uchiha.
Você pode perder sem nem se dar conta.
Observei um pouco mais para ver se a mulher voltaria ao normal, mas o processo foi muito lento.

- Não assista.

Eu pulei contra a janela da taverna, pega de surpresa pela voz profunda do meu marido logo atrás de mim. Me virei para ele, sem conseguir disfarçar a curiosidade que me obrigada a olhar profundamente em seu olho direito.
Um pouco mais frio que o normal, mas ele não se mostrava completamente trancado para mim. Não mais.

- O que vai acontecer com ela?

- Não importa. Vamos, Sakura. Já tenho o que Konoha precisa.

Ela esperou eu ir na frente, e como fiquei parada, suas sobrancelhas escuras se franziram para mim.

- Eu quero saber o que vai acontecer com ela. Parece um zumbi...

- Não vai acontecer nada demais. Ela está... vendo outra coisa agora. Talvez alguns dias de dor de cabeça e indisposição, nada mais que isso. Minha Kekkei Genkai é agressiva, mas eu sei como usá-la.